segunda-feira, 9 de abril de 2018

O nosso universo

Quis o calendário escolar que hoje recomeçasse a escola após um período de quinze dias de maus hábitos de sono, zero reclusão, zero regras, enfim, quase zero rotinas ao contrário do habitual durante o tempo de aulas. 
Quis o ministério da educação que as crianças voltassem à escola para gaúdio de  alguns pais e verdadeira tortura para outros como eu que desfrutam de uma tranquilidade familiar quase absoluta quando os rebentos estão de férias pois se não há obrigatoriedade de ir dormir cedo, há dias de mimo em casa dos avós, há passeios infindáveis pelo campo, então não há crises existenciais (a não ser na hora de tomar banho, coisa que os meus filhos fariam de bom grado apenas de quinze em quinze dias caso eu o permitisse).
Quis a sociedade que as férias acabassem mas não quis macaquito, portanto hoje, o meu dia e o dele, especialmente o dele, foi um tormento, choro para acordar, choro para o pequeno-almoço, choro para vestir, lavar dentes, calçar, pentear, sair de casa, entrar na escola, choro na hora (e meia) de almoço, choro para entrar de novo na escola e um sorriso de orelha a orelha, assim que me viu à saída das aulas.  
-Têm TPCs? - pergunto ainda o carro.
-Não! - responde macaquita.
-Eu tenho de estudar e acabar um trabalho. - responde ele e eu começo logo a imaginar a próxima sessão de choro.
Ainda durante o lanche vai à mochila, tira o caderno e mostra o que tem para fazer. Estudar o sistema solar e preparar uma apresentação oral. No mesmo momento tive a certeza que conseguia fazer aquilo sem recorrer a psiquiatras.
Ele era o sol e macaquita a terra, movimentos de rotação e translação no meio do quarto, os planetas distribuídos pelo universo que contempla bananas e outras frutas alien, uma barrigada de risota e a matéria sabida na ponta da língua.
É por dias destes que nunca desisto.


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Dá cá bananinhas!