terça-feira, 9 de junho de 2015

Ser normal...

Às vezes não entendo o meu filho, não lhe percebo as birras, indago todos os sons, toques, cheiros e tento entender o que provocou certo estado, penso qual foi a rotina que mudou e mesmo assim não chego lá, nem sempre consigo entendê-lo. Sei que não são birras, sei que são interferências ao bem estar dele, nem sei o que lhes hei-de chamar. 
O meu filho não sofre apenas de desordem do autismo, essa foi a última das maleitas que o atingiu, ou melhor, a maldita já lá estava mas foi a última a ter um diagnóstico.

 "di.ag.nós.ti.co
subst. m.
1. acto de reconhecer uma doença: fazer um diagnóstico
"
(francês diagnostic)

"diagnóstico", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/diagn%C3%B3stico [consultado em 09-06-2015].
ddi·ag·nós·ti·co
(francês diagnostic)

substantivo masculino

1. Classificação de doença pelos seus sintomas.

2. Conjunto desses sintomas.

adjectivo

3. Relativo à diagnose.

"diagnóstico", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/diagn%C3%B3stico [consultado em 09-06-2015].
di·ag·nós·ti·co
(francês diagnostic)

substantivo masculino

1. Classificação de doença pelos seus sintomas.

2. Conjunto desses sintomas.

adjectivo

3. Relativo à diagnose.

"diagnóstico", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/diagn%C3%B3stico [consultado em 09-06-2015].
di·ag·nós·ti·co
(francês diagnostic)

"diagnóstico", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/diagn%C3%B3stico [consultado em 09-06-2015].

2. nome feio que os médicos escrevem num papel.
No caso dele, fui eu que insisti, não me assustam os nomes das doenças, assusta-me a ignorância e por conseguinte não saber lidar com o abstracto. Mas como disse lá atrás, ele não é apenas autista, ele tem uma doença rara com um nome estranho, mais um nome feio que o tornou num ser hipersensível ao som e ao toque, as gotas azuis que lhe imponho, impedem que tenha ataques que lhe toldam os movimentos e lhe páram a respiração mas a hipersensibilidade está lá e junto com o autismo, são uma espécie de cocktail explosivo que lhe provoca reacções inesperadas devido a coisas que só ele ouve ou sente.
Por tudo isto, às vezes não lhe entendo as birras e os outros também não!
Por tudo isto, às vezes nem tento explicar porque é que ele está a chorar com as mãos nos ouvidos, está assim apenas porque sim.
Por tudo isto, recebo olhares que trespassam, olhares de outros pais nos baloiços ou no restaurante e mando-os para aquela conta em pensamento.
Por tudo isto, insisto em que participe em todas as actividades que as outras crianças fazem e sei que vão haver sempre aquelas pessoas que olham de lado porque ele não é capaz ou não entende!
Por tudo isto, às vezes apetece-me dizer foda-se, às vezes digo.
Nunca fui uma mãe normal, tenho-o assim desde o dia que nasceu, portanto, não sei o que é ser uma mãe normal, fui sempre uma mãe preocupada com di.ag.nós.ti.cos, con.sul.tas e te.ra.pi.as.
Rio-me das mães que choram muito porque "o menino está ranhosinho", as mães normais, as que lançam olhares assassinos às birras do meu filho. A mim nunca me foi dada essa oportunidade, de ser uma mãe normal. E por isso finjo que choro quando a minha filha está ranhosinha. 
Às vezes não entendo o meu filho, às vezes pergunto porque não sou uma mãe normal, às vezes digo foda-se!

8 comentários:

  1. Querida Be,
    Às vezes (d)escreve cenas que são... isso.
    Um beijo,
    Outro Ente.

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  2. Não sendo uma mãe normal, és uma super mãe.

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  3. E parece-me q tens todo o dto de dizer foda-se. Se até eu o digo :)

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  4. Oh Be, não és mesmo a única, eu também digo a minha quota parte de foda-se. Há cenas tramadas, dias tramados... Mas também temos cenas muito boas, pois aprendemos a valorizar aquilo que outros pais (aqueles que deitam aquele olhar às birras dos nossos meninos) nem se apercebem.
    Beijinhos, és uma mãe coragem.

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    Respostas
    1. Só vi o teu comentário agora, isto de não ter comentários moderados e de perceber népias de blogs....
      Mãe coragem somos todas, é fácil lidar com eles, difícil é fazer as pessoas perceberam o quão especiais e corajosos são. E como por vezes a vida já lhes é madrasta o suficiente.
      Beijinho

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