quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Bullying, outra vez?!

Não me recordo de quantas vezes falei de bullying aqui, ou de histórias que envolvem bullying, mais ou menos dissimulado.
Não sei quantas vezes fui à escola falar com os professores para tentar anular os comportamentos de bullying dos colegas para com macaquito.
Não sei quantos e-mails já enviei para os diretores de turma, a explicar situações de bullying para com macaquito, ocorridas nos intervalos das aulas. Para que conversem com os miúdos, com os pais, sem consequências disciplinares, para apaziguarem a situação.
Não sei quantas vezes já "desvalorizei" situações de bullying nas conversas com o meu filho, apenas para que ele as consiga desvalorizar também e dar os passos que lhe peço, ignorar, continuar a andar e esquecer. Como se fosse possível...
Não sei quantas vezes macaquita chegou a casa alterada porque teve de intervir com miúdos da escola que estão a atacar o irmão, pondo em causa a sua integridade física para o defender de putos que chegam a ter mais vinte centímetros que ela.
Sei, que apenas uma vez, fiz a loucura de esperar um puto perto da escola e apertei-o tanto no braço que fiquei com os dedos a doer. Resolvi, da pior maneira possível, uma situação que se arrastava há dois anos e que ninguém na escola tinha conseguido resolver.
A minha frase de hoje para os meus dois filhos foi: tenho vontade de entrar na escola e ir duma ponta à outra, a distribuir lambadas e acabar com isto de uma vez por todas. 
Já li e reli todos os artigos que dizem respeito a bullying e autismo, isto porque há dias em que me sinto tão desesperada e estúpida que acredito que vou encontrar a solução milagre numa pesquisa do google ou num artigo de jornal.
"As pessoas com deficiências têm sete vezes mais probabilidade...."
"Ensine o seu filho a lidar com o bullying..."
Ensino o meu filho? A sério? Ensino os meus filhos desde cedo que não devem gozar com ninguém seja por que razão for, que se tiverem alguma coisa a dizer que o digam mas com a educação e o respeito que gostariam de ter de volta. Que defendam os precisam deles e não os mais populares. E eles aprenderam, de muito pequeninos... Fico muito orgulhosa quando os professores da minha filha enaltecem a sua maturidade, empatia e os comportamentos, irrepreensíveis! Macaquito por vezes tem comportamentos desadequados e de imitação mas isso vale ser castigado, independentemente da sua compulsão e incapacidade de se regular. 
Fala-se muito de bullying quando aparece um vídeo nas redes sociais ou quando acontece uma desgraça mas se as escolas tivessem câmeras nos pátios ou corredores, haveria com certeza, vídeos para os próximos cem anos. 
Macaquito estava tão transtornado hoje que bastou olhar para os punhos cerrados para perceber que a escola não tinha corrido bem.

-Não, não quero falar sobre o meu dia. Fala com a mana, ela conta-te! - e mais não disse.

Como é que se acaba com isto?


6 comentários:

  1. Há comportamentos que me deixam fora de mim, sem esperança e completamente à toa. Não sei como é que se acaba com isto, que revolta. Nem sei o que lhe dizer, fiquei sem palavras.

    Mando-lhe um abraço apertado e outro ainda mais forte para o Macaquito

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    1. Eu não perco a esperança mas há dias em que perco a paciência e as estribeiras. É duro para ele, até porque no momento não sabe reagir ou não consegue.
      Não há estratégia que repare estas marcas.

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  2. Escrevi um longo texto, mas no final de contas o que lhe quero dizer é:
    Quem lhe diz para aprender e ensinar a lidar com o bullying, a relativizar e a esquecer que vá para um lugar feio que eu cá sei. Que os pais e professores que legitimam o bullying vão junto.
    Que compreendo e acho aceitável que perca as estribeiras e seja politicamente incorreta.

    Que lhe envio um abraço virtual e lhe desejo que continue a ter força e coragem para a viagem que tem pela frente.

    Isa

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    1. Obrigada, aqui há uns tempos a falar com uma mãe de uma miúda com uma síndrome complicada, disse que acima de tudo estava cansada disto tudo, da falta de respostas da escola nas mais diversas questões (falta de técnicos, professores, auxiliares e sobretudo vontade de resolver problemas), da legitimação do bullying, das terapias, das consultas... E disse-lhe "São 14 anos disto! Quando as pessoas dizem que tenho muita coragem, tenho muita vontade de responder que não imaginam quantas vezes já me apeteceu desistir."
      Ela respondeu-me: "São 20 por aqui, a força ainda não falta mas a coragem por vezes desvanece!"
      Mas cá estamos, um dia para baixo, três para cima!
      Abraço Isa 💙

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    2. Sou cuidadora de uma mãe dependente há quase uma maioridade... não sendo igual (um filho é uma responsabilidade maior, se assim posso dizer) é difícil e há dias em que sinto tanto o peso da rotina e da responsabilidade que vou abaixo, por isso entendo esse "dia para para baixo e três para cima" :) Existe uma força que aparece não sei de onde que me leva a ter energia, esperança e alegria, e lá vai mais um dia, um mês, um ano.
      E a vida com alegria, riso e um bocado de parvoíce é mais fácil de levar.

      Abraço
      Isa

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    3. Não há responsabilidades maiores, há responsabilidades. Sei também o que é cuidar de um dependente adulto. Já passámos por isso também...
      Ao contrário do que muita gente pensa, nem tudo se faz, pelas mais diversas razões.
      Mas aqui estamos, um dia distribuímos lágrimas, noutros gargalhadas.
      Coragem Isa e um grande abraço ❤

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Dá cá bananinhas!