sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Eu nem sabia que ele era bombeiro

 Tinha menos de uma hora para uma pequena lista de compras, entre ir buscar macaquito e posteriormente a irmã, tempo mais que suficiente se não me perdesse à procura das prateleiras ou de macaquito, por isso preparei-o ainda no carro.
-Olha, vamos ali fazer umas compras mas não podes fugir de mim, nem fazer disparates.
-Sim mas temos de pagar na caixa número 6, está bem?
-Sim, tudo bem.
Entrámos no supermercado e ele diz-me logo num tom demasiado dramático.
-A caixa 6 está fechada, o que vai ser de nós?
Comecei as compras e ele sempre a reclamar, já estávamos de saída e ouve-se nos altifalantes.
"Estimados clientes, a caixa número 6 vai abrir..."
-Olha mãe, a caixa 6 vai abrir, podemos ir para lá? Podemos?
-Sim, vai andando que eu vou só buscar mais uma coisa.
Entre ir e vir, juro que não demorei mais de 30 segundos
"Estimado clientes a caixa número 6 vai encerrar..."
A cara dele dividia-se entre a estupefacção e o desânimo. Escolho outra fila e encontro a professora dele do primeiro ano, que me dizia que já se vinha a rir porque já o tinha ouvido na outra ponta da loja. Enquanto esperávamos vez, conversámos um pouco e ele aproveitou para se pisgar para o lado de fora das caixas. Dirigi-se à caixa 5 e faz um inquérito ao funcionário sobre o porquê de não estar a caixa 6 aberta, isto claro, recheado de sugestões de funcionamento da própria superfície comercial. O rapaz, cheio de boa vontade e provavelmente farto de o ouvir diz-lhe assim:
-Olha, ficas responsável pela caixa número 6. Vens para aqui trabalhar e a caixa 6 é tua.
Ele corre até ao pé de mim.
-Mãe, ouviste? O senhor disse que eu sou responsável pela caixa 6, por isso, vais buscar a mana e depois vens-me cá buscar.
-Claro que sim, sem problema mas se ficares, tens de fazer o turno completo, por isso, só te venho buscar amanhã de manhã. - com filhos deste calibre tem de se ter destreza mental e argumentos prontos na ponta da língua.
-Ah! Ok...-(e agora o que é que faço??)
Corre de novo para a caixa 5 e diz muito depressa.
-Olhe senhor, eu não posso ficar porque a minha mãe está com um bocadinho de pressa mas amanhã de manhã venho cá assinar contrato!
O silêncio das pessoas que estavam todas atentas à conversa, transformou-se em gargalhada. Ele corre de novo para mim.
-Mãe, mãe, amanhã venho cá assinar contrato mas tens de passar nos bombeiros e dizer que eu já não posso trabalhar mais para eles.


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Isto não é um blog de culinária

Mas deixo-vos a receita dos "croquetes da avó", um pedido tão querido na caixa de comentários que não podia deixar de satisfazer. Não me responsabilizo pela vossa saúde, posso afirmar que em 40 anos, muito poucas (dá para contar pelos dedos) foram as refeições que desfrutei, feitas pela minha mãe. Já macaquito conseguiu o impossível, fez com que a avó passasse a porta da cozinha sem ser para comer, podem não acreditar mas isso é um feito incrível.

Ingredientes:

200 gr de carne (pode-se aproveitar sobras de uma refeição, porco, galinha, coelho, etc)

3 colheres de sopa de azeite
1 ou 2 dentes de alho grandes
1 folha de louro,
1 cebola muito bem picada,
60 gr de maizena
mais ou menos 2 dl de água
2 ovos
um pouco de tomate pelado
sal q.b,
pimenta q.b, ou um pouco de noz moscada,
farinha de mandioca, para substituir o pão ralado


