sexta-feira, 25 de março de 2022

Estou pronta para fazer um dicionário de macaquitês!

No carro, a caminho da escola macaquita conversava com o amigo e colega de turma sobre o dia em que estiveram a jogar com uma equipa de futsal aqui da terra.
-Sabes, eles vão jogar ao Afeganistão. - diz ele.
-Não é Afeganistão, é aquele país do feijão! - remata macaquita.
-Azerbeijão?! - digo eu convicta de que só poderia ser este.
-É esse! - confirma. Olho de soslaio para o pai, ar incrédulo, enquanto sussurra "País do feijão..."


quarta-feira, 23 de março de 2022

Não me preparei para ter um filho deficiente, acho que nenhum pai ou mãe está a contar com isso e eu também não estava. Foi, no entanto, um processo muito rápido, talvez porque nunca houve aquele estigma da aceitação, foi mais um “o que é que há para fazer?”.
Também não me preparei para aturar pequenos rufias, cobardes, reincidentes que, acobertados pelos pais, pensam que podem tudo, portanto, joguei a última carta. Não havendo nestes casos, qualquer tipo de compreensão possível, foi de novo um “o que é que há para fazer?”
Aceito que as outras pessoas, sejam elas outros pais, professores ou crianças nem sempre estejam preparadas para lidar com crianças diversas mas não aceito ou permito que a diferença seja mote para a agressão. Não aceito que se escudem na ignorância ou no "efeito rebanho". Educo os meus filhos no pressuposto da diferença, de que ninguém tem de ser igual a ninguém mas que temos de respeitar cada um na sua individualidade e nunca lhes permitiria que imiscuíssem das suas responsabilidades, não lhes toldo a visão, não lhes condiciono o pensamento, nunca lhes escondi tristezas ou dificuldades mas deixo-os tomar a suas próprias decisões cientes de que delas sairão consequências que poderão ser boas ou más.
Vou levar esta luta até ao fim, não pretendo ganhar nada que não seja paz, tranquilidade, inclusão e respeito, acima de tudo, que o meu filho possa ser feliz e aceite na sua plenitude e que não torne a ser cuspido, humilhado, agredido, sufocado por pequenos delinquentes que neste momento devem ter o buraquinho do cu mesmo muito apertado.

quinta-feira, 17 de março de 2022

Esperta

-Sabes o que estive a fazer ontem à tarde? -pergunta-me macaquita. 

-Não, diz lá. 

-Estive a recolher toda a poeira que consegui da varanda e pus num fraquinho. Agora tenho uma lembrança de África e nunca estive lá


quarta-feira, 16 de março de 2022

Rinoplastia

Macaquita resolveu desenhar-me, observou-me de vários ângulos, pediu-me que não fizesse caretas e eu só lhe pedi que me fizesse bonita. Chegada a hora de jantar e já sentados na mesa:

-Olha mano, o teu nariz é igualzinho ao da mãe. 

-Eeeeeiiii, estás a dizer que sou narigudo?! 



quarta-feira, 9 de março de 2022

Nunca me senti tão "inchada"

-Ai mãe, és tão bonita... e cheirosa... - diz ele, pausando deliberadamente as palavras no intuito de me engraxar, ao mesmo tempo que me faz festas no cabelo. 
-Deves estar para fazer alguma. - respondo-lhe a rir. 
-Não, a sério mãe, és mesmo. És bonita... e macia e... e tufada. 
Ainda bem que a minha figurinha minguada não me deixa com problemas de auto-estima.