sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

1910

Enquanto almoçava com a mais pequena, faço um comentário qualquer sobre o Trump e ela pergunta-me imediatamente por que razão disse o que disse. Prevendo as 31567 perguntas seguintes, digo-lhe que são coisas da politica dos Estados Unidos e que é difícil de explicar.
-Ai, se fosse no tempo do Salazar, não podias dizer essas coisas. Podias ir presa!
-É verdade, macaquita. Mas uma coisa que o 25 de Abril nos trouxe foi a liberdade de expressão. Que é o que nos permite poder dizer um chorrilho de disparates e ninguém nos poder levar preso.
Entretanto contei-lhe umas quantas histórias sobre a ditadura em resposta a uma quantidade de perguntas que me foi fazendo.
-A professora bem me disse para te perguntar sobre o Salazar e o 25 de Abril, tu ainda te lembras?
-Não sou assim tão velha. - respondi-lhe a rir. -Mas sei o que aprendi na escola, o que li e o que algumas pessoas que viveram o 25 de Abril me contaram.
-E o avô, também meteu cravos na espingarda?
-Não mas esteve no Ultramar na guerra e ainda era militar quando se deu o 25 de Abril.
-E a avó?
-A avó não foi à tropa (risos...) mas lembra-se bem da ditadura.
-Então tu nasceste em 1970, não foi?
-Não, nasci em 77.
-E a avó?
-A avó nasceu em 1951.
-Ah pois é, ela ainda é do tempo dos reis!!!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A tropa manda desenrascar

Uma das condições inerentes a ser mãe de um miúdo como macaquito, é ter a capacidade de lidar com as situações mais inusitadas, se bem que aqui não tive de fazer nadinha... ainda.
Quando a professora de apoio me ligou logo de manhãzinha a dizer "Está tudo bem mas o Macaquito hoje desorientou-se um pouco, alguém chamou a PSP e uma agente da escola segura veio trazê-lo à escola...", estava longe de alcançar tudo o que se tinha passado na realidade. Perguntei se estava tudo bem com ele, que sim que tinha sido tranquilo mas que ele estava um bocado atrapalhado e preocupado.
Na realidade e depois de uma rigorosa investigação com interrogatório à vítima (ainda não percebi quem é a vítima aqui...) o que aconteceu foi isto:
Macaquitos vão todas as manhãs com uma pessoa amiga que os deixa perto das escolas de ambos, macaquita aguarda com amigos ali perto pois entra meia hora mais tarde e ele segue sozinho, só tem de descer um passeio, 100 metros no máximo, nesse caminho achou que tinha perdido a carteira, na carteira tem o cartão da escola que precisa para entrar, reacção.... entrar em pânico!! Pensou, pensou, pensou e resolveu. Resolveu o quê, perguntam vocês. Resolveu ligar para o 112, afinal era uma emergência.
A pessoa que o atendeu, a quem agradeço, ligou para a PSP que é mesmo ali ao lado da escola dele e eles mandaram um carro da Escola Segura ter com ele e entregaram-no na escola. 
Depois de lhe explicar mil vezes que não estava zangada mas que o problema dele estava longe de ser uma emergência, dei-lhe um abraço e pedi que não repetisse a graça.
Agora só gostava de ter acesso à gravação da chamada do 112, gostava mesmo muito, deve ser hilariante. E também vou ter de ir à PSP, agradecer e pedir desculpa...



Ah! A carteira estava na mochila, junto do telemóvel. Eu mesma a coloquei lá... como faço todos os dias!

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Tal e qual filho, é como carregar uma cruz.

