quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

De todos os sorrisos do mundo o teu é o que mais nos importa

-Mãe, hoje sou eu que te vou contar uma história, pode ser? - pediu macaquita.
-Ok, conta lá mas tem de ser uma história pequenina que já passa muito da hora de dormir. 
-É uma história muito bonita sobre uma arca do tesouro. Quer dizer, é uma história sobre o inverno. No inverno as pessoas andam sempre de mau humor, chateadas com tudo, chateadas com a vida, mal dispostas, só dizem coisas más porque estão sempre mal dispostas e zangadas e de mau humor, nunca se riem e só fazem sorrisos à pressa... - contava a sua história de forma atabalhoada, repetindo sinónimos pois é repetindo sinónimos que dá ênfase ao que quer enfatizar. Sorri com a expressão "sorrisos à pressa" indaguei-me onde a teria lido ou ouvido. 
-A Maria um dia estava em casa à espera do pai e correu para o seu colo quando o ouviu chegar, o pai enxotou-a como se enxota um gato e disse-lhe que ela já não tinha idade para andar ao colo e a Maria ficou muito triste... - continuou a história até ao fim e rematou com um " É bonita, não é mãe? "
-É mesmo,  gostei muito mas agora tens de dormir.
-Achas que o pai anda sempre mal disposto por ser inverno?
-Sim, deve ser isso. - respondi-lhe a rir.
-É que ele já não dá gargalhadas e eu tenho saudades de ver o pai rir.
-O pai ri-se, só anda cansado e sem paciência, tens de ter tu paciência.
-Ele ri-se mas é só com a cara, é como os palhaços. Sabes, os palhaços são pessoas, às vezes estão tristes mas fazem rir os outros, riem-se com a cara, não é com o coração. As pessoas têm de se rir com o coração, só assim é que sabemos que estão felizes.
Abracei-a e dei-lhe um beijo de boa noite, sorri com o coração e mais uma vez fiquei com a certeza que alguma coisa estamos a fazer muito bem. Menos, talvez... sorrir!

2 comentários:

  1. Realmente é com histórias dessas que nós pais percebemos que alguma coisa (eu diria muita coisa!) estamos a fazer bem.
    Como eu costumo dizer, é nos detalhes que se vê que ainda podemos ter esperança no futuro.

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    1. E são tantos detalhes. Tenho filhos muito bonitos, são traquinas mas qualquer um deles com um coração enorme, espero que a vida não os " estrague".

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Dá cá bananinhas!