Fomos almoçar, restaurante da terra, dono conhecido. Macaquito chorão e birrento ao ponto de ter de sair com ele, demos uma volta na rua, sentámo-nos os dois na soleira de uma porta à sombra e conversámos. Umas quantas queixas e indisposições, uns beijinhos e uns abraços e voltei com um macaquito mais calmo e alegre. Pedimos, comemos e esperámos muito tempo que macaquita acabasse. Enquanto eu, pai macaco e a avó conversávamos, macaquito levantou-se da mesa, quando me apercebi já estava em amena cavaqueira com o rapaz que nos servia. Chamei-o para junto de nós pedindo desculpa, o rapaz refutou com veemência que ele não estava a chatear nada.
-Vês mãe, eu não estou a chatear, tenho de trabalhar.
-Vá, já chega, senta-te ali connosco.
Sentou-se mais uns minutos, assim que nos apanhava distraídos lá estava ele, de mesa em mesa com rapaz, perguntando educadamente a cada pessoa que se sentava o que desejava comer. Lá o convencia a sentar-se mais um pouco e o rapaz a dizer que não, que não havia problema, que ele é muito simpático e eu naquela incerteza, se sou eu que estou a ser aborrecida ou macaquito, que no fundo só quer ajudar e gosta mesmo de conversar com todas as pessoas.
Mais uma volta, mais uma distracção, olho para trás e estando o empregado a dialogar em inglês com um casal de turistas que se sentou numa mesa atrás de nós, vejo macaquito a tentar entabular conversa em inglês, repetindo tudo o que o empregado diz ao mesmo tempo que abana a cabeça em sinal afirmativo.
-Yes... very good... yes... like... yes...
E os turistas a olhar para ele com uma cara estranha e provavelmente a pensar que em Portugal se usam crianças para convencer os turistas a comer um qualquer prato típico.