Entra no carro a correr, atira a mochila e o saco de ginástica para o banco de trás e a primeira coisa que me diz é:
- Mãe, preciso de falar contigo... - a voz dele indicava problemas.
- É grave?!
- Errr... bem... eu nem sei.
- Diz lá o que se passa. - tento manter a voz tranquila mas tendo em conta tanta coisa que tem acontecido desde que começou a escola, fico sempre um bocadinho em pânico. - Sabes que estou aqui para te ouvir e ajudar, não sabes?
- É que... É que.... Acho que tenho uma paixoneta pesada por uma colega da minha turma.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Até estava a correr bem

Fomos a uma loja, quando saíamos Macaquito fez questão de me segurar a porta.
- As senhoras primeiro. - disse.
- És um autêntico cavalheiro. - respondi-lhe. Ao mesmo tempo chega uma senhora que espera que eu saia e lhe faz sinal para sair também.
- Não, não minha senhora, pode passar. - e continua segurando a porta. A senhora insiste pois percebe que eu aguardava. Erro crasso!
- Não minha senhora, eu sou um cavalheiro. As senhoras IDOSAS primeiro.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Não sei se desabei ou se desabafei

Estava ligeiramente irada, ligeiramente é como quem diz, a espumar. Pela primeira vez berrei com macaquito, nem sei se berrar é o termo, acho que foi mais um rugir. 
Foi meio incrédula que, ainda na escola de música, ouvi o relato de como se passou com os colegas, interroguei-o sobre o porquê de tudo aquilo com alguma calma, segurei-me para não me rir na parte em que me dizem que conseguiu ofender todos os colegas mais anafados com tantos adjectivos diferentes que a professora não conseguiu repeti-los todos, já não achei tanta piada ao chorrilho de asneiras que destilou sem olhar a quem. Há que valorizar a riqueza do vocabulário mas não posso permitir que perca as estribeiras, a vergonha e a educação, tudo ao mesmo tempo. Para colmatar a coisa em grande, chegados a casa, abro a mochila para pôr a lavar pois tinha rebentado um pacote de sumo lá dentro e percebo pelo estado em que se encontram os livros, dossier e algum material escolar, que o rebentamento só poderia ter acontecido devido a um embate a não menos de 150 km/h. 
Saltou-me a tampa! Chamei-o ao quarto e dei-lhe o raspanete de uma vida, castiguei-o por duas décadas e ele, sem me responder, logo ele que tem sempre resposta para tudo, esperou uma pausa e um virar de rosto, para fugir de fininho, pé ante pé antes que eu concretizasse alguma das ameaças que me fugiram à boca naquele curto espaço de tempo. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Quando do fundo do poço vem um sotaque brasileiro

Macaquitos desapareceram, em casa, o silêncio imperou por muito tempo, coisa pouco comum num domingo de manhã. Estão a fazer asneira, pensei para mim, é melhor ir espreitá-los.
Depois de escrutinar todas as divisões da casa, estranhei a escuridão no quarto dele e espreitei. Nem sinal deles, apenas um som abafado dentro do armário.



Estavam a fazer um planetário. É tão bom quando se desentendem no armário. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Logo ela que é apaixonada por Londres e a rainha de Inglaterra

Hoje estudámos inglês para o teste de amanhã. Estava tudo bem sabido, à excepção do verbo Ser, onde havia uma pequena confusão. 
Depois de jantar, enquanto me metia com ele e regateavamos a hora de ir para a cama, digo-lhe que pode ficar mais 5 minutos, na condição de me dizer corretamente o verbo To Be.
Ele ria-se e reclamava em jeito de brincadeira.
-Vá, mais 5 minutos mas tens de cantar o verbo To Be.
Do outro lado da sala, Macaquita intervém. 
-Oh, é fácil. Eu tubi, tu tubis, ele tubi...

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Podemos falar de autismo?

