quinta-feira, 19 de março de 2015

Dia do... ups... Pai

Acordo com macaquito na minha cama, tem o hábito de se levantar por essas seis da matina e vir enfiar-se subrepticiamente ao meu lado. Assim que abro os olhos, tenho umas pestanas enormes encostadas no meu nariz.
"Feliz dia do pai!" diz com uma voz meiguinha.
"Obrigada filhote mas tens de ir dizer ao pai, afinal é o dia do pai, não da mãe."
"Se eu gosto tanto de ti também te posso dizer feliz dia do pai!"
Abraço de urso, dá cá aquele abraço de urso.

terça-feira, 17 de março de 2015

O estranho caso da chave saltitona *


Capítulo VIII 


Elisinha começa a sentir-se zonza, talvez não devesse beber, afinal não está habituada e estas andanças com a Maria não são boas para a sua reputação. De repente desmaia, várias pessoas acodem, começam a atirar-lhe água e começa a vir a si. Estava deitada no alcatrão mas não na porta do Lux, não sabia bem onde estava, só via quatro patas peludas e o que lhe parecia ser chichi a pingar. Tudo não passou dum sonho, talvez o seu João não tivesse feito nada daquilo que pensara sonhar. Ou talvez sim.

- Aiiiiii Flávio, que foi isto que s'atravessou nas patas do burroooo?
- Eu lá Preciosa mas que chera pior que as entremeadas lá isso chera. Manda os cachopos desmontar da carroça e ver o que se passaaaaa.
- Celestinooooo, não ouviste o paiiii? Vai lá ver o qué aquiloooooo.
O bairro inteiro assistia de longe ao atropelamento da Elisinha, ninguém se aproximava dos ciganos recorrentemente mal afamados, ainda por cima de carroça. Desde que proibiram os carros mais velhos na  parte antiga da cidade, era um corrupio de carroças, no entanto, já se respirava muito melhor. Mais abaixo, reinava a confusão, uns gritavam para ligar para o 112, outros esbracejavam para a dona da mercearia da Avenida para que chamasse a polícia, agora chegar-se lá perto é que nem o João que ainda se refazia do susto de ter sido apanhado com a boca na Maria.

O ciganito desceu da carroça e gritou:
- Paiiiiii, é só uma mulheri, chera um bocado a merda mas acho que se alêjou. O burro é que ficou com a pata torta.
Elisinha levanta-se meio atordoada, com os rolos pendurados na testa e a combinação toda esburacada mas empunhando a chave pestilenta da traição.
- Ai mulheriiiii, sai daqui ou ainda levas com uma entremeada nas ventas. Aiii quer veri, deu-me cabo do burro.

Elisinha ganha coragem e resolve voltar para trás, agora o seu João vai ter de explicar bem explicadinho o que faz no cimo do Ford Cortina com a ordinária da Maria. Logo a Maria, toda a gente sabe que ela já se deitou com todo o par de calças da Avenida da Igreja, até dizem que fez aquilo lá na roda gigante da Feira Popular. As más línguas até lhe chamam a bicicleta da aldeia mas a Elisinha nunca pensou que fosse tanto assim, afinal as mulheres só são assim nas novelas da TVI.

Nos entretantos, alguém dera ao João e à Maria uma toalha de renda e um lençol às bolinhas que cairam do estendal da D. Leocádia, eles tinham muito para explicar mas não desnudos diante as criancinhas que de nudez nada sabiam mas já perguntavam às respectivas mães se as maminhas da Maria eram mesmo assim ou se tinham silicone.
Elisinha chega esbaforida, os olhos estavam vermelhos de chorar e também de raiva.
- Elisinha, eu posso explicar... - balbuciava João segurando na mão a renda que antes lhe tapava as partes.
- Manuel João eu não acredito que me traíste, logo hoje, no dia em que me ia entregar a ti.
- Hoje? Se fosse só hoje. - Maria sentia que tinha de provar que o garanhão era seu há muito tempo
- Eu não acredito, ainda ontem no confessionário do Padre Henrique lhe professava o meu amor por ti.
O Padre Henrique, que entretanto alguma beata chamara, ao ouvir o seu nome e a alusão ao confessionário ficou vermelho que nem um tomate. Afinal a Elisinha não era tão púdica como toda a gente julgava...

