terça-feira, 24 de agosto de 2021

Em qualquer dos casos, ambas as formas estão corretas

No carro a caminho de Lisboa, viagem longa, cheia de jogos palermas, canções e perguntas:
-Mãe, já passámos a fábrica da "cervêja"?
-"Cervêja"? Agora parecias o pai.
-Pois, eu sei, é esquisito. Mas de vez em quando sai-me assim, até eu acho estranho.
- respondeu-me e riu-se.
Na tentativa de lhe dar a entender a sonoridade, pergunto:
-Dizes ovelha ou ovêlha, vermelho ou vermêlho?
-E tu, dizes boi ou vaca?

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Nem oito, nem oitenta.


Sempre enviei os lanches de casa, estes são habitualmente compostos por pão com alguma coisa, pode passar por queijo, fiambre, chourição, mortadela ou mesmo alho de urso, nenhum dos produtos necessariamente meio gordo ou magro. Muitas vezes fruta e para beber, sumos néctar e até Bongo (sim, com bué de açúcar) para macaquito, que não pode consumir caseína. Leite para ela, branco a maioria das vezes pois não é grande adepta de achocolatados a não ser um de marca branca que quase não tem chocolate, caso gostasse, poderia levar leite com chocolate que eu não me ralava nadinha. Quando me desleixo e falha alguma coisa no armário, levam bolachas ou uns trocos para se desenrascarem, o que no passado ano letivo foi difícil pois o bar esteve encerrado e eles, podem sair da escola para ir para casa mas não para ir a cafés, ao contrário de muitos colegas que aproveitam a hora de almoço para gastar mesadas inteiras em gomas, chocolates e pacotes de batatas fritas... lá fora, no café!! No caso de macaquito, mesmo que queira, não há nada que possa comprar, valha alguém que lhe desenrasque uma peça de fruta quando aqui a maman macaca se esquece de mandar paparoca.
Porque raio não pode ser servida uma sobremesa tipo arroz doce ou pudim uma ou duas vezes por semana? Ou haver croissants no bar? Há pais que entopem as lancheiras dos filhos de "bolicaos" e ainda lhes dão dinheiro para ir comprar trampa fora da escola.
Eu não sei como é na vossa casa mas na minha não há armários trancados e habitualmente há chocolates, bolachas e gelados. Ninguém faz disso refeição, aliás macaquito nunca comeu uma goma, chocolate, rebuçado ou a maioria dos doces que os miúdos adoram, apenas porque nunca quis.
Regra de sempre, quem não comeu o que tem no prato ao almoço ou jantar, não toca em mais nada. Assim, desde pequeninos, resultado prático: Não há gulosos!

Excepto, talvez........eu!  (mas posso e devo, só peso 50kg)

Se calhar, em vez de proibir tudo e mais umas botas, promoviam o desporto na escola, passar duas horas de educação física a jogar à carica não me parece suficiente para queimar as calorias duma sandes de queijo mesmo que seja magro. Ou então proíbam tudo, já que agora até se permitem e até se preferem os jogos no telemóvel durante os intervalos, não vão os putos apanhar covid em vez dos colegas no jogo da apanhada.
Tendo em conta a dificuldade que existe em algumas escolas para conseguir refeições adaptadas a crianças com intolerâncias alimentares, parece-me um pouco falaciosa a súbita preocupação com os alimentos colocados à disposição nos bares e cantinas. Alguns nunca deveriam ter lá estado, outros não me parecem assim tão mal. 

A partir de agora está aberto o tráfico de pão com chouriço atrás do ginásio, vão chover dealers de cigarros avulso e batata frita de pacote. E de seguida vamos julgar o empreendedorismo das nossas crianças...


sábado, 7 de agosto de 2021

Momento lamechas

 

É talvez estranho atribuir às escolhas que fiz na minha vida, tudo o que de menos bom nos aconteceu. Podia culpar o azar ou a sorte mas prefiro assumir a minha insensatez, faço os meus lutos sozinha e renovo-me de alegrias na minha solidão.  É nos poucos momentos em que a culpa me dilacera, que me basta olhar para uma fotografia para saber que nas pessoas que escolhi para me substituírem no caso de alguma falência de um órgão vital, fiz tudo acertado e nunca será a distância  que impedirá essas pessoas de coração enorme de fazerem dos meus filhos felizes e de lhes proporcionarem aquilo que nem sempre sou capaz. E apaziguo a tormenta porque sei que   nessas pessoas moram casas cheias de amor.