quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Desejos

De férias com os avós há sempre passeios divertidos, desta vez, o Borboletário. Ao telefone perguntei a cada um deles o que achou.
-Vi borboletas e os ovos que pareciam pedras e lagartas, mãe. Sabes que as borboletas primeiro são lagartas? Também havia casulos branquinhos e vi casulos cheios de borboletas e outros abertos porque as borboletas já tinham saído. E vi casulos verdes, verdes como o Sporting... - macaquita falou entusiasmada, descrevendo maravilhada tudo o que viu.
-E tu macaquito, que fizeste hoje?
-Fui ver borboletas. Mas assustei-as porque estava farto e não me apetecia estar lá. 
Macaquita viveu todo o ciclo e chegou a borboleta, cheirou as flores, consumiu o néctar. Já ele, ficou ali pela fase larvar, dentro do casulo ansiando um final qualquer. Tem dias assim, são esses que me trazem angústia.
O meu desejo, não para o ano mas para a vida, é voarmos todos juntos com asas de borboleta. 







terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Os piropos de macaquito

Macaquito pediu-me que o fosse levar ao trabalho do pai, este tinha prometido que o levava mas como saiu cedo, estava frio e o miúdo ferrado, não teve coragem de o acordar. Claro que assim que acordou ficou desolado (termo que utiliza amiúde) e eu lá fui levá-lo. 
Quando chegou vai ter comigo ao quarto e diz-me num sussurro:
-Mamã, tenho uma coisa para te dizer. 
-E porque é que estás a falar baixinho? - perguntei no mesmo tom.
-É um segredo meu e do pai, ele disse para não te contar.
-Então não devias contar.
-Mas eu tenho de dizer. - insistiu torcendo as mão em desespero.
-Ok, então se tens mesmo de contar, eu não digo ao pai mas não te esqueças que é um segredo vosso. Decide lá como queres fazer.
-Sabes, eu vi popós grandes. - sussurrou de novo e ria-se nervoso. Fingi que não percebi mas a expressão é antiga lá por casa.
-Popós grandes? Pareces um bebé a falar, não te estou a perceber.
-Popós grandes são G A J A S. - ria muito enquanto soletrava. - O pai é que disse.
-O pai tem razão, há segredos que devem ficar entre vós os dois.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

4 gerações à mesa

Macaquito terminou de almoçar e perguntou se podia levantar-se da mesa, disse-lhe que sim e enquanto corria para a rua pediu-me que lhe arranjasse queijo. Observava-o da janela da cozinha enquanto brincava no baloiço, quando olho de novo reparo que estava junto das gaiolas a fazer qualquer coisa que as árvores me impediam de perceber. Passado pouco tempo, aparece esbaforido.
-As galinhas estão soltas, não sei o que aconteceu. - fala muito depressa. O bisavô começa a refilar.
-Já abriste a capoeira outra vez.
-Não fui eu, já estavam abertas. Ó mãe, já arranjaste o meu queijo? Tenho de ir à procura da terceira galinha. - pegou no queijo e saiu mais uma vez a correr. O avô paterno ainda vai a tempo de lhe dizer que foi ele quem abriu as galinhas.
-Deixa-as andar soltas. - gritou-lhe dentro de casa.
Continuo a espreitá-lo, parece doido a correr de um lado para o outro com um pau na mão. As conversas continuam à mesa até quase nos esquecermos dele. Até que irrompe de novo a correr.
-Já encontrei a terceira galinha. Está lá atrás do outro portão.
-Mas afinal quantas galinhas são? - pergunto, achando que eram mais.
-Quatro. - responde-me o meu sogro. Macaquito fica com um ar intrigado ao ouvir a resposta do avô.
-Tenho de ir à procura da quarta galinha. - diz e desaparece porta fora.
Rimo-nos todos, excepto o bisavô que, nos seus quase noventa anos, já não tem paciência para todas as tropelias dos miúdos, de vez em quando muda o fecho das capoeiras um pouco mais para cima mas macaquito continua a crescer e a abri-las uma a uma. Passado algum tempo, a porta abre com força.
-Missão cumprida! Encontrei a quarta galinha e estão todas fechadas na capoeira.
Suponho que não haja ovos nos próximos dias, de tão traumatizadas que as bichas estão, devem ter corrido a maratona à frente dele e do pau.

Não, não foi nada mau o Natal e as azevias também estavam boas!


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Feliz Natal

Quando olho para esta foto lembro-me de um dia particularmente feliz. Partilho-a aqui convosco e imbuída de espírito natalício, digo-vos que as melhores coisas da vida não são coisas...
São azevias!! 

