quarta-feira, 23 de março de 2022

Não me preparei para ter um filho deficiente, acho que nenhum pai ou mãe está a contar com isso e eu também não estava. Foi, no entanto, um processo muito rápido, talvez porque nunca houve aquele estigma da aceitação, foi mais um “o que é que há para fazer?”.
Também não me preparei para aturar pequenos rufias, cobardes, reincidentes que, acobertados pelos pais, pensam que podem tudo, portanto, joguei a última carta. Não havendo nestes casos, qualquer tipo de compreensão possível, foi de novo um “o que é que há para fazer?”
Aceito que as outras pessoas, sejam elas outros pais, professores ou crianças nem sempre estejam preparadas para lidar com crianças diversas mas não aceito ou permito que a diferença seja mote para a agressão. Não aceito que se escudem na ignorância ou no "efeito rebanho". Educo os meus filhos no pressuposto da diferença, de que ninguém tem de ser igual a ninguém mas que temos de respeitar cada um na sua individualidade e nunca lhes permitiria que imiscuíssem das suas responsabilidades, não lhes toldo a visão, não lhes condiciono o pensamento, nunca lhes escondi tristezas ou dificuldades mas deixo-os tomar a suas próprias decisões cientes de que delas sairão consequências que poderão ser boas ou más.
Vou levar esta luta até ao fim, não pretendo ganhar nada que não seja paz, tranquilidade, inclusão e respeito, acima de tudo, que o meu filho possa ser feliz e aceite na sua plenitude e que não torne a ser cuspido, humilhado, agredido, sufocado por pequenos delinquentes que neste momento devem ter o buraquinho do cu mesmo muito apertado.

4 comentários:

  1. Quando oiço estes relatos fico sempre com a ideia que se protegem os agressores, que se arranjam desculpas para os má-rés, por isso,o que quer que tenha feito para estes se sentirem apertados acho muito bem,força nisso.

    Grande abraço

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    1. Não são decisões que se tomem de ânimo leve, pelo menos consegui um "cessar-fogo" de quase uma semana. Para um problema que se estava a tornar diário.
      Quando partilho estas histórias menos divertidas é para que as pessoas estejam alertas, há sempre forma de travar a violência.

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  2. O ser humano é capaz das maiores grandezas e, infelizmente, das maiores atrocidades...
    É assustadora a falta de empatia, de respeito, humanidade, amor pelo outro e até de por si próprios (não será linear mas acho que de forma comum quem agride é uma pessoa insegura e que perante o seu sentimento de desvalor procura ferir, denegrir e rebaixar o outro para se sentir de alguma forma superior).

    Ação em curso e que apertem bem o rabinho os energúmenos cobardolas.

    You go girl!

    Isa

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    1. Muita falta de empatia mesmo, mas sobretudo uma cultura de violência e humilhação legitimada pelos pais. Cansei de ser compreensiva, isto mexeu e muito com todos aqui em casa. Não sei se vai ser o ponto final pois a cada dia que passa desde a última agressão física, descubro que esta questão envolve dezenas de miúdos de várias idades e turmas... É mesmo assustador!

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Dá cá bananinhas!