Vou contar uma história, a história palerma de um gelado. Por vezes as boas histórias começam com um gelado de colher, outras vezes, não passam de histórias.
Macaquito tinha uns 4 anos quando comeu o primeiro gelado, aquele que vem num copo de plástico com uma pastilha no fundo, tudo porque numa saída mais prolongada que o esperado, eu não tinha lanche para lhe dar e achei que de todas as porcarias que lhe podiam dar naquela esplanada, um gelado era o mais parecido com um iogurte. Detestou a primeira colher, levei algum tempo a perceber que o problema estava na temperatura do gelado, aqueci-o nas mãos e acabou por comê-lo todo e pedir mais. A partir desse dia passou a pedir um gelado de vez em quando, sempre o mesmo gelado e sempre aquecido com as mãos quase até derreter. Quando descobri que não podia comer nada que tivesse leite, deixou de comer gelados e iogurtes, entre muitas outras coisas, até aparecerem os gelados feitos de fruta e sem leite que habitualmente come num copo com uma colher pois também não pode comer os cones de bolacha, quando come um gelado desses também deixa derreter até estarem a uma temperatura que consiga suportar, isto porque a hipersensibilidade decorrente da doença rara, tem como zonas de maior estímulo, o nariz e a boca.
Este verão estávamos num sítio onde não havia gelatarias e num dia qualquer comemos um gelado numa esplanada e o único gelado que podia comer, eram uns novos vegan que são de pau. Escolheu o de manga e depois chorou copiosamente porque não conseguia comer o gelado como todos nós fazemos, lambendo ou chupando. Pedi um prato e uma colher e dei-lhe o gelado como sempre comeu gelados, à colher.
A semana passada num café pediu, entusiasmado, um gelado daqueles que tinha comido na praia e foi crucificado por quase todas as pessoas presentes porque comia um gelado de pau com um prato e uma colher, deixei-os argumentar sobre os quase doze anos, sobre o facto de todas as pessoas comerem gelado a lamber e sobre o quanto era palerma por não saber comer um gelado e depois expliquei que além do seu autismo, da sua obsessão com rotinas e formas de estar, macaquito não consegue comer gelados frios e que mesmo que conseguisse não há nada que me impeça de comer um prato de sopa com um garfo por muito estúpido que isso possa parecer a todas as pessoas. 
Esta é história de um gelado, podia ser outra das muitas que temos e que envolvem levar pancada por dizer o que lhe vem à cabeça sem qualquer tipo de filtro, ou as de bullying ou de birras que quase ninguém entende (porque falhámos um horário ou itinerário ou outra rotina qualquer) ou a de ontem quando me ligaram da escola porque Macaquito estava com falta de ar e precisava da bomba da asma. Perguntei ao professor se teria havido alguma altercação com algum colega, respondeu-me que sim, parece que outro miúdo lhe chamou camelo e a mim, senhores, também me chamou camelo, como é que o rapaz podia aceitar uma coisa destas! Alertei o professor que macaquito não tem asma (era só o que lhe faltava!!!), que eram nervos, dessem-lhe 10 minutos para se regular e respirar fundo e que o encaminhassem para a aula. 
Isto tudo, noutra criança qualquer, resolvia-se fácil, fácil. Com um miúdo destes, tem de haver amor, resiliência e muita paciência. 




sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Um dia vou lá assistir

Macaquito odeia as aulas de formação musical, tem de escrever e nas palavras dele "o professor não é divertido, nem diz piadas..."
Contaram-me, entre outras, que numa aula destas o professor o mandou fazer uma leitura duma partitura.
- Eu faço a leitura mas tem de ser em homenagem à minha irmã Macaquita.
- Vá meninos, uma salva de palmas para a irmã do Macaquito. - pede o professor a todos os outros.
Não sei se o professor é divertido ou não mas lá paciente é com certeza. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Uma dúzia

E quando me faltar a coragem, basta-me olhar para ti, basta percorrer estes doze anos e copiar a tua resiliência, a tua ousadia. Certezas tenho muitas, que nunca será a vida a quebrar-te, nem a incerteza do caminho a percorrer, nem as dores que deixas vir mas às quais nunca te abraças. Sei que tens o coração do lado certo mesmo quando te fazes de disparate. Sei também que o teu lugar é comigo, que este caminho é para ser feito a dois, extingo qualquer dúvida no encaixe perfeito da tua mão na minha ou na curva do meu peito desenhada à medida do teu abraço. 
E sei, que quando me faltar a coragem basta-me voltar a ti e amar-te mais um bocadinho porque o tempo que vivemos juntos é a prova de que tudo é possível.
Parabéns macaquito, chegámos à dúzia. 

domingo, 6 de outubro de 2019

Saudades

Não tenho passeado na blogosfera, nem escrevo, nem leio. Por vezes tenho muitas saudades de vos ler e deixar abraços nos comentários. 
No pouco tempo que tenho, acabo sempre a preferir isto.