E como também acho que isto não são só blogs, que há pessoas que me abraçam desse lado de lá e me enchem o coração apenas com letras, letras essas que quando as junto são beijos e abraços:
Feliz Natal Loira, Uva, Linda, Ente, Mirone, Xaxia, Palmier, Me, NM, Filomena, T2, CN, POC e todos aqueles que em dias bons e maus me deixaram uma bananita ali nos comentários.
Adeus, desligo-me do mundo durante quatro dias que macaquitos precisam da mamã Natal e eu preciso de comer azevias!!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Perfeccionismo

Festa de Natal da academia, chegámos e passado poucos segundos perdi macaquito de vista, pergunto por ele na sala onde os preparavam para o musical que iam apresentar, não estava. Volto à rua, encontro pai macaco e o avô que me dizem que ele não podia ter passado por ali, tinha de estar lá dentro, volto e encontro uma das educadoras.
-Viu macaquito?
-Sim, está lá dentro a chorar.
-A chorar? Mas porquê? Estava tão bem-disposto.
-Diz que não sabe tocar violino.
Rimo-nos as duas. 
Ia fazer de romeno na peça e tinha de tocar violino mas era tudo por mímica, entrou em pânico porque não sabia tocar. 
Depois, em palco, fez tudo o que lhe competia com lágrimas a correr cara abaixo, no final da parte dele correu para o meu colo, onde se acalmou aos poucos. Quando tudo terminou, voltou ao palco, roubou o microfone e disse na voz mais calma e doce:
-Muito obrigado a todos por terem vindo assistir a este lindo espectáculo.
A lágrima agora era minha e as palmas foram todas para ele.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

...

A caminho de Lisboa, na autoestrada e após as portagens o trânsito estava um pouco mais lento, mesmo assim dava para conduzir na casa dos 100 km/h. Macaquito enumerava todos os carros pelas marcas e tentava ao mesmo tempo identificar o modelo. 
-Tenho de encontrar um Hyundai. - dizia-me entusiasmado
Continuou durante muito tempo, a dada altura o trânsito intensificou-se um pouco e começa aquele corre-corre de carros a mudar dumas faixas para as outras.
-Peugeot, Citroen, Audi, Toyota, outro Renault e uma Partner.... ainda não vi um Hyundai, tenho mesmo de encontrar um Hyundai.
-Tens de prestar atenção mas se eu vir algum, aviso.
-Olha mãe, já passámos por este, matrícula *33-25-QD é um Peugeot, como é que é possível ele estar aqui outra vez!!
Como é que é possível, pergunto eu, na azáfama de procurar um Hyundai, de ter enumerado as marcas e modelos de mais de 100 carros, ainda ter tempo e memória para decorar as matrículas??



*provavelmente a matrícula não será exactamente esta mas não tenho memória de macaquito, a minha está ao nível do peixe!!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pintinhas

Enquanto esperávamos o pai, num cafézito perto do escritório, passa uma rapariga com 2 cães de raça dálmata. Macaquita corre para eles para fazer umas festas e macaquito corre no sentido inverso para se esconder no meu colo.
-Mãaaaaeeee,  protege-me!
-Não tenhas medo, são mansinhos, tu já conheces a Arica.
Levanta-se e aproxima-se um pouco.
-Como se chama o outro?
-Pongo. - responde a dona dos cães - Queres fazer uma festinha?
-Não, não, nem pensar, está cheio de carraças.
Referia-se às pintas pretas que no cão eram mesmo muito pequeninas. Risada geral na esplanada, excepto da dona do cão que não percebeu e ficou com um ar bastante ofendido.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nada de misturas

Quando sai da escola macaquito vai para a academia (ATL/centro de estudos) e por lá tem uns quantos cantos onde gosta de se esconder do resto do mundo e onde brinca sozinho. Um dia destes a A., professora de apoio da unidade de autismo da escola primária, foi lá buscar um familiar. Não é habitual e por isso quando a viu lá, macaquito continuou enfiado debaixo da estante de livros que se assemelha a um carro.
Uma das professoras da academia ao vê-lo lá, chama-o e diz-lhe que está ali a A. que já tinha passado por ele duas vezes sem se aperceber da sua presença.
-Então macaquito, estás aí escondido e não me dizias nada? Não me vens dar um beijinho?
-Não, vai lá, podes ir embora, hoje dou-te o dia livre.
Respondeu-lhe sem pôr sequer o nariz de fora, não fosse ela lembrar-se de o pôr a trabalhar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Não tem nada a ver mas tenho de partilhar

