quarta-feira, 22 de abril de 2020

Da escola em casa

Ao fim de um mês e tal resolvi parar, atingi o meu limite e só me dei conta quando gritava com os miúdos como se fosse louca. A primeira semana foi insana, como já referi num post anterior, depois de criarmos uma rotina, consegui com algum sacrifício de parte a parte, ir fazendo o que era suposto. 
Depois das férias da Páscoa o que mais temia aconteceu, a escola mudou tudo outra vez, tudo o que consegui alcançar nas semanas anteriores foi para o lixo. A gestão do espaço para conseguir trabalhar com ambos, foi para o lixo. A programação de rotinas e horários, foi para o lixo. O tempo criado para brincadeiras, arte, música fora do contexto escolar, foi para o lixo. 
Decidi, depois de chorar copiosamente, que não desistia sem experimentar e na segunda feira, começámos às 9h e terminámos às 19h10, 10 horas e 10 minutos de fichas, exercícios de educação física, matemática, português, história, tele-escola, etc. Fizemos pausas para comer obviamente, mas não fiz uma única tarefa doméstica. Não pegámos nos instrumentos musicais que era coisa que fazíamos diariamente durante o tempo de aulas. 
Desisti, melhor dizendo, resisti! Falei com os professores de ambos, comprometi-me a continuar a estudar com ambos, a realizar as atividades que são pedidas, a rever conteúdos e ensinar novos conteúdos mas ao nosso ritmo, sem tele-escola, sem obrigação de devolver todas fichas, sem vídeos para tudo e mais umas botas, acima de tudo sem pressão. 
Como mãe tenho um papel importante na vida dos meus filhos, que neste momento passa por substituir os professores, no entanto, nunca concordei com a escola actual, métodos obsoletos, pouco inclusiva e demasiado competitiva. Não vejo assim razão para transformar a minha casa naquilo com que nunca concordei, portanto, da mesma forma que não vou meter o bedelho na sala de aula e resigno-me ao ensino que cada um dos meus filhos recebe quando está na escola, também não vou permitir que a escola venha a minha casa dizer-me o que é melhor para a educação dos meus filhos.
A empatia e compreensão que recebi por parte dos professores, só me leva a crer que estou na direção certa, que tomei a decisão certa. Ouvir destes que estão a tentar chegar às estruturas coordenativas para alertar do risco de exaustão de famílias e professores e que se assim continuar corre-se o risco de tornar inúteis todos os esforços feitos até agora, tirou-me o peso na consciência de poder estar a desistir antes do tempo. 
Não vamos parar de aprender, vamos aprender mais devagar, vamos brincar mais, vamos fazer arte e música, vamos continuar macacos que os humanos estão todos doidos!

8 comentários:

  1. Eu ando a penar um bom bocado, que ando. 2 em tele trabalho, um de 2 anos e outro se 5 (já nem sei qual deles está mais terrorista, sp imbiquei p o mais velho, mas começo a achar q o segundo é bom aluno, ou o irmão bom professor), mas admito q mtas vezes já levantei as mãos p o céu por o meu puto (bem, ambos, mas um está mais perto) ainda n estar na escola. Não sei se aguentava essa merda.
    Aliás, eu até já cheguei a questionar cá por casa se n se deveria propor um adiamento p o miúdo entrar (coisa q será em Setembro), tentando justificar (não só, mas tb) com toda esta situação (mas a outra metade cá de casa n olhou com bons olhos...)... O pior é q eu n sei se este será o único confinamento... Em começando a regressar à normalidade, chegando o inverno... Não sei não...

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    1. Relativamente a atrasar a entrada no primeiro ciclo, sou totalmente de acordo quando eles vão ainda com 5 ou se não têm maturidade para tal. Em alguns miúdos pode ser contraproducente, é uma questão que tens de avaliar com o pai, claro e com a educadora. Eu já pedi para reterem macaquito 2 vezes,nao por questões de aprendizagem mas de maturidade e não acho que tenha perdido nada, ganhou maturidade e autonomia.
      E também não acredito que este seja o único confinamento, tenho um bocado de medo do que aí vem a partir de Maio...

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    2. O meu já vai fazer os 6 agora em Maio. Eu tb acho q ele tem pouca maturidade, mas ele é mm mto agitado, sinceramente n sei se o atrasar um ano serviria de mto... Acho que p o ano n terá mto mais, p aer totalmente honesta.
      E sim, tb tenho algum receio do que aí vem agora em Maio...

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  2. Tretas, vao mas é deixar os putos agarrados ao IPAD o dia todo...

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    1. A senhora não percebeu nada do que leu, pois não? Aqui não há IPads, aqui há computadores que são usados como recurso para estudar durante a semana e para outras coisas nas férias e ao fim de semana. Há um telemóvel que só é usado durante o tempo de escola para ligar aos pais e posso garantir que só é ligado ao final da última aula (se quiser até lhe envio os relatórios da aplicação onde controlo se cumpre ou não e garanto que sempre cumpriu). Há uma PlayStation que só é ligada ao fim de semana e nas férias e com tempos controlados. Agora não é diferente!

      Não sei como gere a sua casa mas não escrevo aqui para inglês ver, partilhei aqui aquilo que sinto e aquilo que tenho a certeza que muitas outras pessoas sentem mas não dizem por terem medo da reação de pessoas como a senhora (ou senhor).
      As pessoas podem comentar aqui sempre que quiserem (daí a caixa de comentários aberta) e a opinião até pode divergir da minha, visto que sou apologista da liberdade de expressão, a única coisa que peço é que as críticas sejam construtivas e acresçam alguma coisa ao que é dito.
      Volte sempre mas sem TRETAS :)

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    2. Realmente...
      O que vale é q esta malta deve ser toda o supra sumo da educação de petizes, e da razão em geral.
      Sp achei q qt mais comentam, piores devem ser.
      É como aqueles casais com 467 fotos por dia a mostrar a felicidade, acho sp que, em 90% dos casos, têm uma relação de merda

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  3. Força, minha querida! Os pais estão agora a ser uns guerreiros. Porque é isso mesmo... na sociedade há varios papeis. E os pais não são professores. Uma amiga em teletrabalho ainda ontem chorava comigo sobre a pressão de ser mãe, funcionária, esposa, professora, empregada... Não é humano!

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    1. As conversas que já tive com vários professores vão no sentido de ninguém estar confortável com esta situação. Não é admissível que se estejam a lecionar novos conteúdos pelas mais diversas razões. Primeiro pela injustiça que configura para os diversos agregados familiares, cada família, uma realidade diferente. Depois porque as avaliações vão ser as já conseguidas antes da pandemia e também porque para o ano os professores vão pegar onde ficaram.
      Eu adoro ensinar os meus filhos, nada me dá mais prazer que é consolidar as aprendizagens escolares pois sei exatamente de que forma eles conseguem aprender. Mas a tarefa que me (nos) foi delegada, é praticamente impossível de cumprir a menos que instituisse uma rotina de dia a dia igual a um dia na escola. É esse não é o meu papel.
      Cumprimos todo o trabalho pedido, assistimos às aulas em zoom mas não assistimos às aulas na televisão e não reenvio os todos os trabalhos, apenas os que os professores indicam como de avaliação.
      Estamos estourados, a minha filha nos últimos tempos tem tido crises de ansiedade que só percebemos que eram crises de ansiedade tarde demais. É profundamente injusto o que estamos, nós sociedade, a fazer às nossas crianças.
      Reitero o que já disse muitas vezes, não vai ficar tudo bem!
      Abraço Raven :)

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Dá cá bananinhas!