Mas tenho ali muito rascunho. 

Ah! Também fui votar.

Não abuses

Após uma pequenaaaaaaa altercação entre irmãos, Macaquito vem ter comigo verdadeiramente zangado, indignado e sobretudo, dramático, muito dramático.
-Mãe, isto é muuuuuito injusto. Porque é que tu tinhas de arranjar uma irmã, eu estou farto dela, porque é que eu não podia ser sempre filho único?? Ela é tão chata...
Faço o meu ar mais sério e respondo-lhe num tom pausado.
-Tens razão, ela é mesmo muito chata, também começo a ficar farta dela. Olha, resolvemos isto duma vez por todas, vamos dá-la para adopção!
Olhou para mim com os olhos esbugalhados e começou a torcer as mãos uma na outra.
-Errr... bem... Para adopção não mãe, eu até gosto dela e afinal ela já faz parte da família. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Princesa Diana

O melhor de se ter um filho deficiente é que com alguma facilidade se aprende a lidar com todo o tipo de pessoas. 

domingo, 18 de agosto de 2019

Duas luzes brancas


Entre muitas outras obsessões macaquito mais recentemente criou uma fixação por mapas e luzes de marcha atrás, controla todos os carros para perceber se têm uma ou duas luzes brancas quando alguém faz uma manobra, atribuindo suficiente ou muito bom consoante o número de luzes brancas.
Fomos à estação de comboios buscar uma pessoa, macaquito esperava ansiosamente a chegada do comboio que trazia um atraso de mais de 10 minutos, depois de controlar cada volta do ponteiro dos segundos e de ouvir a gravação que anunciava a chegada do comboio na linha número um, fixou os olhos na linha até ver a composição.
-Olha mãe, vem ali... Está a chegar! - gritava de entusiasmo. - Não acreditooooo! Mãe, mãe, o comboio vem em marcha atrás e tem MUITO BOM!!! 

terça-feira, 16 de julho de 2019

Não foi por acaso

Para ti miúda, que nunca baixas os braços. Que vais da lágrima à gargalhada em três segundos. Que fazes de adulta mesmo que não te peça e exageras nesse papel porque nem sempre te permito que sejas sempre criança. Desculpa que te faça crescer tão depressa, não era suposto. As voltas da nossa vida oprimiram o meu querer, sei que não te importas, melhor, sei que quase nunca te importas mas um dia, se não cresceres demais até lá, vou ignorar as birras e as queixinhas e poderás de novo ser a menina pequenina que não tem de se portar que nem gente grande. E olha que conheço gente grande que não te chega aos calcanhares.
Parabéns minha pequenina, pelos teus nove anos e por me encheres de orgulho a cada dia que passa. E obrigada, por me fazeres rir com as tuas calinadas dignas de uma miúda de nove anos e de não te importares com isso. De quereres sempre o meu abraço antes de adormecer. De ser o meu colo aquele que preferes para enxugar lágrimas.


sábado, 29 de junho de 2019

O que vale é que se ri de si própria

Enquanto comiam um lanche na praia e eu, chata, chamava a atenção para não porem as mãos na areia.
-Macaquita, lembras-te quando a avó te obrigou a comer o pão com areia na praia? - dizia macaquito entre gargalhadas.
-Obrigou a comer pão com areia??? - pergunto meio estupefacta.
-Sim! - responde ela a rir-se. -Mas não foi na praia, foi no furo do pneu.
-Onde? - pergunto já a rir.
-Oh mãe, tu sabes, aquele sitio onde fomos com a prima e a avó que tem a água mesmo gelada.
-Penedo Furado, macaquita, Penedo Furado!
E de seguida cantou "o carro do meu chefe tem um furo no pneu..." 