Li isto hoje de manhã e ainda não consegui parar de rir:

".....depois de experimentar de-me um fio de beque p.f. Obrigada"

domingo, 29 de novembro de 2015

Há sempre uma primeira vez

Pela primeira vez desde que vivo na minha casa, a árvore de Natal foi feita antes de Dezembro, macaquita precisava de ocupar o tempo e depois de 5357 "Ó mãe, vá lá!!" acedi, desde sábado que borboletas brancas se confundem com bolas azul turquesa e as luzes piscam ao lado da lareira.
Pela primeira vez desde que vivo nesta casa, o Pai Natal virou menino Jesus e temos um presépio, eles não lhe entendem o verdadeiro significado, não sou dada a religião alguma mas ela pediu que fizéssemos um e claro que acedi, passámos o fim-de-semana a trabalhar e o resultado final foi este.
Relevo que o trabalho foi quase todo dela, assim como a escolha de cores e pormenores. 





segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Apesar de tudo, cá em casa é sempre primavera.

by Macaquita


Venha o frio, a chuva, o vento e eventualmente a neve, por aqui desenha-se a cores, pintam-se pinhas e flores. 
Somos princesas, reis, caracóis e arco-íris, somos alegria, somos borboletas, somos gargalhada, somos guerra de almofadas.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Instrumentos e dicionários

Ando há uns tempos a tentar perceber o que comprar aos miúdos para o Natal e depois de ouvir macaquito, achei tão fora de comum a sua escolha que disse ao pai que lhe perguntasse, só para ter a certeza.
-Então macaquito, o que gostavas de receber no Natal? - pergunta o pai.
-Um alaúde. - responde sereno.
-Um quê??
-Não sabes o que é? É um instrumento musical, de cordas, mais oval, não é muito comum mas... - explico eu.
-Sim pai, como a viola, eu gostava de ter um alaúde para tocar.
-Mas onde é que ele foi buscar esta?
-Pois, isso é que eu já não sei explicar.
Depois de contar esta história a algumas pessoas, percebo que o meu filho é mesmo especial por saber o que é um alaúde, ou então não.

A corrida do ovo cozido

Ter dois macaquitos à mesa por vezes não é fácil, macaquito tem tão poucas capacidades motoras que é quase impossível comer de faca e garfo, fá-lo mas com ajuda constante pois a destreza é pouca e metade acaba fora do prato, como a capacidade de planear também é escassa, utilizar dois talheres ao mesmo tempo é coisa para lhe causar muita confusão. Já macaquita, comia exemplarmente aos dois anos mas agora que cresceu, "evoluiu" no sentido contrário, sempre cheia de novidades, bastam trinta segundos de distracção e lá está ela a meter as manitas dentro do prato, ou o cabelo, a inventar formas de dispor a comida no prato como se de uma obra de arte se tratasse. 
Ontem, tinha um ovo cozido inteiro dentro do prato e estava a tentar cortá-lo, só com a faca, o ovo corria a uma velocidade estonteante prato fora, o ovo desesperava à frente da faca mas estava a ganhar a batalha, ela tentou agarrá-lo com a mão mas os meus olhos deram-lhe a entender que talvez não fosse boa ideia e ela lá continuava naquela luta desigual e quase conseguíamos ouvir o ovo a rir. A dada altura, agarro-lhe na mão, ajudo-a a pegar no garfo e com ele espeto o ovo, cessando de vez aquela corrida de doidos.
-Ah! Já percebi. - disse ela, ao mesmo tempo que dava a estocada final com a faca.
-Uau, macaquita, estou impressionado! - diz macaquito com um ar deslumbrado, provocando uma gargalhada em mim e no pai.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pareço uma princesa?

