quarta-feira, 7 de junho de 2017

Utopia

Queria poder sentar-me numa roda todos os dias, como hoje, rodeada de miúdos. Felizes, orgulhosos de si mesmos, excitados e contentes com aquilo que fizeram, ansiosos por uma avaliação que nunca lhes darei independentemente do resultado final. O sorriso aberto e o tu consentido será a única nota que receberão. 
Queria um aceno de mais ou menos acompanhado daquele sorriso malandro, quando lhe pergunto como se portou hoje sabendo de antemão a resposta, ele, um dos terríveis "um horror" que tem sempre um olá para mim e que se senta no meu colo, ansiando o abraço sempre que tem a oportunidade.
Queria ter sido outra coisa qualquer que me permitisse enredá-los no meu colo, explicar-lhes que pertencer ao quadro de mérito não é assim tão importante se não soubermos que um lápis castanho também pode ser cor de pele. 
Queria poder dar a todos a oportunidade do papel principal mesmo que tenham dificuldade em decorar e ou de pintarem um quadro mesmo que não saibam a cor do sol.
Queria poder ser para sempre a mãe ET que alguns pais olham com condescendência e outros com inveja porque como diz alguém muito especial "até tenho um filho deficiente e gosto dele!".
Queria ser aquilo que sou e não me sentir tão sozinha.

6 comentários:

  1. Querida Be, isso é Amor, e o amor, nessa dimensão e com essa dimensão, é um "acto" solitário. Pobres dos que não o sentem assim.
    Tu és linda dessa maneira. A solidão só existe pela tua raridade.
    Também quero um abracinho terrível.

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    1. Tenho sempre um abraço para os terríveis, terrível Blue :)

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  2. Não te sintas sozinha Be, não estás de todo só. Um beijinho e um abraço apertado, estamos juntas.

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    1. Obrigada Tónicha, sei que não estou só e que a cada dia que passa há mais alguém a pensar como eu. Mas tem alturas em que é esgotante lutar pelas coisas em que acreditamos e parecer que remamos na direcção contrária ao resto do mundo. Para muita gente está tudo muito correcto até à altura em que é preciso arregaçar as mangas, porque fazer bem (ou melhor, pelo menos) dá muito trabalho.
      Abraço também para ti

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Dá cá bananinhas!