Não me preparei para ter um filho deficiente, acho que nenhum pai ou mãe está a contar com isso e eu também não estava. Foi, no entanto, um processo muito rápido, talvez porque nunca houve aquele estigma da aceitação, foi mais um “o que é que há para fazer?”.
Também não me preparei para aturar pequenos rufias, cobardes, reincidentes que, acobertados pelos pais, pensam que podem tudo, portanto, joguei a última carta. Não havendo nestes casos, qualquer tipo de compreensão possível, foi de novo um “o que é que há para fazer?”
Aceito que as outras pessoas, sejam elas outros pais, professores ou crianças nem sempre estejam preparadas para lidar com crianças diversas mas não aceito ou permito que a diferença seja mote para a agressão. Não aceito que se escudem na ignorância ou no "efeito rebanho". Educo os meus filhos no pressuposto da diferença, de que ninguém tem de ser igual a ninguém mas que temos de respeitar cada um na sua individualidade e nunca lhes permitiria que imiscuíssem das suas responsabilidades, não lhes toldo a visão, não lhes condiciono o pensamento, nunca lhes escondi tristezas ou dificuldades mas deixo-os tomar a suas próprias decisões cientes de que delas sairão consequências que poderão ser boas ou más.
Vou levar esta luta até ao fim, não pretendo ganhar nada que não seja paz, tranquilidade, inclusão e respeito, acima de tudo, que o meu filho possa ser feliz e aceite na sua plenitude e que não torne a ser cuspido, humilhado, agredido, sufocado por pequenos delinquentes que neste momento devem ter o buraquinho do cu mesmo muito apertado.