No dia em que fomos ao casamento de que já falei noutros posts e enquanto nos preparávamos para a festa, o pai de gravata, a mãe com sapatos de salto que já não se lembrava de usar há 6 ou 7 anos, macaquitos com umas roupitas simples mas lindas. O vestido de macaquita era aquele vestido que compramos em tamanho 6 mas que até gostaríamos que houvesse em tamanho S.
Tomaram o pequeno almoço apenas de meias e camisola não fosse o diabo tecê-las.
-Visto-os? - pergunta o pai da cozinha.
-Não, deixa-os andar até à última. - digo antes de entrar no banho.
Quase pronta, vesti o que faltava aos miúdos, excepto o vestido de macaquita para não se amarrotar muito. Estávamos em cima da hora e enquanto terminava de me maquilhar pedi ao pai que lhe pusesse o vestido.
-Diz-lhe que venha ao pé de mim para a pentear. - pedi da casa de banho.
Apareceu pouco depois, mais bonita que de costume, olhei para ela com orgulho e pensei para mim que tive a sorte de ter dois miúdos muito giros. Penteei-lhe os cabelos loiros, sem a elogiar pois é demasiado vaidosa. Ela não perdeu tempo.
-Pareço uma princesa? - perguntou e sorriu.
-Mas... Hein....O que é que estiveste a comer? - pergunto meio zangada, meio em pânico.
-Marcador!!
Os dentes, a língua, os lábios, as mãos..... tudo vermelho, tão vermelho mas tão vermelho.
-Paaaaaiiiiiiiiii, olha-me esta miúda, vai lavar-lhe os dentes e as mãos, esfrega-a com qualquer coisa mas rápido, está na hora.
Saímos de casa a faltar 10 minutos, todos muito bonitos e ela, a protagonista maravilhosa de um conto de vampiros.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Tem de ser a Catarina...

Esta história aconteceu um dia antes das eleições, acho que os putos já previam qualquer coisa.
A caminho de casa, após um ensaio no teatro. 
-Mamã, porque é que amanhã vamos almoçar à "terra do pai"?
-Porque o pai tem de ir votar.
-O que é votar? - pergunta a macaquita.
-No caso de amanhã, é escolher alguém para primeiro ministro.
-Eu acho que é o Passos Coelho. - diz a macaquita. 
-O Passos Coelho é o primeiro ministro que está agora no governo, amanhã pode ganhar ele ou outro candidato. - explico-lhes.
-Devíamos inscrever o pai. - diz macaquito.
-Para primeiro ministro? - pergunto eu.
-Sim! Ele dava um bom primeiro ministro.
-Não!- diz a macaquita- escolhemos o S.
-O S não sabe representar! - remata o macaquito.


Interessa saber: S é o encenador, foi também actor em companhias de teatro como "A Barraca", fez televisão, é maestro e uma excelente pessoa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Argumentos

Vou buscar macaquito à escola e pedem-me que aguarde pois está no gabinete com a psicóloga. Pergunto se tem a ver com as crises de mau feitio que tem apresentado ultimamente, ao contrário da irmã que as limita ao espaço do lar, ele transpõe tudo para a escola. Respondem-me que sim, que se tem recusado a trabalhar, dizendo que não gosta da escola, que vai de férias para a casa de Porto Côvo e nunca mais volta. Sempre foi um pouco preguiçoso para a escola mas ia feliz e quando não trabalhava argumentava cansaço, tem falta de autonomia para fazer qualquer tipo de trabalho sozinho mas desde que devidamente acompanhado trabalhava. Este "não quero, não faço e eu é que mando" não é o meu filho. A psicóloga acha que ele absorve comportamentos, eu concordo e tendo em conta as birras da irmã desde que mudou de escola, encontro aí a razão. 
No caminho para casa, explico-lhes que estão ambos de castigo, ela porque se portou mal no dia anterior e ele porque hoje levou a coisa aos píncaros.
-Tenho muita pena mas vou ter passar a ser mais dura com os dois, como andam especialmente mal-comportados, vão ser castigados. Até se começarem a portar bem, estão proibidos de ver televisão.
-Podemos brincar na sala?
-Sim, podem.
-Mas mãe no outro dia tu também disseste isso e o macaquito ligou sem tu veres e esteve a ver um bocadinho.
-Se alguém ligar a televisão, não brincam e vão para a cama assim que acabarem de jantar.
-Mas mãe...
-Não há cá mas nem meio mas, quem manda sou eu, vão obedecer-me, se me responderem ou não fizerem tudo o que vos disse vão para a cama sem brincar!
Silêncio....

Silêncio....

Silêncio....

-Ouviram o que eu disse? Compreenderam?

Silêncio....

Silêncio....

Silêncio....

