sexta-feira, 15 de maio de 2015

Pequenos futuros bullies

Ironia do destino, pela segunda vez este ano macaquito também foi vítima de colegas parvos, que eu saiba é a segunda vez este ano porque ele conta tudo mas isto não, suponho que o ameacem. Pensei em escrever sobre o assunto mas surgiu a polémica do vídeo, o qual não vi nem tenho vontade de comentar, daí guardei o post nos rascunhos, até hoje.
Uma manhã desta semana fui levar macaquito à escola e por andar desconfiada que algo não corria bem, fingi que ia para o carro e voltei atrás. Pumba, lá estavam os 3 ou 4 rufias do costume a rodeá-lo e ele levantava o pescoço e gritava com eles, reacção que tem sempre que sente medo. Verifiquei que chegava em segurança e pensei e repensei o que deveria fazer. Conclui que seria melhor perguntar-lhe na escola, com a presença de professores e auxiliares pois já referi o assunto demasiadas vezes e nunca foi tido em grande conta.
Assim fiz, a muito custo lá disse que lhe chamavam deficiente e autista, palavras que nunca usamos em casa e que ele nem sabe o significado. Pediram-me que no outro dia de manhã identificasse as crianças, porque é de crianças que falamos, são meninos com 9/ 10 anos no máximo, para que o assunto fosse resolvido.
Levei-o pela mão à escola e assim que chegámos ao portão de entrada, reconheci um dos meninos e chamei-o, ficou vermelho, olhos brilhantes e perguntava porquê. Disse-lhe que não precisava de sentir medo, que íamos apenas conversar. Sem lhe perguntar nada, enquanto aguardávamos pelas professoras, que nem mini-bufo debitou o nome de todos os amiguitos da maldade.
"Eu não fiz nada ao Macaquito, foi o X, o Y e o Z...
" Ainda bem que sabes quem são, assim podes dizer isso aqui à professora e também sabes o nome dele mas não é isso que lhe chamas, pois não?"
Quando a professora chegou, a auxiliar foi com o tal menino chamar os outros e voltou sem ele. Perguntei por ele e a criança, de esperto que é, acusou os outros mas afirmou que não tinha nada a ver com assunto. Reiterei no pedido de que estivesse presente porque era o único que eu conseguira identificar por mim e o qual já tinha sido avisado pelo mesmo motivo no início do ano.
Entrou na sala a chorar baba e ranho, levaram um responso, uma lição sobre igualdade e respeito pelos outros, tomaram por eles a iniciativa de pedir desculpa a macaquito que lhe respondeu com um forte aperto de mão e um pedido:
"Agora já brincam comigo no intervalo?"
Ri-me da inocência dele, eles nunca vão brincar com ele, podem deixar de pegar com ele mas vão fazê-lo a outros, duvido muito que a conversa resolva muita coisa, por muito que queira acreditar que sim, continuo a achar que nem todos os pais  fazem a mais pequena ideia dos comportamentos dos filhos na escola e a escola tem culpa porque na maioria das vezes, estas histórias ficam confinadas àquelas paredes.
Conclusões que tiro desta história:
-Falta formação aos professores e auxiliares para lidar com estas situações.
-Os pais (não todos) educam os filhos o melhor que sabem, nem sempre corre bem.
-Os mais fracos, os pequenos, os diferentes, os gordos, os que usam óculos vão sempre levar no totiço.
-Os "mais maus" quando lhes apertam os tomates, são os que choram mais e bufam tudo!!
Talvez tivesse feito melhor se deixasse pai macaco resolver o assunto com um puxão de orelhas nos putos mas não sou capaz, no entanto, tenho de lhe dar razão quando me disse:
"Tens noção que isto está apenas a começar??!"

16 comentários:

  1. Olhe, Be, deixou de lágrimas nos olhos. E apetecia-me dar-lhe um abraço (e aqui vai ele).
    Partilhe, partilhe sempre, há mães a começar agora, partilhe.

    Um beijos

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    1. Gosto mais de partilhar as coisas divertidas mas é importante reflectir sobre estas coisas. Ninguém tem soluções definitivas mas a partilha de ideias é fundamental. Cá vai outro abraço.
      Beijinho

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  2. Já o disse e reafirmo: parabéns aos "macaquitos" pelos pais que têm. Neste caso, pela super-mãe.

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    1. Não sei se sou uma super mãe, faço o melhor que sei e até agora tenho-me safado. O danado do puto, apesar de tudo, é um puto feliz.
      Beijinho

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  3. Querida Be,
    Lamento tanto a situação que descreve. Parabéns por estar assim atenta. Os pais dos outros meninos têm o direito de saber o que se passa, precisamente para poderem intervir e educar. Não podemos resolver um problema que não sabemos que existe.
    Um beijo,
    Outro Ente.

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    1. Completamente de acordo. Na escola julgam que não, só chamam os pais quando já não conseguem intervir. Pedi que os pais dos meninos fossem informados pelos respectivos professores.
      E estar atenta é mesmo só uma questão de os ouvir, mesmo que eles não falem, o meu molha os lençóis....
      Beijo

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  4. Enquanto lia ferrou-se um aperto no coração...porque sou mãe, porque tenho medo (quase incontrolável) que algo do género aconteça ao meu piolho. Porque é pequeno. Porque começou a falar mais tarde. Por que é "diferente". Porque não se defende e prefere chamar um adulto. Porque nem sempre vai haver um adulto por perto.

    Bjs para vcs

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    1. Maria, esse aperto no coração é normal. Como é óbvio, não vamos poder estar sempre presentes mas podemos sempre estar atentos, os sinais aparecem. E na eventualidade de algo errado acontecer, o seu piolho, vai ter sempre os braços da mãe para o confortar. Pensamento positivo e sorriso no rosto.
      Beijo

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  5. depois de anos e anos de campanhas pela igualdade, pelo respeito pelas diferenças há ainda muito por fazer...para não dizer tudo!
    Os relatos como o teu são bons abre-olhos para realidades que muitos de nós desconhecemos.
    Beijo

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    1. É verdade, falta bom senso, Acho que já disse isto aqui no blog mas o preconceito não é inato, é a sociedade que nos molda. E aí somos todos responsáveis, pais, professores família, amigos. No fundo, queremos todos ser diferentes e originais mas que nos perdoem os que são de alguma forma "anormais" ou com diferentes orientações religiosas, sexuais, etc.
      Beijo

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  6. Sabes o que temo? Que ao educarmos os nossos filhos para serem bons, mesmo bons, boas pessoas, mais frágeis e vulneráveis se tornem perante certo tipo de crianças.

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    1. É sempre um pau de dois bicos, pensarmos que fazemos o nosso melhor e no entanto, estarmos a fragilizá-los. Mas também não me vejo a ser doutra forma e acredito que a maioria das pessoas também não.

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  7. Be, mas eles têm também de aprender a defenderem-se. Falo de todas as crianças em geral. Lamento, mas no mundo de hoje, não podem dar a outra face.
    Agiste bem.
    Ana

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    1. Por incrível que pareça sempre lhes disse que não batessem em outras crianças mas caso os outros lhe batessem primeiro que se podiam defender. Não o fazem com criança nenhuma, entre eles já se batem. O argumento deles é que se se defenderem e baterem noutra criança, ficam de castigo. E eu até os percebo...

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Dá cá bananinhas!