terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quem muito fala...

Macaquito fala, fala muito, que é como dizer, não se cala um minuto, fala sozinho enquanto brinca, fala ininterruptamente durante qualquer viagem de carro, fala durante as refeições, até a dormir fala. Os silêncios dele são apenas quando entra no mundo dele, se estiver distraído com alguma coisa  ou na presença de muitas crianças pois prefere isolar-se a ter grande interacção social mas esses momentos são sempre breves.
Enquanto brincava na piscina, debitava todos os seus pensamentos e perguntava tudo o que achava que tinha de ser perguntado.
-Mãe, vais ler esse livro todo? Faltam quantas páginas? 300??? Isso são muitas páginas! Vou dar um mergulho. A água está boa. Onde é que eu estava? Neste quadrado? Agora vou saltar deste.
Mergulha e assim que põe a cabeça fora de água, continua.
-Senhor, a sua filha não vai à piscina? Ela está com frio. Quantos anos tem? A minha mana tem cinco. Já sabe nadar. Eu também sei nadar mas tenho de usar o colete porque a minha mãe quer. 
-Macaquito, sossega, não sejas aborrecido.
-Mas mãe, eu tenho de dizer. Vais ler o livro todo? Porque é que gostas de ler? Agora vou mergulhar deste quadrado. Viste mãe, foi um mergulho espectacular. Vamos jogar um jogo?
-Sim, está bem. Que jogo queres jogar?
-Não sei, mamã, escolhe tu.
-Vamos jogar o jogo do silêncio, o primeiro a falar perde.- disse-lhe antecipando a reacção, o casal que se encontrava na piscina, olhou-me e sorriu. Colocou as duas mãos na boca, torcia-se e retorcia-se, apertava os lábios com força, sem nunca parar de rir, um riso nervoso. Ao fim de cerca de 30 segundos, tirou as mãos da boca.
-Desculpa mãe mas não consigo jogar esse jogo!

2 comentários:

  1. Parece um rádio!!! :) por regra, as minhas até são caladitas mas, em caso de ansiedade ou excitação, desatam a tagarelar e não conseguem controlar. Diz a nossa TO que é uma questão sensorial...

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    1. Não sei se acontece com as tuas mas ele inclusivamente interrompe-nos para dizer o que quer que lhe venha à cabeça. a terapia de integração sensorial tem ajudado mas ainda há um longo caminho a percorrer. Claro que a parte genética também deve contar, na minha família temos fama de papagaios ;)

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Dá cá bananinhas!