terça-feira, 21 de novembro de 2017

Composição sem título

Era uma vez um urso pardo corajoso que vivia numa casa cheia de ursos medrosos. Um dia ia a passear e viu um rapaz pendurado na varanda.
-Socorro! Os cavalos estão a atacar.- gritou o rapaz.
-Vou já salvar-te. -disse o urso.
O urso repara numa girafa que vai a passar, abanou-a com a pata e ela fica zangada:
-Urso, por que é que fizeste isso?
-Não te queria assustar, depressa, traz-me aquele trampolim. - diz o urso para a girafa.
O urso põe o trampolim debaixo da janela e diz:
-Podes saltar, eu estou aqui.
Ele salta, bate no trampolim e cai nos braços da mãe que vinha a chegar da França.
O urso salvou o dia.
FIM





Como poderão ver pelas imagens, este é um trabalho onde é suposto organizar ideias antes de iniciar a composição. Tendo em conta a confusão que vai naquela cabeça e o facto de ele não ter pensado 10 segundos sequer para cada frase antes de começar a escrever o texto, acho que merece um 20 pela forma como conseguiu interligar todos os personagens e a missão em si.
E o que nos divertimos enquanto o fazia, ele escrevia as falas e depois "obrigava-me" a repeti-las em tom teatral para depois nos rirmos os dois à gargalhada. 
Há trabalhos de casa que são gratificantes mesmo que nos roubem meia tarde de um fim de semana. 


2 comentários:

  1. Sabes o que acho mesmo?
    É uma pena que não se dedique (talvez seja só impressão e a realidade seja completamente diferente) mais tempo a tentar perceber a mente fascinante de meninos como o macaquito.
    A sério que acho fantástica a capacidade de dar sentido a algo que para a maioria das pessoas nem nos mais loucos sonhos se apresentaria.
    Um urso pardo, um rapaz em apuros, cavalos maus, uma girafa, um trampolim e uma mãe a regressar de França. Tiro-lhe o chapéu!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muitos estudos são feitos, nada relevante que aponte neste sentido. A forma de pensar destes miúdos e alguns graúdos para nós, a maioria das vezes, não faz sentido nenhum. Eu tive a sorte de ser agraciada com macaquito, ao longo dos anos tenho aprendido a compreendê-lo e o que para os outros (mesmo os mais próximos) nem sempre faz sentido, para mim quase sempre é fácil de entender. Ele passa de uma conversa razoavelmente normal do dia-a-dia para algo que aconteceu 5 anos antes no espaço de segundos, ou algo que o marcou de alguma forma mesmo que para nós não tenha importância nenhuma, 99% das vezes consigo perceber a relação entre o que diz ou faz. Considero, no entanto, que não é simples para quem não o conheça bem.
      Cognitivamente, no imaginário e ou em termos inventivos é simplesmente brilhante, embora nem sempre tenha capacidade de o demonstrar. Ouvi-lo brincar sozinho é simplesmente delicioso, quando tem de se expressar numa composição raramente consegue porque detesta escrever, devido às dificuldades motoras (especialmente na motricidade fina), faz o mínimo possível. Começa por dizer oralmente uma frase arrebatadora mas quando lhe peço que passe para o papel, faz o difícil exercício de sintetizar a frase para 4 ou 5 palavras apenas para não ter de escrever.
      Suponho que com o crescimento, comece a ter outros ritmos e se sinta mais motivado, por enquanto, vamos tentando que faça o melhor que a condição dele permite.
      E já agora, a minha parte preferida é mesmo a da mãe a regressar de França :D

      Eliminar

Dá cá bananinhas!