quinta-feira, 2 de abril de 2015

Seu autista!


Os autistas são pessoas diferentes com diferentes personalidades e diferentes níveis no espectro. Nem todos comunicam mas alguns comunicam e bem, nem todos têm consciência que são diferentes mas muitos percebem que são discriminados.
Fiquei um pouco estupefacta por saber, obrigada Mirone, que alguns políticos na nossa assembleia se ofendem utilizando o termo autista como palavra depreciativa.
E se a discriminação começa nas palavras, garanto-vos que ela vai muito além disso, no entanto, quando criei este blog foi acima de tudo com a intenção de contar histórias, pequenas coisas do dia-a-dia da nossa família que tem a sorte de ter um menino tão especial. Quero, que quem me lê, ria ou sorria, que saibam que ter um filho especial é uma lição de vida da qual só se retiram coisas boas.

E assim vos digo que macaquito é um puto feliz, gentil, educado com grandes desafios ao nível da escrita porque a sua motricidade fina é tão precoce que ainda só faz (talvez devesse dizer já faz) letra maiúscula de máquina.

Come bem, melhor, come muito bem, dorme melhor e é muito divertido, tem ainda uma grande dificuldade em todas coisas que as crianças normais fazem como correr, saltar, trepar, andar de bicicleta, isto pode ser explicado pela motricidade grosseira também precoce, começou a andar com 3 anos e agora consegue dar uns valentes trambolhões quase diariamente, o que normalmente resulta em hematomas, equimoses e até um traumatismo craniano e uma clavícula partida.

É meigo, adora dar abraços a pessoas de quem gosta, adora conversar com adultos como se fosse um adulto, ao mesmo tempo que se isola das outras crianças e de grandes confusões, pede licença e por favor, preocupa-se sempre que um menino falta à escola por estar doente. Não faz raciocínio abstracto pois os seus picos de concentração são muito curtos, o que lhe causa grandes dificuldades na matemática mas tem uma memória tão prodigiosa que se lembra de tudo o que faz, locais onde esteve, matrículas, nomes e coisas do arco-da velha.

Sempre que ralhamos ou chamamos a atenção fica muito stressado e confuso, vai às lágrimas com alguma facilidade e tem os seus momentos de isolamento do nosso mundo. A maior parte do tempo está feliz e brincalhão, apenas gosta de rotinas e regras e dos beijos e abraços da mamã.
Agora alguém me explique o porquê de discriminar estas pessoas cujas maleitas apenas afectam a sua própria qualidade de vida e das pessoas que os amam?

2 comentários:

  1. Outra perspectiva sobre o autismo, aqui:
    http://www.publico.pt/sociedade/noticia/quando-os-bebes-sem-sorriso-se-tornam-adultos-1691071

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    1. Li essa reportagem hoje, é exactamente assim. Felizmente e apesar do diagnóstico recente no que diz respeito ao autismo, o facto de ter sido diagnosticado com uma outra doença (rara) aos 5 dias, macaquito teve acesso a todo o género de terapias desde bebé Infelizmente, é preciso dinheiro, muito dinheiro, os mais carenciados nunca terão as mesmas oportunidades.

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Dá cá bananinhas!