On Off

Cerca das 22 horas, enquanto dávamos um passeio.
-Mamã, o mar a esta hora ainda está ligado?
E agora sou eu quem pergunta :
-Estás a falar a sério??! 



terça-feira, 28 de maio de 2019

Experiências

Nunca tinha tocado um instrumento de sopro, (a flauta que está escondida numa gaveta há mais de 6 anos não conta). E agora experimenta o trompete e o bombardino e diz que tem jeito, um jeito extraordinário e eu faço o quê? Inscrevo-o na banda filarmónica ou abro uma loja de instrumentos musicais?


quinta-feira, 16 de maio de 2019

Sabe a música mas esqueceu-se da letra

Enquanto fazia os TPC's de matemática.
-Mãe, podes ajudar-me aqui nesta conta?
-Põe a conta em pé que eu vou já aí. -tenho de ir protelando a ajuda para que ganhe alguma autonomia, a maioria das coisas até sabe e consegue fazer sozinho mas muitas vezes tenho de me sentar ao lado apenas para que pegue no lápis.
-Já está, podes ajudar?
-Qual é a dúvida?
-Olha, a dúvida é fazer a conta!
-Deixa-te de tretas, começa por multiplicar o 6 por todos.
Uns minutooooooooooos depois.
-Já está mãe e agora?
-Deixa ver se não te esqueceste de nada... -sentei-me ao lado e fui corrigindo. -Aqui falta o que vem de trás. Soma lá, agora apaga e põe o resultado certo, isso. Vá, agora multiplica o 7 e põe os resultados na linha de baixo. 7X2?
-Essa é fácil, 14!
-Põe em baixo, boa! E agora, 7x9?
 
-Hummmmm....

-Hummmmm....

-Hummmmm....
 
-Hummmmm, acho que estás a perguntar isso à pessoa errada!

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Onde está... o Zé?

Hoje lembrei-me desta história no caminho para o trabalho e ri-me tanto como quando aconteceu.
Tinha macaquito aí uns 4 anos e meio e durante umas boas semanas falava muito num "Zé" que às vezes era "José" e outras "Senhor Zé". Ninguém sabia quem era o Zé, ele não conseguia explicar mas o pormenor da coisa é que o "Zé" vinha cá a casa muitas vezes. Quando? Querem saber quando?
-Quando a mamã vai tomar banho!!
A dada altura comecei a ficar atrapalhada com esta conversa, tentei indagar, tentei que me explicasse de todas as maneiras e mais algumas mas não conseguia perceber. Até que um dia, descobri quem era o "Zé".
-Olha mamã, o Zé!
O Zé era, naturalmente, o José Rodrigues dos Santos que apresentava o telejornal, programa preferido de macaquito na altura, ali estava ele... todos os dias...na minha cozinha... não no chuveiro.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Um dia deixo de o levar à rua

Fui beber um café e levei macaquito, sentei-me na esplanada e ele entrou para se meter com o dono do estabelecimento. Após uma catrefada de disparates que eu ouvia-a perfeitamente de onde me encontrava, apercebe-se que ainda não meteu conversa com um dos senhores presentes, apesar de não o conhecer.
-Bom dia cavalheiro, então como está o meu caro amigo? - pergunta no seu tom mais formal.
-Bom dia, olha, mais ou menos, estou mais ou menos. - responde-lhe o interpelado.
-Então, o que se passa? A sua esposa não o faz feliz? 

terça-feira, 9 de abril de 2019

Minueto

Os teus abraços nunca são sussurrados, apertas-me com força pela cintura ou pelo pescoço e apertas-me por muito tempo, sempre que te deixo nem que seja para dormir. Os teus abraços nunca são sussurrados, nem os teus protestos, sempre que te sentes preterida na atenção. Compreendes todos os porquês mas decerto te dou razão para que te sintas assim.
Quero então que saibas, que o meu orgulho em ti também não é sussurrado, o teu caminho não é mais pequeno, nem tem menos pedras e os teus pés bem assentes na terra sustentam a tua cabeça sempre na lua. Se eu fosse o que se diz de todas as mães, tu nunca duvidarias, por isso, terei de te dizer mais vezes o quanto me orgulho também de ti!

