Tem sido duro combater a falta de produtividade a que macaquito se entregou, chegar da escola com os dois e depois de devidamente alimentados, arrastá-lo para o quarto para que faça os trabalhos, são sempre poucos e demasiado fáceis, no entanto, nunca se passam menos de duas horas até que consiga terminar. De seguida, pego na irmã e em 10/15 minutos despachamos a parte dela. Estamos nisto há quase duas semanas, sinto-me como se estivéssemos no final do ano lectivo.
Depois há as actividades extra-escola, concedi a macaquita que desistisse da ginástica porque quer aprender a tocar violino, macaquito continua mas ainda não tive vontade de o levar pois é mais um dia de corre-corre e foi-se-me a coragem. De hoje não passa, a motricidade dele assim o exige. Isso e natação. Ahhhhh! A natação... Querem saber o que aconteceu na segunda aula?
Desci para o balneário faltavam 5 minutos para acabar, cheguei à entrada e os torniquetes não abriam, ao fim de algumas tentativas lá passei, sigo em passo de corrida e dou de caras com a professora da escola de macaquita que muito aflita e enervada me explicava uma situação que tinha acontecido nessa manhã com uma mãe. Fui-lhe dizendo que sim, que compreendia mas tinha de seguir que os miúdos estavam sozinhos, continuou muito arreliada com a situação e eu a andar e ela a falar e eu a pedir e ela a explicar e a muito custo lá chego ao balneário onde já se encontrava a professora de natação que me disse que não havia problema nenhum e que eles já estavam a tomar banho. Acabei de os lavar e vestir e aparece-me uma senhora, aparentemente uma daquelas mães perfeitas, que me diz de dedo no ar e aos gritos.
-SE O SEU FILHO NÃO TEM CAPACIDADE PARA TOMAR BANHO SOZINHO, TEM DE VIR MAIS CEDO PARA O BALNEÁRIO!!
A ira tomou-me, não fosse eu uma pessoa ponderada e ter-lhe-ia enfiado um dedo no olho e um pontapé no cu. Olhei para ela com a minha pior cara e respondi-lhe calmamente.
-Se a senhora não tem capacidade para falar comigo com educação pode voltar pelo caminho que a trouxe aqui.
Ela gaguejou e mostrou-me as calças molhadas. Ela estava vestida na zona de chuveiros, é normal que qualquer criança com mais ou menos CAPACIDADE possa molhar quem ali passa visto que estão com os chuveiros na mão. Pedi desculpa pelas calças e voltei ao meu martírio, controlar a vontade obsessiva de macaquito de fechar as 4576 portas dos cacifos e experimentar todos os secadores independentemente de estarem a ser utilizados por outras crianças ou não. Sentia-me tão desesperada que um pai que ali estava veio em meu auxílio e sossegou o meu filho com uma advertência e depois me disse que era apenas para não ser só eu a ralhar que macaquito já nem me estava a ouvir.
Ontem, à saída da escola, quando chegou ao portão, deu duas cacetadas na cabeça da irmã, porquê? Porque ela chegou primeiro, chamei-lhe a atenção e começou a gritar enraivecido e completamente descompensado. Sabem o que me irrita? Os olhos minha gente, os olhos, fui condenada de imediato por todas as mamãs que ali estavam, excepto as que me conhecem, essas olham-me com pena... Ainda não descobri o que é pior! Peguei-lhe na mão sem dizer nada e segui com o sorriso do senhor Zé da portaria, esse sim, entende-me. Ao entrar no carro disse-lhe sem levantar a voz.
-Estás de castigo, hoje não vês televisão, se a mana quiser ver não poderás entrar na sala. Foi a última vez que gritaste comigo, não te aceito esse comportamento e não quero ouvir qualquer tipo de desculpa porque não tolero má-educação.
Pediu-me desculpa sussurrando que eu bem ouvi e não abriu a boca até casa.
Após o lanche fizemos os trabalhos de casa e pela primeira vez, fez tudo de seguida, sozinho, apenas com supervisão e algumas perguntas para tirar dúvidas, terminámos em 40 minutos. Dei-lhe um abraço e disse-lhe.
-Foste perfeito, maravilhoso, espero que a partir de hoje, fazer os trabalhos de casa seja sempre assim divertido.
Be!!! Que saudades que eu tinha de vir aqui. Hoje li tudo o que estava em falta.
ResponderEliminarAdorei a tua resposta à tal "mãe perfeita". Se bem que o dedo no olho e o pontapé no cú assentariam muito melhor na dita cuja.
A volta à rotina é tramada. O Macaquito estava mesmo descompensado, por vezes é preciso um "abanão". Espero que esteja a funcionar.
Quanto aos olhos, bolas é tramado, e realmente também acho que os "de pena" são piores. Por vezes dou com o Xande a fazer aquele olhar de espanto, quando vê alguma cena diferente, uma birra, um gótico ou alguém com algum tipo de deficiência. Eu bem lhes digo que não devemos ficar a olhar assim as pessoas, mas ele nem se apercebe (também acontece com a irmã, ainda). E quando há aqueles olhares de gente que nos julga sem nos conhecer, ignoro, penso na inocência do Xande quando olha para os outros. Nem sempre é fácil e já houve alturas em que devolvi um olhar um pouco maléfico.
Espero que a partir de agora o menino Macaquito dê umas tréguas ao coração de mãe. Imagino o que não vai aí quando ele diz que não quer ir à escola.
Beijinhos
Ele não está apenas descompensado, está desmotivado e acima de tudo frustrado. O facto de ter de me dividir com a irmã numa rotina que antes era só nossa também não ajuda e só percebi isso agora. Hoje fui buscá-lo antes dela e a alegria com que me presenteou foi surreal. Foi tudo tão pacífico enquanto estivemos sozinhos e só se alterou depois dela chegar. Agora só tenho de perceber como dar a volta a isto mas já identifiquei alguns dos problemas, o que simplifica bastante.
EliminarQuanto às pessoas, a maioria das vezes já nem me afecta mas também tenho umas incapacidades no que concerne a falta de educação...
Beijos Filomena, um grande para o Xande
Pois eu também pensei nisso. Estava habituado a que essa atenção fosse só para ele.
ResponderEliminarÉ tramado, mas sei que vais conseguir dar a volta e não tarda nada as coisas normalizam e ele ultrapassa essa fase.
Beijinhos e muita coragem.
Às vezes queixo-me tanto de uma filha que é saudável. Depois venho aqui ler isto e cresce a minha admiração por pessoas como tu.
ResponderEliminar<3
Não te sintas mal, eu também me queixo da mais nova, chego a rir-me de mim quando caio na realidade.
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