Fomos ali a um festival, foi um pouco a medo que decidi que desta vez iriam comigo, pesei todas as possibilidades e algumas eram bem pesadas, não obstante decidi que é importante vivenciarem coisas novas, saí da minha zona de conforto, que é a casa dos avós, meti-os dentro do carro e bora lá que se faz tarde.
Depressa se ambientaram, pela primeira vez na minha vida senti que não tinha de explicar a ninguém as parvoíces e os comportamentos bizarros de macaquito que na sua ânsia de ver tudo não parou um minuto, meteu conversa com toda a gente, pediu emprestado e usou todos os borrifadores de água até à última gota, devolvia-os aos respectivos donos sem nunca se enganar, aceitou todas as ofertas de chapéus e não ficou com nenhum pois fez questão de os oferecer a qualquer pessoa que lhe desse um sorriso em troca. Aguentou concertos até horas demasiado tardias para quem está habituado a dormir cedo, em troca de uns colos e da promessa de que no dia seguinte poderia voltar.
Correram descalços e sem camisola, cantaram, dançaram, fizeram e disseram alguns disparates mas nunca perderam o norte. Calor de dia, frio à noite, refeições sem horas ou regras, pés e mãos pretas mas tanta alegria, tanta gentileza e solidariedade entre as pessoas e acima de tudo, nem um revirar de olhos.
Ficou-me a frase de uma miúda que, depois de macaquito deixar um monte de gente a rir com um disparate e a mim ligeiramente embaraçada, se chegou a mim e me disse com um sorriso de orelha a orelha:
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Ele é perfeito!
Fomos ali a um festival e foi perfeito.