-Mas vocês ouviram alguma coisa do que vos disse? - pergunto já bastante irritada.
-Sim mãe mas não vou responder porque não quero ir para a cama muito cedo. - responde-me macaquito, deixando-me sem resposta.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O mapa do chichi

As primeiras vezes que falei com o pediatra de macaquito sobre retirar a fralda, ele pedia-me calma e dizia com um ar muito condescendente "Conte lá para os 5 anos". Eu, que não sou pessoa de desmotivar e muito menos de levar à letra tudo o que o pediatra me diz, fui tentando, limpei muito chichi no chão, corri com ele no ar até à casa de banho com chichi em andamento só para que ele terminasse no local correcto, andava com o bacio atrás dele enquanto brincava mas ele nunca lá se sentou ou acertou. Contra tudo e contra todos, aos 3 anos e meio, macaquito descobriu a sanita e largou a fralda, de dia e de noite. E assim foi até entrar no ensino básico.
Fazer chichi na cama é para mim o sinal de que alguma coisa está mal, quando acontece já sei que tenho de fazer investigação, visto a gabardina, pego na lupa e lá vou eu em busca de pistas. Acreditem,  não é tarefa fácil, tenho de procurar aquilo que para ele possa ser confuso ou provocar algum tipo de distúrbio emocional, invalidando todos os conceitos que tenho de normalidade, podem tirar-lhe brinquedos, roubar o lanche ou o material escolar que ele não está nem aí mas o facto de um amigo fazer uma birra na aula porque não quer ler o texto do dia ou a pessoa que habitualmente o vai buscar não ter ido nesse dia por um motivo qualquer, pode confundi-lo e muito. O que é válido para hoje, não tem de ser válido para amanhã, as frustrações podem vir da coisa mais estúpida que possamos imaginar, a maioria das vezes, não chego lá e não chegando à raiz do problema, não consigo resolvê-lo, logo o problema subsiste e o chichi também. 
Chegando ao que interessa, agora tenho um truque, informação preciosa transmitida por uma psicóloga e que com macaquito funcionou SEMPRE. Obviamente, este método serve para qualquer criança, portanto, fica a dica para pais que estejam cansados de lavar lençóis dia sim, dia sim.
Lá em casa chamamos-lhe Mapa do Chichi, na realidade, é uma espécie de calendário. Desenhamos numa folha branca um calendário com os dias da semana (pode ser semanal ou mensal) e um quadrado em branco. Esse calendário é de uso exclusivo de macaquito, quando se levanta de manhã,  a primeira tarefa é desenhar um sol ou uma nuvem chuvosa, conforme tenha sido a sua noite. A palavra chichi está proibida nas conversas, não ralhamos, não mencionamos, quando há chuva durante a noite, mudo-o e ele já sabe que tem de tirar os lençóis e colocá-los dentro da máquina da roupa. Perceber que isso implica trabalho e que esse trabalho não é da mãe ou do pai, dá-lhe motivação para se controlar. Tendo em conta a meta que lhe impusemos, normalmente semanal, se tiver muitos sóis tem uma recompensa (que NUNCA passa por presentes), escolher o jantar ou o sítio onde vamos passear. Se a chuva prevalecer, tiramos-lhe qualquer coisa que goste bastante, horas de televisão, o tempo de jogar no tablet, aumento de tarefas, sem fazer grande alarido.
Não usamos isto diariamente, apenas se houver acidentes vários dias seguidos, começamos sempre com um novo calendário e no caso dele, após um dia ou dois, está resolvido. Até hoje, nunca o punimos, no entanto, (nós, pais) já comemos MacDonalds de castigo algumas vezes à conta do Mapa do Chichi.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A fotografia

Gostava de conseguir passar para papel todas as histórias de macaquito, cada apontamento, cada graçola, cada mimo ou abraço inesperado. Costumo dizer que com ele estou sempre a rir ou a sorrir, todas as pessoas que o conhecem e com ele convivem têm uma tolice para contar. Já pensei "chipá-lo", anexar-lhe um gravador de dados, ligar-lhe uma pen 24 sobre 24, que ele até de noite tem graça.
Chego à escola e diz o porteiro "Sabe, o seu filho é tão engraçado, hoje...", vou buscá-lo à Academia e "O macaquito hoje....", vejo uma mãe de um qualquer amigo "O teu filho disse-me...", os meus amigos "O puto é demais....". Até nos dias maus e nas reacções menos boas as pessoas lhe vêem graça, eu não, sou pouco permissiva em relação ao mau feitio e à má-educação, não o desculpo com base na doença, sou dura, castigo se é de castigar mas perdoo sempre. No entanto, espero sempre o inesperado, não me envergonho de coisas que ele faz que poucas pessoas compreendem mas tenho de estar sempre atenta porque a qualquer momento sai asneira. 
No sábado, enquanto tirávamos aquela foto de grupo típica dos casamentos, macaquito ia mandando bitaites para o ar.
-Estamos prontos! Então senhor fotógrafo? Já pode tirar. Todos a sorrir. Já está? 
Finalmente a foto foi tirada e macaquito perguntou-me se podia ir falar com o fotógrafo, senhor com idade de avô (as suas pessoas preferidas), disse-lhe que sim mas fui atrás dele já prevendo algum disparate.
Arranca a correr, chega ao pé do senhor dá-lhe um abraço pela cintura, apertado e genuíno e diz na voz meiga que lhe é característica.
-Muito obrigado por nos ter tirado esta linda fotografia, fico muito grato.
O senhor embaraçado, olhava para mim e para ele sem saber o que dizer e eu sorri-lhe, peguei macaquito pela mão e segui como se não fosse nada. Mas é muito, não é? Acredito que é mais alguém que se vai recordar do meu macaquito por uns tempos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Géneros