(Continua...)


*post feito em parceria

Pai babado

Pai macaco e sua macaquita continuam, como de costume, sentados na mesa a acabar de jantar. Macaquita porque demora todo o tempo do mundo para comer, entre birras e conversas da treta e o pai porque acha que o melhor da vida é o tempo que se passa à mesa. Encosto-me ao balcão a beber um café e a ouvir as sempres hilariantes conversas entre os dois.
"Papá, ainda não disseste que eu sou linda."
"Pois não, a minha princesa é tão linda, a mais linda!"
Isto podia ser muito bonito e fofinho, não fosse o facto de macaquita estar a ficar demasiado vaidosa e arrisco até, arrogante, por ser mesmo muito bonita e as pessoas relembrarem-lhe isso constantemente. Portanto, resolvo meter a colher.
"Qual bonita?! És feia e parva!" digo com um ar de gozo.
"Oh mãe, sou só parva, sou só parva."

sexta-feira, 13 de março de 2015

Fada dos dentes

Esta semana não tem sido particularmente feliz para macaquito, para acabar em grande (espera... ainda falta sexta feira!!) ontem caiu na escola durante o intervalo da manhã e como não se defende pondo as mãos na frente, o resultado foi um queixo negro, lábio rebentado, pulso inchado e menos um dente. Nada grave, o dente era de leite e já andava a ameaçar desde a queda na piscina. O resto, o tempo encarrega-se de tratar.
Como de costume, colocámos o dente debaixo da almofada para que a fada dos dentes o pudesse vir buscar, deixando qualquer coisa em troca. E agora, gostava que alguém me explicasse como obter o livro de reclamações e/ou as normas de utilização do serviço das fadas dos dentes.
Para começar, Macaquita ficou muito chateada, ao ponto de chorar porque a fada foi ao quarto do mano mas não lhe foi dar um beijinho. Depois, as fadas vêm muito cedo e com certeza fazem imenso barulho, 3 da manhã e macaquito saltava entusiamadíssimo na beira da minha cama porque a fada lhe deixou moedas.  Por fim, tenho quase a certeza que as fadas me assaltaram a carteira, as moedas de 1 euro desapareceram todas.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Doutora macaquita

"Mãaaaaaaae, dói-me a barriga!"
"Dói muito? O que comeste hoje na academia?"
"Arroz com salsichas."
"Não podes comer salsichas, macaquito, amanhã já connfirmo isso na escola e já trato da tua barriguinha assim que chegarmos a casa."
"Mamã, posso tratar eu da barriga do mano? Eu tenho um totoscópio!!"
"A sério macaquita? Um totoscópio?" e começamos a rir, eu e macaquito.
" Daaaah, eu não disse isso, UM TETOSCÓPIO!"

Toma lá!

Estávamos a jantar, macaquito come no topo da mesa, por trás dele o microondas na parede. A dada altura e como nem a comer consegue estar quieto, dá uma valente trolitada com a cabeça no dito. Com o ar mais sério do mundo, olha para trás e sai-se com esta:
"Ó Senhor microondas, não é nada bonito estar a bater assim na cabeça de uma criança!"

quinta-feira, 5 de março de 2015

Festival da Canção

Já passaram mais de vinte anos, seguramente, desde a última vez que me tinha sentado a ver o Festival da Canção. O que me prendeu ao sofá na última terça feira foi a menina do violino na música Outra Vez Primavera, por ser alguém muito especial para a nossa família. Macaquitos sentaram-se comigo e segundos após o começo da música, macaquito chorava. Olho para ele e pergunto:
"Porque choras?
"É a música mamã." Estava emocionado, desde pequenino que se emociona com algumas músicas, disse-lhe que não chorasse e tentei distraí-lo.
"Olha, estás a ver a M.?" Chorou ainda mais. 
"Então macaquito, que é isso?"
"Não gosto da M. com caracóis!"
Na imagem da televisão estava apenas a intérprete Yola, gorduchinha e com um penteado demasiado retro. 
Mas a música é bonita, lá isso é! De fazer chorar as pedras da calçada....