Tenho a casa vazia, cheia de coisas mas vazia de choros, risos e gargalhadas. As camas estão sempre feitas e alguns brinquedos ainda jazem na sala porque gosto da imperfeição do desarrumo. Adoro o silêncio que habitualmente só tenho na hora de almoço e que agora se prolonga até ao deitar.
Tive, por força das maleitas de macaquito, de me converter numa mãe não galinha, cortei o cortão umbilical no parto e daí para a frente custou muito menos deixá-lo ausentar. Às vezes choro quando ele não está mas não digo a ninguém porque todos dependem de mim.
Foram de férias para os avós e agora tenho a casa vazia e em silêncio e sabe-me muito bem. Sei que macaquito adora estar lá mas já sinto saudades dos abraços dele e das coisas fofas que me diz espontaneamente. Já macaquita detesta separar-se de mim, nunca vai totalmente feliz, no entanto, do que não sinto falta nenhuma é dos arrufos dela, das birras por causa de botões na roupa ou dos sapatos carneirinha.
Quando falamos ao telefone, macaquito esperneia porque tem de voltar apenas um dia para ir à terapia, macaquita faz-me ter conversas intermináveis a tentar convencê-la a ficar mais um dia.
Hoje foi assim:
"Bom dia mamã, dormi bem, já tomei o pequeno-almoço e estou a divertir-me imenso. A mana não vai falar, está a dormir no sofá."
"A dormir? Agora? Chama o avô." estranhei mas era ele a brincar.
"Macaquita, a mãe quer falar contigo." ouvi soluços e a voz mais infeliz do mundo.
"Mamã, podes vir buscar-me?"
Quando sair vou buscá-la!
Sabe bem o silêncio, mas depois também faz falta o bulício! :))
ResponderEliminarNem me chateava não fosse aquela voz de desespero... os silêncios fazem falta, para repor neurónios!
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