Ao fim de um mês e tal resolvi parar, atingi o meu limite e só me dei conta quando gritava com os miúdos como se fosse louca. A primeira semana foi insana, como já referi num post anterior, depois de criarmos uma rotina, consegui com algum sacrifício de parte a parte, ir fazendo o que era suposto.
Depois das férias da Páscoa o que mais temia aconteceu, a escola mudou tudo outra vez, tudo o que consegui alcançar nas semanas anteriores foi para o lixo. A gestão do espaço para conseguir trabalhar com ambos, foi para o lixo. A programação de rotinas e horários, foi para o lixo. O tempo criado para brincadeiras, arte, música fora do contexto escolar, foi para o lixo.
Decidi, depois de chorar copiosamente, que não desistia sem experimentar e na segunda feira, começámos às 9h e terminámos às 19h10, 10 horas e 10 minutos de fichas, exercícios de educação física, matemática, português, história, tele-escola, etc. Fizemos pausas para comer obviamente, mas não fiz uma única tarefa doméstica. Não pegámos nos instrumentos musicais que era coisa que fazíamos diariamente durante o tempo de aulas.
Desisti, melhor dizendo, resisti! Falei com os professores de ambos, comprometi-me a continuar a estudar com ambos, a realizar as atividades que são pedidas, a rever conteúdos e ensinar novos conteúdos mas ao nosso ritmo, sem tele-escola, sem obrigação de devolver todas fichas, sem vídeos para tudo e mais umas botas, acima de tudo sem pressão.
Como mãe tenho um papel importante na vida dos meus filhos, que neste momento passa por substituir os professores, no entanto, nunca concordei com a escola actual, métodos obsoletos, pouco inclusiva e demasiado competitiva. Não vejo assim razão para transformar a minha casa naquilo com que nunca concordei, portanto, da mesma forma que não vou meter o bedelho na sala de aula e resigno-me ao ensino que cada um dos meus filhos recebe quando está na escola, também não vou permitir que a escola venha a minha casa dizer-me o que é melhor para a educação dos meus filhos.
A empatia e compreensão que recebi por parte dos professores, só me leva a crer que estou na direção certa, que tomei a decisão certa. Ouvir destes que estão a tentar chegar às estruturas coordenativas para alertar do risco de exaustão de famílias e professores e que se assim continuar corre-se o risco de tornar inúteis todos os esforços feitos até agora, tirou-me o peso na consciência de poder estar a desistir antes do tempo.
Não vamos parar de aprender, vamos aprender mais devagar, vamos brincar mais, vamos fazer arte e música, vamos continuar macacos que os humanos estão todos doidos!