Preparação:
Refoga-se o azeite, alho, cebola e louro, até a cebola alourar, junta-se o tomate e deixa-se refogar um pouco mais. De seguida junta-se a maizena desfeita na água e mexe-se sempre em lume brando até se descolar do fundo do tacho. Entretanto, junta-se a carne salteada, o sal e a pimenta (ou noz moscada) e mexe-se 2 ou 3 minutos. Retira-se do lume e tritura-se um pouco caso seja necessário, junta-se 1 ovo e mexe-se muito bem. Não vai mais ao lume, deixa-se arrefecer, moldam-se os croquetes, passam-se pelo outro ovo batido e de seguida na farinha de mandioca. Fritam-se em óleo ou azeite bem quente e levam-se para longe de macaquito ou correm o sério risco de não os chegarem a provar.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

O melhor da festa? Foram os croquetes!

Como macaquito não gosta de doces, faço sempre uns quantos salgados que ele também possa comer e desta vez a avó, que não gosta de desiludir, experimentou uma receita nova de croquetes com farinha de mandioca que fez as delícias do petiz. Assim que os provou, agarrou-se com unhas e dentes (literalmente) ao prato e comeu uns quantos seguidos. No entanto, a dada altura  decidiu, por sua iniciativa, que tinha de partilhar os seus maravilhosos croquetes com as outras pessoas para que toda a gente soubesse o quanto eram saborosos. Então pegou num e deu a provar a um amigo, à primeira trinca retirou delicadamente o croquete da mão do conviva e comeu o restante. De seguida fez o mesmo com outro convidado e assim continuou até que não restasse nenhum. Podem chamar-lhe ganância ou gula, eu acho que só tenho de lhe explicar melhor o conceito de partilha.

sábado, 14 de outubro de 2017

Olha, uma década!

Dez anos passaram, como que um sopro, dez anos. Duas mãos, todos os dedos, agora contamos todos os dedos. Os mesmos que entrelaças nos meus, quando tens medo ou quando estamos sozinhos, os dedos que me ofereces quando te viras de costas porque queres mesmo dormir. Agora já não tens dedos nas mãos para juntar mas terás sempre as minhas duas mãos para te agarrar. E quando me falharem as mãos, dar-te-ei os braços e se esses alguma vez me falharem, tens o todo um corpo onde te aninhar, por maior que sejas, caberás sempre no meu colo. Estás um crescido, estamos TODOS de parabéns.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Se o Outono fosse meu *


As árvores erguer-se-iam até ao céu imponentes e rasgariam o azul em tons de verde,


 os cabelos enfeitar-se-iam de folhas numa coreografia dourada e laranja


e as camas seriam feitas de chão de terra morna com restos de Verão.


Se o Outono fosse meu, emoldurava o amor em cortinas de folhas vermelhas



e trocaria galochas por pés despidos que se amansam em folhas secas.


Se o Outono fosse meu trocava TPC's por espadas de pau e partiríamos em busca de castelos perdidos no meio da floresta.






*Movimento outonal começado pela Mia e seguido pelo Impontual, Outro Ente e Flor

Aquele momento...

Em que não sabes se hás de rir ou chorar porque a tua filha te pergunta "Ó mãe, por que é que não és pirosa?" e percebes que não é, de todo, um elogio.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Parental advisory

Quando pensarem em inscrever as vossas crias numa qualquer actividade musical, lembrem-se que posteriormente terão de estudar com eles, pensem que diariamente terão direito a níveis de poluição sonora ao nível do trânsito em hora de ponta. 
-Então mamã, está bom?
-Tu não te ouves?
-Simmmmm!
-E achas que está bom?
-Eu acho que toquei bem...
-É melhor tocares tudo outra vez, se não te enganares podes parar por hoje.
E por muita vontade que tenham de dizer "isso está uma bosta!", vão dizer "por hoje está bom mas amanhã tens de estudar mais um bocadinho". 


O consolo? O consolo é que o outro ainda não trouxe o acordeão para estudar em casa.