Fomos a um casamento, estávamos na rua a conversar e macaquito no habitual périplo em busca de locais sem crianças. A dada altura vem, muito entusiasmado, ter connosco.
-Pai, pai, tens de ir ali comigo. Quero apresentar-te umas meninas. - o pai descartou-se e o tio chegou-se à frente em tom de brincadeira.
-Gajas, onde é que elas estão? Anda lá mostrar.
Passados uns minutos voltam, o tio em lágrimas, de riso.
-Mas vocês querem saber? Este puto é demais, chegou lá e diz-me "aqui estão as meninas que te queria apresentar". Eram os irmãos da noiva!!!
Sim, os irmãos da noiva, rapazes na casa dos 20 anos, têm cabelos loiros encaracolados e compridos e são muito bonitos. Daí a confusão de macaquito e o melão do tio!!

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Amizade

Estou feliz, fico feliz com coisa pouca, talvez não seja assim tão pouca, esta coisa. Já tinha reparado que nos últimos tempos ele falava muito num menino chamado D. mas como na unidade de autismo há um menino com o mesmo nome, pensei que se referisse a ele.
Parece que o D. que vive apenas com a avó, não percebi a situação familiar e também não perguntei, estava sinalizado pelo mau comportamento. Entretanto, ele e macaquito tornaram-se amigos, o D. sente que tem de o proteger, espera por ele nas horas de entrada e saída da escola e faz questão de o acompanhar para todo lado. Macaquito anda feliz com o novo amigo e o novo amigo também deve estar feliz pois o seu comportamento mudou, para melhor, bastante melhor, segundo me disseram.
Ando há três anos a batalhar na mesma coisa, trabalhar a verdadeira inclusão numa escola com uma unidade de autismo, passar a mensagem aos colegas, fazê-los perceber que as crianças diferentes podem ser pares. Estes dois miúdos, cada um especial à sua maneira, vieram dar-me razão. Estão  mais felizes, a escola já não é um local de conflito, temos muito para andar mas vamos no bom caminho.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Auto-estima

-Mamã, podes ser minha namorada?
-Não, sou tua mãe, para sempre e isso é muito melhor que uma namorada.
-Pai, a mãe pode ser minha namorada?
-Não, a mãe é mãe e é minha namorada. Tens de arranjar outra.
-Então é a MP lá da ginástica.
-Não tens mau gosto, ela é bem gira. - digo eu.
-Pai, a minha namorada é a MP.
-Tens de falar com ela primeiro. Ela pode não querer.
-Claro que quer!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Lenda de Santa Iria

"...Era uma vez uma menina muito bonita e muito bondosa e depois apareceu um senhor que se chamava Giraldes que se apaixonou por ela. Ela não se quis apaixonar por ele e ele ficou muito triste e ela também. Mas como ficou muito triste foi matá-la com uma faca e depois atirou a menina matada ao rio e ela foi parar à feira de Santa Ourém."

Contas-me num só fôlego a lenda que te ensinaram na escola, falhas os pormenores mas não faz mal porque se contasses tudo bem não me trarias maior sorriso. Dizes-me que desenhaste a história, a menina morta no rio, com flores e vestida de negro. E enquanto me contas tudo isto, assusto-me que saibas que o mundo lá fora tem negro, esse negro que não entendes mas que já pões nos desenhos. E quase no mesmo instante, penso nos dias em que te observo a dançar e tenho medo da tua inocência porque quando danças não tens medo de nada, quando danças nem imaginas que o mundo lá fora não é todo cor de rosa como os teus sonhos, nem azul como as tuas princesas. Liberto-me destes pensamentos e do constrangimento, ouço-vos o riso e as palavras atabalhoadas porque querem os dois falar primeiro. Incorporo as emoções, não vos deixo perceber que tenho medo do escuro, vou estar sempre aqui para pintar arco íris e lamber as lágrimas dos dias mais negros. 
Que confusão, a tua história e a minha cabeça...

