quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ser indiferente

Há pessoas que sonham, vivem na utopia de que o mundo pode ser igual para todos, porque seria bonito não teres de falar de inclusão ou teres de lutar todos os dias por direitos iguais. Não interessa nada para quem está de pé que todos os interruptores estejam à altura de uma cadeira de rodas, seria de somenos importante uns pontos em relevo numa embalagem de champô se puderes ler que é adequado ao teu tipo de cabelo, também nada se perderia se além de inglês e francês as crianças pudessem aprender língua gestual na escola. Mas não, há pessoas que fazem questão de te recordar sempre que possível de que tamanho é a tua deficiência, que o facto de teres menos um braço ou apresentares qualquer tipo de distúrbio neurológico é condição preliminar para te apresentar ao lado menos simpático da diversidade.
As boas intenções podem ser perversas se levarem à marginalização do atípico, impor normas que não permitem a convivência em condições de existência já por si desiguais é simplesmente vergonhoso.
Se não queres fazer a diferença, pelo menos mantêm-te indiferente.

2 comentários:

  1. Olha, querida, ser indiferente é a maior diferença, pela negativa, em que alguém se consegue colocar. E pior do que a indiferença são aqueles que, por exibicionismo ou demagogia, se arrogam grandes inclusores. Deves conhecer esses a léguas.
    Diferentes, somos todos, felizmente. Hás-de reparar bem nesses indiferentes, se não têm, eles próprios, características de diferenciação, quer físicas, intelectuais ou comportamentais.
    Estou contigo.
    Cá outro abraço terrível.

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    1. Concordo com cada palavra tua mas neste caso particular, que nada teve a ver com macaquito, valia mais que a pessoa em questão tivesse ficado "indiferente" a uma situação já por si errada mas um mal menor. Pessoas com grande responsabilidade social que se comportam como verdadeiros idiotas para fazer valer leis que no caso específico não podem ser validadas.
      Esta indiferença de que falo é apenas a de deixar valer uma situação que não contemplou, errada de início mas que seria um mal menor no caso específico.
      Também estou contigo ;)

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Dá cá bananinhas!