quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O pacificador

Enquanto falo ao telefone com o irmão, oiço macaquita a interromper e a pedir o telefone, ele bem tenta contar tudo o que fez mas as constantes interrupções começam a deixá-lo nervoso.
-Espera, já te dou o telefone. - diz-lhe por diversas vezes e continua a falar. Ela insiste, desesperada e chata.
-Mãe, a macaquita não me deixa falar. Acho que tens de ter uma conversa com ela.
-Ignora-a, conta lá o teu dia que eu já lhe dou um puxão de orelhas.- digo a brincar.
-Não é preciso mamã, basta conversares com ela.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Desencontro azul

Descobrimo-la por acaso, fitei as asas deslumbrada, o tom de azul sussurrou-me ao ouvido. Naquele momento, hipnotizada pela cor, falei a língua de todos os insectos. Tenho a certeza que foi boa tarde que nos disse e depois continuou nos seus afazeres. Quis guardar a sua cor sem a fazer prisioneira, num ápice pressionei o botão, ela num misto de ostentação e pudor, posicionou-se no cardo e deixou-se fotografar. Subtilmente rodopiou e voou, despedindo-se com um silvo, soou a um voltem sempre. 



Diabinho

-Mamã emprestas-me o teu telemóvel um bocadinho?
Entreguei-lhe o telemóvel e desapareceu, passado bastante tempo apareceu, deu-me o telefone e começou a choramingar, com as mãos a tapar os ouvidos e muito atrapalhado.
-Mãe, desculpa. Eu sei que não devia mas não me consegui controlar. Eu mandei uma mensagem, desculpa mãe. Desculpa!
Peguei de novo no telefone ao mesmo tempo que lhe dizia que não fazia mal e o tentava acalmar. Assim que li a mensagem, comecei a rir e o ar de aflição dele transformou-se em gargalhada.

Suponho que quando recomeçarem as aulas, a conversa com a professora de apoio será bastante divertida.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Intervalo

Trago comigo a saudade que diluo com a lembrança do teu sorriso, prescrição perfeita para manifestações violentas de angústia ou daquele aperto no peito. Convoco o teu riso, trago-o ao meu imaginário aliado da gargalhada que só dás possuído pelo sono, é quando a soltas que tenho a certeza que está na hora de te deitar. Guardo-a na memória para que a distância entre um fim-de-semana e outro se revele mais curta. 
Sinto falta dos arrufos petulantes que finjo não admitir, fosse ela tão fácil quanto tu és e os meus dias não teriam metade da agitação, nem constância. Preciso das tempestades tanto quanto da bonança. Tivesses tu a saúde que dela transborda e ninguém me ouviria um lamento. Conto com os dois para ser feliz, conto os dias para o próximo abraço.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Passeios de fim de semana.

Enquanto Macaquita aprendia a melhor forma de não se esfolar toda de skate sem usar as protecções que me obriga a carregar, eu e Macaquito observávamos a vida animal. Sentado no ancoradouro, despertou a atenção do cisne que se foi aproximando até ele quase entrar em pânico e começar a gritar. A ave percebeu que estava ali a mais, afastou-se e exibiu-se para nós numa espécie de tréguas. 
De seguida deslocou-se para o outro lado e nós seguimo-lo, quando enfiou o pescoço dentro de água por tanto tempo que julgámos que tinha ficado com o mesmo preso no fundo, Macaquito deu a sua explicação.
-Sabes mamã, ele faz aquilo para se proteger do sol e "renerejar" as suas penas.




 

Ficção vs Realidade

Macaquito tem dificuldade em distinguir ficção e realidade, leva demasiado a sério o que vê na televisão e se já consegue perceber que desenhos animados são bonecos e não existem, quanto às séries com pessoas de verdade ainda fica muito baralhado. Isto leva-nos ao episódio que relatarei após o ponto de interrogação. Conhecem Chica Vampiro?
Fomos beber um café no sítio do costume. Macaquito adora ajudar o pessoal do café e a parte preferida é ajudar nos pagamentos que ali são feitos ao balcão.
Estávamos nós descansados à mesa, aparece um dos empregados, ria que nem um perdido enquanto dizia "esta foi a melhor de Macaquito". Eu começo logo a rir já imaginando que vinha dali disparate.
Um cliente, dirigiu-se ao balcão para pagar.
-Boa noite, o que deseja pagar? - pergunta Macaquito ao que o rapaz prontamente responde.
-Olha, o senhor tem dentes de vampiro.- diz Macaquito ao reparar nos proeminentes caninos do visado, os amigos do rapaz começam todos a rir.
-A sério, tem mesmo.- diz o miúdo verdadeiramente estupefacto e o rapaz sorri meio envergonhado sem saber o que dizer.
-O senhor é um vampiro? Quem é que lhe mordeu?

