segunda-feira, 30 de março de 2020

O dia em que macaquito é o primeiro a levantar

Quando sai para o trabalho muito cedo, pai macaco costuma deixar este bilhete na mesa da cozinha:


Note-se que os desenhos são de macaquita que não herdou os dotes artísticos do pai. 


Hoje descobri este bilhete na mesa de cabeceira do nosso quarto:




quarta-feira, 25 de março de 2020

Isto não são férias, isto é terrorismo social!

Não é para me gabar mas eu sou uma boa mãe, aliás, ser mãe é a única coisa que me lembro de sempre ter querido ser. Não uma mãe daquelas que tem tudo o que é preciso dentro da mala, já me aconteceu eles espirrarem e estarem ali com o ranho pendurado até aos joelhos (alguém me explica como é que criaturas com narizes tão pequenos acumulam litros de ranho ali dentro?!) e eu ter de pedir um lenço a uma qualquer pessoa que esteja ali por perto ou, em última instância, assoá-los à camisola mas sou uma mãe com a paciência para os 350 mil "Maaaaãe! diários gritados, 99% das vezes sem razão nenhuma. Também não sou daquelas mães que tem sempre tudo organizado ou que sabe preparar de antecedência atividades e visitas de estudo, limito-me a enfiar tudo dentro duma mochila na noite anterior e claro que me esqueço sempre de alguma coisa (o chapéu, minhas amigas, que fixação é esta dos professores por chapéus?!), no entanto, tenho tolerância desmedida para todo e qualquer disparate (o que leva pai macaco à insanidade).  Sabem aquelas mães que trazem os putos todos aperaltados, com a meia a condizer com a cueca e o laço do cabelo, os cabelos bem penteados, os sapatinhos que parecem acabados de sair da loja? Pois, também não sou dessas! Tomam banho todos os dias, andam com roupa lavada, não vão para a escola de fato de treino à exceção dos dias de educação física e com sorte têm sempre as unhas cortadas e limpas. Sou das que padece de uma certa loucura (pouco) controlada para acompanhar todas parvoíces deles e muitas vezes torná-las em parvoíces ainda maiores, ofereço mimo desmesurado e colo (sim, que ainda dou apesar dos seus 12 e 9 anos!). Não me preocupo com festas de anos temáticas com cupcakes da moda e lembranças para todos os amiguinhos  mas vou à escola conversar com os professores e ajustar métodos de trabalho para macaquito, vou às terapias e fico lá a aprender para depois fazer em casa, acompanho as aulas de música de ambos para posteriormente ajudar em casa e ensino-os em todas as matérias sem problema de maior. Mas isto da quarentena e do "eles não estão de férias", puta que pariu!
Desculpem o palavrão mas estou a dar em doida. Cada vez que o meu telefone apita com uma notificação de email, fico com suores frios e vontade de chorar, depois encho-me de esperança e penso "São as soluções de um exercício qualquer...", vou pé ante pé na esperança de que se o telefone não me ouvir chegar, a mensagem será qualquer coisa que não mais TPC. Todos os professores de macaquito estão desenfreadamente a lutar pelo título de "CAMPEÃO DA QUARENTENA".
Eu não obrigo os putos a levantar antes das sete da manhã como se estivessem em aulas, vão para a cama a horas decentes mas de manhã ficam na cama até lhes apetecer, logo não estão sentados à secretária às 8:30h da manhã. Com sorte, consigo que macaquito trabalhe meia hora seguida mas a maior parte das vezes ao fim de 15 minutos temos de pausar. Uma ficha que a qualquer miúdo demoraria meia hora a fazer sozinho, com ele é uma hora e meia e tenho de estar sentada ao lado ou não faz "nestum". Tenho outra filha, que apesar de muito menos, também tenho de acompanhar e ajudar no estudo. Tenho uma casa, imaginem senhores professores, nós vivemos numa casa, 24 sobre 24 horas e essa casa, acumula pó, cotão, loiça e roupa, entre outras lides domésticas que todas as casas necessitam. Nós comemos, várias vezes por dia, a coisa mais parecido com uma BIMBA nesta casa sou eu ou pai macaco quando chega a horas decentes (sim porque o pai continua a dar o corpo às balas e não está recatado no lar), portanto, alguém tem de cozinhar. Depois temos a música, estudar e fazer vídeos do estudo e progressos de ambos. A professora de instrumento do meu filho, que nas aulas apenas lhe ensina a mexer no instrumento (Vá, suas perversas, riam-se lá! ...eu pensei o mesmo assim que acabei de escrever a frase, por isso vou deixar-vos aí cheia de pensamentos maldosos.), além de vídeos dos estudos e peças, veio pedir que enviasse umas biografias de compositores de acordeão, a sério?! Pró "coisinho" mais as biografias...

Para ajudar a esta merda toda, a impressora deu o seu último suspiro esta semana e ando para aqui a inventar formas e plataformas para fazer e reenviar os 537 mil trabalhos que ainda temos por fazer.
Senhores professores, para terminar, um recado:
Eu sei que também estão assoberbados, que têm de mostrar trabalho mas isto, apesar de não serem férias, também não são aulas, isto é terrorismo. Se a intenção é mostrar o quão importante é o vosso papel na sociedade, parabéns, conseguiram! Uma salva de palmas para vocês, acompanhadas de fogo de artifício, ao som de Carmina Burana. Honestamente nunca duvidei, só que tal como as mães, há uns melhores que outros. Eu não sou professora, sou mãe, uma mãe cheia de boa vontade mas uma mãe do que nunca teve intenção de criar Einsteins em homeschooling mas sim miúdos saudáveis, felizes e menos doidos do que aquilo em que me estou a tornar!!

quinta-feira, 19 de março de 2020

Daqui por quinze dias já nem o nome deles sei...

Eram 9 da noite quando decidi telefonar a pai macaco, tinha entrado às 7 da manhã e  apesar de não ser novidade as horas extras  mas tendo em conta a circunstância atual, comecei a ficar preocupada.
Atendeu à terceira tentativa, estava a sair e daqui a nada estaria em casa. Desligo o tlm e macaquito interpela-me curioso.
-Estavas a falar com quem?- estranhei a pergunta mas respondi. 
-Com o pai. 
-Chamaste--lhe António! 
-Não chamei nada. 
-Chamaste sim! - retornou, revi mentalmente a conversa que não durou mais de um minuto, nem sequer tinha dito nada que pudesse soar a António. Olhei para macaquita que antes que eu pudesse perguntar me diz:
-Eu também ouvi António... 
-Ok, ou eu estou maluca ou isto é uma alucinação coletiva. 
-Vou dizer ao pai que lhe chamaste António. - diz macaquito verdadeiramente irritado. 
-Acho que deves. Já está na altura do teu pai saber do meu Alzheimer! 
Têm sido uns dias divertidos, funciona bem até às 16/17 horas, a partir daí macaquito fica impossível de controlar pois a alteração de rotina ainda não foi absorvida. Ao contrário das outras crianças, muito provavelmente, quanto mais tempo passar,  mais tranquilo ele ficará, só espero é chegar até lá ainda com memórias de toda a família