domingo, 17 de março de 2019

Melhor padrinho de sempre

No meu trabalho tínhamos três coelhos anões que, por serem duas fêmeas e um macho e por se reproduzirem que nem coelhos, já vão em treze. Tenho o hábito de tirar fotos e fazer vídeos dos nossos animais para mostrar aos miúdos e o resultado foi que macaquita se apaixonou por um dos coelhinhos da última ninhada e está farta de me pedir que o traga para casa.
Hoje ao deitar, estava na palhaçada com macaquito e veio à baila a história do coelhinho cinzento que a irmã tanto quer, e perguntei-lhe o que lhe havíamos de chamar:
-Huuummm, já sei! Ventoinha?! Não espera... Hélice!
-Hélice?- pergunto eu.
-Sim, o melhor na amigo da Alice é um coelho!
Portanto se algum dia convencermos o pai a trazer um coelho cá para casa, chamar-se-á Hélice in Wonderland.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Défice de atenção

-Hoje é terça feira, hoje é terça feira.... -canta macaquita assim que acorda.
-Pois é mas qual é a razão dessa felicidade toda?
-Hoje tenho natação, expressão plástica e ginástica e não vou estar quase tempo nenhum com a professora R. É o meu dia preferido.
Não me faz qualquer sentido pôr as competências académicas à frente de nada que os faça felizes, macaquita adora pintar e tocar violino e é particularmente boa nessas actividades, portanto, que se lixe a negativa a matemática (shiuuu, não a vou deixar ler este post) porque sei que é feliz a fazer um monte de outras coisas. Não consigo deixar de sentir orgulho quando me conta que brincou com aquela colega que ninguém gosta ou que teve vontade de chorar porque ninguém quis dar a mão à menina que tem Síndrome de Down.
-Se eu estivesse lá tinha-lhe dado a mão! - contava-me indignada, depois de toda a turma ter levado um ralhete da professora por causa da situação numa actividade que macaquita não frequenta.
Tem nas artes e nas competências sociais uma habilidade imensa, inversa à sua capacidade de concentração em sala de aula e eu sabendo de antemão que todo o esforço que faz para se sair bem nem sempre é compensado, sublinharei sempre que o coração dela é muito maior que zero que teve no último teste.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Ah pois, a motricidade fina e coiso...

Da única vez que duvidei de ti, a tua vontade sobrepôs-se à minha descrença e provaste, desta vez a mim, que para ti não há impossíveis, que quando tu queres, basta quereres. Era eu a dizer-te num tom condescendente que escolhesses outro instrumento e tu num dilúvio de emoções e histerismo a dizer que não, que era este que querias. Acedi na esperança que me contrariasses a dúvida mas duvidei, duvidei tanto.
E hoje, vejo-te dono das tuas notas, guerreiro contra todas as adversidades, vejo-te esforço e vontade e resoluto quando não atinges a nota certa mas ultrapassas a frustração e atacas de novo com a mão esquerda. Obrigada macaquito, tenho o peito cheio de orgulho e de um amor absolutamente desmesurado.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Há amores assim

Macaquita pediu-me umas moedas para comprar uma prenda do dia dos namorados no ATL da escola.
-Então, uma prenda dos namorados? Há alguma coisa que eu deva saber? -perguntei em jeito de brincadeira.
-Ohhh mãe, é para o V! Nós não somos namorados mas este dia é para as pessoas que nós gostamos muito não é só para namorados. 
Dou a mão à palmatória e partilho  convosco o que faz o meu coração bater a mil à hora.




quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

De todos os sorrisos do mundo o teu é o que mais nos importa

-Mãe, hoje sou eu que te vou contar uma história, pode ser? - pediu macaquita.
-Ok, conta lá mas tem de ser uma história pequenina que já passa muito da hora de dormir. 
-É uma história muito bonita sobre uma arca do tesouro. Quer dizer, é uma história sobre o inverno. No inverno as pessoas andam sempre de mau humor, chateadas com tudo, chateadas com a vida, mal dispostas, só dizem coisas más porque estão sempre mal dispostas e zangadas e de mau humor, nunca se riem e só fazem sorrisos à pressa... - contava a sua história de forma atabalhoada, repetindo sinónimos pois é repetindo sinónimos que dá ênfase ao que quer enfatizar. Sorri com a expressão "sorrisos à pressa" indaguei-me onde a teria lido ou ouvido. 
-A Maria um dia estava em casa à espera do pai e correu para o seu colo quando o ouviu chegar, o pai enxotou-a como se enxota um gato e disse-lhe que ela já não tinha idade para andar ao colo e a Maria ficou muito triste... - continuou a história até ao fim e rematou com um " É bonita, não é mãe? "
-É mesmo,  gostei muito mas agora tens de dormir.
-Achas que o pai anda sempre mal disposto por ser inverno?
-Sim, deve ser isso. - respondi-lhe a rir.
-É que ele já não dá gargalhadas e eu tenho saudades de ver o pai rir.
-O pai ri-se, só anda cansado e sem paciência, tens de ter tu paciência.
-Ele ri-se mas é só com a cara, é como os palhaços. Sabes, os palhaços são pessoas, às vezes estão tristes mas fazem rir os outros, riem-se com a cara, não é com o coração. As pessoas têm de se rir com o coração, só assim é que sabemos que estão felizes.
Abracei-a e dei-lhe um beijo de boa noite, sorri com o coração e mais uma vez fiquei com a certeza que alguma coisa estamos a fazer muito bem. Menos, talvez... sorrir!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Prioridades

Macaquito anda, mais uma vez, numa fase de muita ansiedade. Por causa disso, tem tido muita dificuldade em adormecer sozinho e pede sempre companhia até adormecer, normalmente, eu e o pai vamos à cama dele e da irmã à vez, sendo que temos sempre de ir os dois à cama dele.
-Mamã, hoje ficas comigo até adormecer?
-Sim, sabes bem que sim.
-Mas e se o pai quiser vir?
-Não queres que o pai venha um bocadinho?
-Não, mas também não quero que ele fique triste.
-Não fica, não te preocupes com isso.
Já estávamos na conversa há uns bons 10 minutos, quando o pai apareceu para me render.
-Desculpa pai, hoje não dá para vires para aqui. Sabes, tenho a agenda cheia,  se não te importares eu arranjo tempo para ti amanhã, ok?!

domingo, 13 de janeiro de 2019

Até que idade se vendem dentes a fadas???

-Mamã, acho que o avô Manel perdeu um dente. - o avô Manel na verdade é bisavô, tem 92 anos e nem estranhei que pudesse ter perdido um dente, só não estava a perceber o porquê da conversa.
-O avô Manel? Então?
-No Natal ele deu-me uma nota e de certeza que ele recebeu a nota da fada dos dentes.
-Da fada dos dentes? Não estou a perceber.
-Lembras-te quando perdi o dente na casa dos avós e estava uma nota debaixo da almofada? A nota que o avô me deu no Natal também estava assinada pela fada Moragui. Por isso de certeza que ele perdeu um dente e recebeu uma nota da fada. 

Dava um belo slogan

-Mãe o que é a Via Verde, por que é que tens de passar naquele quadradinho verde? - pergunta macaquito ao ouvir qualquer coisa relacionado com o assunto.
-Passamos na via com o quadradinho verde para não termos de parar. Quem não tem Via Verde tem de parar quando entra na autoestrada e tirar um bilhete nas portagens e à saída pára de novo para pagar. Estás a ver esta caixinha? - perguntei apontando para o vidro. -Quando passamos na via com o quadradinho verde, esta caixa dá uma informação a um computador onde entramos e onde saímos da autoestrada e o dinheiro da portagem é descontado no banco , na conta da mãe. Percebeste?
-Percebi! Na Via Verde é sempre a aviar.