A minha filha é preconceituosa, para não lhe chamar outra coisa. Ontem disse-me que o D. tem uns olhos bonitos mas que não gosta dele porque "ele é castanho". Fiquei atónita, nunca me passou pela cabeça que ela pudesse dizer uma coisa destas. A minha reacção inicial foi de condescendência, obviamente tentei compreender o porquê daquelas palavras e explicar-lhe que as pessoas são todas iguais apesar da cor da pele, dos cabelos ou dos olhos. Ela teimou, voltando sempre à afirmação inicial. Quando há uns tempos, enquanto pintava me pediu o lápis "cor de pele", eu
dei-lhe vários lápis, vermelho, castanho, amarelo, rosa-claro, ficou a olhar para mim, então disse-lhe que essa cor não existia, que há vários tons de pele e pensei em levar a discussão à sala de aula pois em casa não usamos o termo.
dei-lhe vários lápis, vermelho, castanho, amarelo, rosa-claro, ficou a olhar para mim, então disse-lhe que essa cor não existia, que há vários tons de pele e pensei em levar a discussão à sala de aula pois em casa não usamos o termo.
Será normal na idade dela? Sempre supus que o exemplo parental e/ou contexto familiar falasse mais alto, terá o contexto escolar um peso tão grande na definição do carácter nesta idade? Ou estou a pôr demasiado peso e isto não será efectivamente um problema?
Realmente é de estranhar, pois se diz que a educação vem de casa. Se não foi isso que lhe ensinaste é estranho, talvez passe com a idade, vai-lhe dizendo que isso não é correto, que podia ser ela a "castanha"
ResponderEliminarBeijinhos
Tão fora de tudo o que lhe ensinamos.
EliminarBeijinho Nina
Acredito que os valores da família acabam por ter imenso peso na construção do carácter mas que é algo mais sólido a longo prazo. Ao longo de crescimento eles revêm-se muito nos pares e precisam de se sentir aceites, adoptando os seus pensamentos, posturas, comportamentos e trazendo para casa. Esse conflito que atingirá o seu pico na adolescência até pode ajudar a solidificar muita coisa. Quantas vezes precisamos de experimentar os dois lados para que um deles fique mais consistente?
ResponderEliminarHavendo espaço para se falar sobre esses assuntos, acredito que a semente fica lá no que toca a questões mais fundamentais.
A conversa dela é natural tendo em conta o que vai absorvendo de outros contextos, o que acontece é que muitos pais, devido à inocência típica dessas idades, relativizam demasiado e perdem nesses momentos a oportunidade de lhes explicar algumas coisas importantes como acabaste por fazer.
Eu também acho que em a ver com a integração na nova escola e a aceitação dos pares, foi para lá sem referência nenhuma a não ser uma primita afastada e uma miúda que tinha andado com ela na academia, faz tudo o que essas duas fazem e não brinca com mais ninguém porque "elas não deixam". Julgo que virá daí, tive duas queixas dela desde que está nesta escola (nunca tinha tido na academia) em ambas fez porque as amigas mandaram. As férias vão ajudar a trabalhar todas estas questões e muita paciência. Relativizar nunca, fiquei um bocado desiludida.
EliminarAcho que não se pode dramatizar, nem tão pouco dar demasiada importância! Acho que são fases e que elas passam! Claro que devemos ensinar-lhes e falar-lhes sobre a igualdade, descriminação e proconceito, para que saibam o que é e até mesmo dar-lhes a provar um bocadinho do que pode ser. Mas sem exageros, São só crianças...
ResponderEliminarO filho da minha cunhada está farto de lhe pedir uma "mana preta"! Aqui é positivo, e ele não tem qualquer mal no que diz... e é assim que devemos ver as coisas... sem mal!
Isso passa-lhe...
Dramatizar não mas fique desiludida tendo em conta as mensagens que tentamos passar no dia-a-dia, tendo em conta a condição do irmão. É claro que nos revemos como pais " o que estou a fazer mal", acredito que sim, que é uma fase. Parva mas uma fase!!
EliminarIsso passa, desde que lhe vás incutindo a ideia correcta, isso passa :)
ResponderEliminarNem que seja à martelada :D
EliminarOlá. É normal, sim. Nas salas de aula por onde passei, com miúdos dos primeiros anos, o lápis "cor de pele" circula todos os dias. Um dia, aborrecida com o facto de só dois ou três miúdos terem a dita cor, que ia passando de mesa em mesa, mostrei-lhes todas as outras possibilidades e apontei para o miúdo cor de chocolate: ele tem que cor de pele? rosinha? se forem pintar a cara dele, como fazem? Afinal, de que cor é a cor da pele? e fui apontando para as tonalidades todas que havia nas caras deles. Não resultou. E cá em casa, essa cor começou recentemente a circular, sem que alguma vez houvesse conversas que fossem nesse sentido. Passa, como todas as outras fases (acredito que sim).
ResponderEliminarÉ algo cultural, são conceitos tão enraizados que se consideram normais. É angustiante trabalhar no sentido contrário e perceber que não chegamos a lado nenhum. Continuo a acreditar que pouco a pouco se pode fazer a diferença.
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