quinta-feira, 24 de março de 2016

Uma espécie de passatempo #2

As rotinas fazem parte do nosso dia a dia, o facto de ele conseguir antecipar os acontecimentos dá-lhe autonomia e uma certa segurança. Com o passar do tempo conseguimos perceber que já não são fundamentais em determinadas situações e já parte dele próprio a alteração das mesmas. Em dias menos bons, qualquer alteração pode resultar num comportamento atípico.
Há quem ache fundamental que a criança autista siga um estrito sistema de rotinas, eu, pouco dada a fundamentalismos, valorizo-as se forem muito relevantes, no entanto, persisto na ideia de que devemos lutar contra elas para evitar situações de grande desgaste emocional no caso de uma imprevisibilidade.

A Nina no seu texto, escrito pelo olhos de uma criança, conta-nos uma história de amor e rotinas.

Conheço uma menina autista que mora no meu prédio, chama-se Sofia e apesar de eu não ser autista, gosto de fazer sempre o mesmo todos os dias e pela mesma ordem. Gosto de levantar e antes de ir para a escola abrir a janela mesmo que esteja a chover e ver a chuva e até ficar debaixo dela, gosto de ver televisão, tomar o pequeno-almoço, tem de ser sempre com a mesma caneca e depois sim, ir para a escola. Gosto de fazer as coisas por esta ordem e se assim não for fico rabugenta.
Essa minha amiga, embora ela não fale muito para mim, é a minha amiga preferida, porque gosta de fazer as coisas como eu e por isso às vezes vou para ao pé dela e fico a vê-la brincar. Falamos pouco, mas acho que ela também gosta de mim.

4 comentários:

  1. Olá Be, sei pouco sobre autismo, quando vi o que pediste, fui pesquisar um pouco e vi que realmente os autistas não "querem" ser contrariados e tudo tem de ser como eles entendem que deve ser. Daí eu ter escrito esse texto. Porque eu acho que não só os autistas são assim, há pessoas que se dizem normais, mas no fundo também são um pouco como eles, eu própria acho-me em certos aspetos muito parecida com eles (gosto de tudo certinho).
    Que tenhas sempre esse amor para dar.
    Beijinho Be

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    1. E nós agradecemos a dedicação e o carinho com que escreveste. Assim faz mais sentido.
      Beijinho

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  2. Não tens de agradecer, tenho muito respeito por todos os que são "diferentes"
    A ti, só te admiro.
    Beijinhos

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Dá cá bananinhas!