quarta-feira, 15 de abril de 2020

Autismo e confinamento

Macaquito hoje disse-me "Isto da quarentena é muito difícil.", perguntei meio a brincar se estava com saudades da escola, visto ser o sitio onde menos gosta de estar, por razões várias que agora não vou especificar. Respondeu "Sim mas gostava mesmo era de poder sair para ir andar de bicicleta como fazia antes."
Obviamente que saimos à rua, às vezes, deixo-os levar as bicicletas mas são passeios controlados, sem liberdade para irem sozinhos ou com os miúdos da rua. Sem poderem desaparecer até a fome aparecer, onde lhes peço para acenar de longe aos vizinhos, coisa que para o Macaquito implica uma regulação quase paranormal.
Está a correr bem, dentro do possível, na verdade não fui, até ver, insultada por ninguém aqui na rua... Mas o eco dos desabafos dos indignados das redes sociais que chegam em forma de post roça o ridículo... Eu sei que os passeios nos podem custar a vida e que, segundo certos burros, deveria abdicar do ventilador que eventualmente virei a precisar mas não posso abdicar da sanidade mental, minha e do meu filho. Eventualmente também precisaremos dela quando esta merda acabar.
Não, não vai ficar tudo bem. Eu com certeza terei menos amigos no final disto tudo porque estou realmente cansada das pessoas que passam metade da vida delas a apontar o dedo aos outros!



No seguimento disto:
https://brasil.elpais.com/mamas_papas/2020-04-02/na-espanha-pais-sofrem-constrangimento-ao-sair-de-casa-com-criancas-autistas-durante-quarentena.html?outputType=amp


8 comentários:

  1. Isto de estar em casa custa mais a uns que a outros. Para uns nem se quer é possível. E aqueles a quem custa menos, e que portanto conseguem, seja por não terem crianças, seja por terem crianças mais sossegadas, seja por terem mais espaço e condições, seja porque motivo for... Têm mais é que dar-se auto palmadinhas nas costas e meter o dedo julgador ao bolso... Não deixas os miúdos estarem perto de outras pessoas, não os deixas lamber as mãos... Fazes o melhor que podes e fazes tu muito bem. Os meus filhos não saem de casa há um mês, sorte a nossa. Se estivéssemos na casa antiga tinham de ter sido já. Os meus sobrinhos saem às vezes, um bocadinho que seja, para andarem de bicicleta no passeio, para esticarem as pernas... Tentam não tocar em nada e desinfetam-se, mas apanham ar... Julgar é sempre muito fácil...

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    1. Optámos por ficar no apartamento por várias razões, é ao pé do trabalho do pai e temos os serviços à porta de casa, em caso de necessidade estamos a 2 minutos de tudo. Podíamos ter ido para a aldeia, estar numa vivenda com quintal até ao fim do mundo mas com o bisavô de 93 anos do outro lado da rua... decidimos que não o colocaríamos em risco.
      Vivo na cidade mas a dois minutos de uma mata interminável que é onde fazemos os nossos passeios, passeios que acontecem com 3 ou 4 dias de distância, apenas quando se torna insuportável para os miúdos o confinamento. A única altura em que me zango com eles, é na distância que separa a porta da casa da porta da garagem: "Mãos nos bolsos! Ninguém toca em nada!"
      Tenho muito medo de sair com eles mas tenho mesmo de o fazer, por isso, não aceito que haja pessoas de dedo em riste apontado para quem, seja por que razão for, saia de casa.
      E a maldade e leveza com que se diz certas coisas, com que se deseja a morte?! É nojento.

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    2. Eh pá, ainda por cima... Leva os miúdos para a mata, sorri e acena... Pondo tudo na balança é o mais racional que fazes. Ainda ontem falava com uma amiga minha que está completamente desesperada. Está fechada num apartamento há um mês com duas crianças de 3 e 7 anos. No prédio há/houve casos de covid. E ela tem medo mas está a ver os filhos a tolherem... E eles também, em teletrabalho, com muitas dificuldades em manterem-se à tona... Ainda ontem lhe disse para enfiar um saco do lixo nos miúdos, só com a cabeça de fora, para não tocarem em nada, os meter no carro e levá-los ao monte a algum lado... Isto pode ter consequências muito sérias e os passeios higiénicos com crianças são, afinal, permitidos por lei.
      At last but not the least, há gente muito parva neste supermercado de Deus. É não ligar. Ou responder e aliviar fígados.

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  2. desde pessoas que queriam expulsar médicos/ enfermeiros/ operadoras de caixa de supermercado/ etc, das suas casas, porque tinham profissões de risco, já li de tudo. que asco de gente. esta pandemia veio libertar o pide escondido em muita gente.

    calça-lhes umas luvas e leva os a passear, se tens essa mata perto. a saúde mental é tão valiosa como a saúde física. só os idiotas não pensam nisso.

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    1. As pessoas esqueceriam com certeza a sua filosofia pidesca se lhes fechassem os supermercados ou no dia que forem eles a lutar pela própria vida dependentes das mãos dos profissionais de saúde.

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    2. Não tinha lido o comentário antes d epublicar, mas exacto, tb vi notícias sobre isso.

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  3. Caga. As pessoas são assim.no outro dia vi uma notícia (assumi q fosse verdadeira, embora a esta altura haja mta fake news, mas n me pareceu, de todo, o caso) de malta clínica q estava a ser hostilizada por vizinhos de prédio e de rua, mas assim à bruta (não era em portugal, mas tenho pnmim q podia bem ser). Tipo, andaram a aplaudir e o caralho, mas depois metem papeis no prédio a dizer, se alguém aqui ficar infectado a culpa é sua. Supostamente houve uma zona em q malta médica até já necessitou de escolta. Se não era de dar uma galheta a esta gente.
    Eu evito sair. Os meus filhos em 40 dias devem ter saido umas 6 vezes, ao pé de casa, zonas isoladas, o mais pequeno p sair do prédio até vai no marsupio (p me certificar q n mexe em nada). A malta w se vá fornicar, eu nem a puta de uma varanda tenho. Os meus filhos têm menos de 6 anos. Se n apanham ar, o mínimo q seja, é caso p se dizer, n morrem do mal, morrem da cura. (lamento o vernáculo)

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    1. Mas é isso, os meus também passam 4/5 dias sem sair mas não dá. Especialmente ele, fica hiperativo, a partir do fim do dia nem falar baixo consegue.
      Nem é saudável para ninguém. Enfim haverá sempre alguém do contrato, faças o que fizeres, por isso é cagar no assunto.
      Nota:neste blog pode-se dizer asneiras, desde que educadamente 😉

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Dá cá bananinhas!