A minha descrença na humanidade acentua-se quando ouço uma criança, de idade aproximada às minhas, dizer numa reunião onde nem sequer deveria estar presente sobre o quanto se sente injustiçado em sala de aula quando um qualquer professor dá preferência aos meninos que têm mais dificuldades, menosprezando a capacidade dos mais inteligentes da turma que também põem o dedo no ar e quase nunca são preferidos.
Não menosprezando a legítima vontade da criança de querer mostrar a sua inteligência, o que me repugna profundamente é a anuência de cabeça da progenitora, o ar de infelicidade ao mesmo tempo que corrobora as palavras do petiz, a par com concordância da subdiretora do agrupamento que deu o mote a esta intervenção para me responder com um argumento falacioso que os meninos com mais dificuldades têm um excelente acompanhamento ao ponto de se pôr em causa a educação dos alunos de excelência académica.
Faltou-lhe, ao petiz, alguma robustez no discurso, fruto da sua tenra idade, e a mim faltou-me a coragem ou insensatez para contra-argumentar pois não tenho por hábito levantar espadas contra crianças.
Estou habituada a encarregados de educação que julgam ter os seus educandos deveras prejudicados por partilharem aulas com crianças com necessidades educativas especiais, obviamente que compreendo que o discurso será repassado em casa como uma doutrina e que nem todos temos a capacidade de educar para a empatia. O que não engulo são discursos corrompidos de uma subdiretora que desvaloriza a incapacidade do sistema de ensino no que diz respeito à educação especial, através de argumentos que entusiasmam a maioria porque essa maioria não faz a mais pálida ideia do que é condescender.
Fico sem palavras...
ResponderEliminarCoragem para continuar nessa sua luta, que nós "privilegiados" com filhos sem dificuldades de maior, não temos a menor noção.
Claro que têm, não todos mas o facto de me estar a deixar esse comentário diz-me que tem toda a noção. Eu só peço que esta luta não se faça duns e doutros porque no dia que as pessoas perceberem o que é a verdadeira diferenciação pedagógica e o Estado der condições às escolas para a implementarem, não haverá necessidade de cada um puxar a brasa à sua sardinha. Para começar, era um passo pequenino: diminuição do número de alunos por turma. Ganhavam todos!
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