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sem filtros

Perto do trabalho vive uma senhora que costumo encontrar no café e com quem costumo conversar, uma senhora tão doce, tão querida e simpática que quase se estranha. Pergunta-me sempre pelos macaquitos e quase parece avó deles, da forma como fala e se preocupa.
Um dia destes macaquito veio comigo para o escritório e quando saímos a senhora estava na varanda e chamou-o. 
-Olá, está tudo bem consigo? Vai andando?
-Oh macaquito, és tão querido.
-Pois sou, agora tenho de ir buscar a mana. Adeus Sra Rechonchuda.
Caiu-me tudo ao chão, pedi desculpa envergonhada, quando entrei no carro expliquei-lhe que aquilo não se dizia, que as pessoas podiam ficar aborrecidas, que a senhora se chama Matilde e que é assim que terá de tratá-la sempre. 
Entretanto, esta semana a cena repetiu-se e macaquito fez tudo bem. Vá, quase.
-Mamã, como é que se chama a senhora rechonchuda? - perguntou-me baixinho. -Adeus, Sra Matildeeeeeeeeeee!

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Oito

Vou guardar para mim o balanço destes anos e todos os planos que tenho para nós dois, a quatro. Vou guardar para mim o amor que te sinto e todos os beijos que tenho para te dar. Vou guardar para mim as tuas vitórias e todas as batalhas que sei que ainda vais vencer. Vou guardar para mim todas as palavras que conheço porque todas não chegam para te dizer o quão perfeito és, apesar de todos os defeitos e imperfeições. Vou guardar para mim toda a tua beleza, a mesma que não retira fulgor à tua personalidade impetuosa, não te mascara as diferenças, não disfarça os erros de educação que assumo serem minha culpa. Vou guardar para mim que ainda temos um longo caminho pela frente, caminho junto contigo, levo-te ao colo o tempo que for preciso. 
Não preciso de te dizer nada quando os olhos dizem tudo, será assim para sempre!
Parabéns miúdo! 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

O cachopo sírio

Os meus pais adoptaram um Syrio....
...

...

Sem me consultarem...

...

...


Só podem estar a gozar comigo...

...

...

...

"Olá, eu sou o Syrio. Fui resgatado de um descampado onde fui abandonado ainda bebé."

















Macaquitos estão delirantes e eu estou a ponderar não autorizar a ida de macaquito a casa dos avós nos próximos.... 2.... 10.....  20, sim 20 anos parece-me bem!

 Assim não dá!!

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Imagino porquê.

Festa de anos numa pizzaria que não é a Hut mas igualmente conhecida, lá vou eu com os dois rebentos pela mão, sacos de presentes e um prato de pizza sem glúten nem lactose. Sim porque a dita pizzaria serve pizzas sem glúten mas como vêm congeladas para as lojas, já vêm prontas e cheias de queijo. Simpáticas, as funcionárias, aceitaram cozer a minha pizza junto com as outras para que macaquito não se sentisse diferente dos outros. A coisa correu bem, muitos meninos, gritos e macaquita agarrada às minhas pernas impossibilitando qualquer tentativa de fuga . Depois há aquela parte da festa em que os meninos vão à cozinha aprender a fazer pizza. Macaquito volta com um ar acabrunhado.
-Então macaquito, foi giro, aprendeste a fazer pizza?
-Não, a senhora mandou-me calar!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Sem perder o fio à meada

No seguimento do post anterior. Conversa a caminho da escola.
-Mamã, hoje é sexta? - pergunta macaquita. Anseios de fim-de-semana e de muito colo da mãe, continua angustiada com todas as mudanças na sua vida pequenina.
-Sim, amanhã vamos estar o dia todo juntas e domingo, se portarem muito bem, vamos passear no preto (chasso velho, também denominado por automóvel clássico).
-Eu já sei. - diz macaquito - Vamos ao Castelo do Rei!
-Como é que sabes? Era surpresa, ainda não te tinha dito nada.
-Foi... espera... (oiço o vidro descer) Aõ Aõ Aõ (fecha janela).... foi o pai que me disse.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O gato voltou