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Não sei quem é a outra

Confronto as saudades, atrevo-me a desafiá-las apenas com um telefonema, a maioria das vezes, perco a batalha, o som da voz nunca bastará para matá-las, apenas o abraço na estocada final. Perdi por ora esta batalha mas ganhei o sorriso e uma gargalhada.
-Como é? Vens hoje para casa?
-Huuummm, não sei.
-Ainda não tens saudades minhas?
-Claro que sim, continuas a ser a minha mãe preferida.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Macaquito fotógrafo #2


Onde quer que te leve, vejo-te sempre como uma extensão da paisagem. É a ti que sigo, é o teu olhar que observo que o teu olhar vê muito mais que o meu. Quem dera ter a tua imaginação ainda que nem sempre a consigas reproduzir ou explicar ou então sou eu que não te consigo entender. Eu vejo a montanha, já tu reparas na pequena pedra no meio da montanha, a tal que se assemelha a um sapo ou outra coisa qualquer. Abandono assim o óbvio e açambarco-te esse olhar único porque tu não vês, tu sentes a terra e o céu, fundes-te neles em jeito de contemplação.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ele é perfeito!

Fomos ali a um festival, foi um pouco a medo que decidi que desta vez iriam comigo, pesei todas as possibilidades e algumas eram bem pesadas, não obstante decidi que é importante vivenciarem coisas novas, saí da minha zona de conforto, que é a casa dos avós, meti-os dentro do carro e bora lá que se faz tarde.
Depressa se ambientaram, pela primeira vez na minha vida senti que não tinha de explicar a ninguém as parvoíces e os comportamentos bizarros de macaquito que na sua ânsia de ver tudo não parou um minuto, meteu conversa com toda a gente, pediu emprestado e usou todos os borrifadores de água até à última gota, devolvia-os aos respectivos donos sem nunca se enganar, aceitou todas as ofertas de chapéus e não ficou com nenhum pois fez questão de os oferecer a qualquer pessoa que lhe desse um sorriso em troca. Aguentou concertos até horas demasiado tardias para quem está habituado a dormir cedo, em troca de uns colos e da promessa de que no dia seguinte poderia voltar.
Correram descalços e sem camisola, cantaram, dançaram, fizeram e disseram alguns disparates mas nunca perderam o norte. Calor de dia, frio à noite, refeições sem horas ou regras, pés e mãos pretas mas tanta alegria, tanta gentileza e solidariedade entre as pessoas e acima de tudo, nem um revirar de olhos. 
Ficou-me a frase de uma miúda que, depois de macaquito deixar um monte de gente a rir com um disparate e a mim ligeiramente embaraçada, se chegou a mim e me disse com um sorriso de orelha a orelha:
-Ele é perfeito!
Fomos ali a um festival e foi perfeito.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Confirma-se, ela está em todo o lado!

Interlúdio não musical, só para confirmar a omnipresença da preferida da blogosfera. Peço desculpa aos outros festivaleiros por lhes ter interrompido o concerto na minha corrida para obter "A FOTO". A visada foi cooperante, posou e até sorriu (aquilo é um sorriso, não é?!)




Volto para vos contar o ritual de iniciação de macaquitos aos festivais de verão...






....lá para terça-feira.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Macaquito fotógrafo

Macaquito pede-me o telefone para jogar, costumo aceder quando vamos beber café, sei que não joga nada porque quando devolve tenho quase sempre uma notificação relativa ao espaço de armazenamento. Abro a galeria e está cheia de vídeos e fotos, dele próprio, de pessoas que não conheço e de coisas estranhas.  Sem filtros e pelo olho dele.


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Furto quase perfeito

Nos dias em que a Dona A vai a casa dos meus pais ajudar nas limpezas, é habitual que se sente com eles à hora do lanche. Da última vez, enquanto conversavam, o meu pai reparou em macaquito a rir-se sozinho na porta da cozinha com ar de quem estava a preparar alguma. E estava... 
Passado uns minutos, qual não é o espanto de Dona A quando olha para o seu copo de sumo e repara que estava vazio quando ela ainda nem tinha provado. No lugar do sumo estava uma palhinha que macaquito surripiou do copo das palhas no balcão e com a qual, sem ninguém se aperceber, bebeu o sumo da Dona A. Se tivesse tido a esperteza de tirar de lá a palha, haviam de ficar a pensar que o sumo evaporara.


De notar: estes comportamentos não são encorajados, muito pelo contrário mas rimo-nos a valer quando ele não está presente.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Gralha, tagarela, papagaio... respeitinho.

O avô partilha um vídeo de macaquito a lanchar no facecoiso (se pudermos chamar lanche a um pacote de batatas fritas) durante todo o vídeo mal ouço o pequeno visto que a avó parece uma matraca, habitual também, penso que até posso dizer que na nossa família é um problema genético. Faço um comentário "A avó é muito totó." esquecendo-me que o petiz já sabe ler e que tem acesso aos computadores lá de casa. Há dois dias que lhe ligo de manhã e é isto:
-Bom dia mamã, porque é que chamaste totó à avó? Isso não é bonito. 
-Mas... estava a brincar. Era só porque a avó não parava de falar e mal te consigo ouvir...
-Não devias chamar totó à avó.
E sem dizer mais nada, vai andando pela casa e eu a falar sozinha a pensar que ele está a ouvir até que entrega o telefone a alguém e só aí percebo o silêncio do outro lado do fio.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Nem os peixes aqui páram

Qual confusão de Agosto, por aqui não se vê vivalma e eu acho que sei porque fugiram....


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Ainda não estamos de férias...

A treinar afogamentos.

A treinar chapões.

A treinar o uso de bóia.



 ... mas temos ido aos treinos.