terça-feira, 30 de maio de 2017

Três dias...

Por força de uma valente amigdalite, macaquita ficou uns dias nos avós e macaquito tem estado como prefere, sozinho comigo. Quando chegámos da escola, ele pegou no velho telefone avariado que encontrou no sótão e no qual tem conversas intermináveis com as pessoas de quem sente saudades.
-Estou avô, é só para dizer que a mana fica aí mais três dias... Sim, sim, por causa da febre... Vá, adeus, um beijinho.
-Acho que estás com azar, macaquito, já falei com o avô e a mana está melhor. A avó vem trazê-la hoje. - digo-lhe eu enquanto preparava o lanche.
-A sério, mãeeeeeee? Mas eu não quero que ela venha.
-Pois, eu sei mas a mana não pode faltar mais à escola e eu também tenho saudades dela. Além disso, estiveste dois dias sozinho comigo, com o mimo tooooooodo para ti. 
-Ok, não há problema, ela pode vir. Quando a avó chegar, vou-me embora com ela, vou eu três dias para casa dos avós.


segunda-feira, 29 de maio de 2017

Talvez esteja a ser injusta

Se um dia alguém me dissesse que há um medicamento com cem anos de utilização e efeitos comprovados de cura, que eu pudesse dar ao meu filho para curar qualquer uma das doenças que tem, obviamente não hesitaria em administrá-lo. E depois existem pessoa que deixam morrer os filhos por conta de uma otite. Não faço por norma este tipo de julgamento mas ter de lutar diariamente para que o meu filho possa um dia mais tarde ser autónomo e feliz e de essa luta ser extraordinariamente cansativa (embora recompensadora), tornou-me menos tolerante com este fenómeno que é a estupidez natural.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Pelo menos tem consciência

O alarme do telemóvel toca, passo os dedos para desligar, deixo sempre o telemóvel estrategicamente colocado na mesa de cabeceira para que o possa desligar ao primeiro som. No mesmo momento ouço:
-Bom dia mamã, dormiste bem?
-Estás aqui?! Nem dei por ti mas sim dormi bem. 
Saio da cama e despacho-me no banho, enquanto me vestia, ele diz preocupado.
-Mamã, o teu telemóvel fez aquele som de acordar. - e reproduz o som tal e qual - eu desliguei, duas vezes mamã.
-Fizeste bem, devo ter-me enganado a desligar. Obrigada.
-Desculpa se mexi no telefone sem autorização.
-Não faz mal, fizeste bem em desligar.
-Mas desculpa mamã, eu sei que não devo mexer sem pedir...
-Já disse que não faz mal, não vais ficar a manhã toda a bater na mesma tecla, pois não?
Cala-se e fica pensativo, olha em redor durante alguns segundos e de repente:
-Qual tecla mamã, não vejo aqui nada.
-Ahahaah, desculpa é só maneira de falar, "bater na mesma tecla" é estar sempre a dizer a mesma coisa.
-Ah! Já percebi mas não vejo qual é o mal, isso é o que eu faço sempre.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Absurdos

Dou-vos macaquito exactamente como ele é, privilegiando obviamente as histórias divertidas que nos preenchem a maior fatia do nosso dia a dia. Seria redutor falar apenas na sua condição rara ou no seu autismo porque isso é apenas uma pequena parte da criança fantástica que é mas serão com certeza motivos para amá-lo ainda mais. Quão estranho foi sentir que no momento em que saiu de mim e que o olhei pela primeira vez apenas me deleitei com os pormenores, a boca perfeita, o nariz arrebitado e a penugem que lhe cobria a cabeça, não me apaixonei naquele momento, amava o todo há tanto tempo que nem saberia dizer em que ocasião fui tomada por aquele amor e nem os defeitos todos do mundo poderiam quebrar a validade do selo branco que o autentica.
Por tudo isto talvez, em dias como os de hoje, em que faz muitos disparates e recebo queixas poucos habituais à porta da escola, inunda-me uma tristeza e apetece-me castigá-lo e até dar uma palmada mas depois lembro-me que afinal o meu filho não é uma criança como as outras e que precisa de ouvir vinte vezes, ou vinte mil, que não precisa de ser o palhaço da escola para ter atenção das outras crianças. E ao deitar, confesso-lhe mais uma vez o meu amor incondicional, explico-lhe que não precisa de regatear atenção porque a tem de quem importa e formato-o para fazer um pedido de desculpas sincero à professora que tem por ele um amor parecido com o meu.
E depois fico mais uma vez a pensar nas incongruências de ter de formatar uma criança para que ela distinga o certo do errado.  





quarta-feira, 10 de maio de 2017

Gosto de cumprir com as minhas promessas

Como de costume as perguntas difíceis surgem sempre quando a vou deitar, deito-me junto dela e ela enrola-me com pedidos de histórias e perguntas. quando todos os argumentos pareciam esgotados, ela sai-se com esta:
-Mamã, o que é um canguru na mama?
-Um quê?
-Um canguru na mama.  A M. disse que uma senhora tinha um canguru na mama e depois ficou sem cabelo.
Depois de me rir 10 segundos imaginando a confusão naquela cabecinha, optei por lhe explicar de modo ligeiro sobre o cancro em geral, com a promessa final de que nenhum de nós teria de usar uma peruca. Apesar da tranquilidade e ligeireza na explicação, optei por omitir o desfecho menos optimista mas tenho a certeza que esta noite a cama terá mais um inquilino. 

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Ah, fadista!


Não paro de me surpreender, nem o Kinder traz tanta surpresa....

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A Senhora dos Papagaios


                                                50 tentativas depois, ainda ficou um olho.

"A melhor corrente blogosférica de sempre" começou aqui. E continua aqui e depois é continuarem a procurar que a Palmier tem os links todos.