A minha descrença na humanidade acentua-se quando ouço uma criança, de idade aproximada às minhas, dizer numa reunião onde nem sequer deveria estar presente sobre o quanto se sente injustiçado em sala de aula quando um qualquer professor dá preferência aos meninos que têm mais dificuldades, menosprezando a capacidade dos mais inteligentes da turma que também põem o dedo no ar e quase nunca são preferidos.
Não menosprezando a legítima vontade da criança de querer mostrar a sua inteligência, o que me repugna profundamente é a anuência de cabeça da progenitora, o ar de infelicidade ao mesmo tempo que corrobora as palavras do petiz, a par com concordância da subdiretora do agrupamento que deu o mote a esta intervenção para me responder com um argumento falacioso que os meninos com mais dificuldades têm um excelente acompanhamento ao ponto de se pôr em causa a educação dos alunos de excelência académica.
Faltou-lhe, ao petiz, alguma robustez no discurso, fruto da sua tenra idade, e a mim faltou-me a coragem ou insensatez para contra-argumentar pois não tenho por hábito levantar espadas contra crianças.
Estou habituada a encarregados de educação que julgam ter os seus educandos deveras prejudicados por partilharem aulas com crianças com necessidades educativas especiais, obviamente que compreendo que o discurso será repassado em casa como uma doutrina e que nem todos temos a capacidade de educar para a empatia. O que não engulo são discursos corrompidos de uma subdiretora que desvaloriza a incapacidade do sistema de ensino no que diz respeito à educação especial, através de argumentos que entusiasmam a maioria porque essa maioria não faz a mais pálida ideia do que é condescender.