Desde que a escola recomeçou que macaquito anda radiante, reencontrou o seu amigo F. de quem é inseparável. Recomeçou também o meu tormento, acho que piorou até. Qualquer pergunta, qualquer ordem, qualquer coisa que lhe diga tem como resposta um miado.
-Macaquito, vai tomar banho!
-Méeeeuuu.
-Como correu o dia?
-Méeeeuuu.
É irritante mas tão irritante porque aquilo não é dele, é a imitação do comportamento do amigo, ele sabe que não deve mas a maioria das vezes não consegue controlar esse comportamento. Uma manhã destas, acordou com o despertador do pai, fez o que quase sempre faz que é aguardar na cama que alguém vá para a cozinha, ou seja, cerca de meia hora. E o que fez nessa meia hora? Sim, miou!!
Ora, um mal nunca vem só, certo?! Ontem ao voltarmos para casa, no final do dia, ele abriu a janela do carro e estava muito frio.
-Macaquito, fecha a janela por favor, estou cheia de frio. - pedi-lhe
-Espera mamã, só tenho de ladrar àquele cão que está ali naquele quintal. - ao passarmos defronte de uma vivenda, ladrou tal e qual um cão de grande porte e do outro lado alguém lhe respondeu com um latido.
Há semanas que ladrava sempre que passávamos ali, finalmente percebi porquê. Esta fixação com os animais e os respectivos sons vem muito de trás mas nunca se espelhou desta forma nos comportamentos. 
Dou comigo a pensar "o gato voltou mas trouxe um amigo!!"

sábado, 3 de outubro de 2015

Tanta estupidez junta...

Macaquito tem sete anos, sabe o nome do primeiro ministro, do presidente da república, reconhece o Sócrates, o Costa, o Portas, o Relvas (e este já nem dá o arzinho de graça) e mais uns quantos que aparecem diariamente nos telejornais (também sabe o nome dos jornalistas que o apresentam, melhor que eu!). 
Macaquito tem uma memória prodigiosa mas só tem 7 anos.
Isto que vos deixo aqui, revolta-me, estamos a dois dias das eleições:
https://youtu.be/ynpleokhjx4

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A angústia

Macaquita mudou de escola, a adaptação não tem sido fácil contra todas as expectativas, minhas e dela. Chora copiosamente para ficar, chora às refeições, chora nas brincadeiras, chora logo que acorda só de pensar que tem de ir. Uma manhã destas tinha acabado de a deixar, depois de uma cena dramática ao estilo novela mexicana, percebeu que o portão estava aberto, pediu para ir à casa de banho e fugiu. Percebi-lhe os gritos, antes que conseguisse chegar à rua.
No final do dia que é quando apresenta o seu maior sorriso, perguntei-lhe porque chorava tanto, queria entender o que a deixava tão triste e por que motivo não gostava desta escola, ao que me respondeu prontamente.
-As professoras ralham comigo.
-Eu também ralho contigo e tu não choras.
-Sim mas eu gosto muiiiittttoooooo de ti e delas não!

domingo, 27 de setembro de 2015

O Flip e o Willie

Algumas crianças têm amigos imaginários, a imaginação de macaquito leva-o num sentido um pouco diferente. Fomos passear ao "nosso sítio preferido", um pequeno ancoradouro em madeira à beira rio onde lhes dou a liberdade de se descalçarem, molharem os pés e sujar-se à vontade. Os chorões que antes nos permitiam estar sempre à sombra foram cortados, sentámo-nos no chão e macaquito mergulhou os pés.
-Mamã, apresento-te o Flip, o pé esquerdo e o Willie, o pé direito. Diz olá ao Willie. - disse, emergindo o pé e virando-o na minha direcção.
-Olá Willie, está tudo bem?
-Oh sim! Estou bem e tu como estás Be?- acho engraçado que me trate pelo meu nome próprio, afastando qualquer hipótese de maternidade com um pé.
-Também estou bem.- respondo e ele mergulha o pé de novo e diz com uma voz muito angustiada.
-Estou a afogar-me e agora quem me vem salvar?
-Talvez seja boa ideia pedires ajuda ao Flip.
-Fliiiiiippppppp, ajuda-me, por favor. - põe o pé esquerdo debaixo do direito, empurra-o para fora de água e retomamos as apresentações.
-Olá, eu sou o Flip, como se sente Be?
-Olá Flip, estou com algum calor, o sol hoje está muito quente.
-Pois está mas eu estou fresquinho aqui dentro de água com o meu amigo Willie.
A conversa continuou por mais algum tempo mas sem sombra o calor começou a tornar-se insuportável.
-Macaquito, está muito quente aqui, tira os teus amigos da água e vamos mudar de sítio.
-Ok mãe, vamos para aquele lado que ali não está sol.
Mesmo ao lado tem uma rampa de cimento que permite acesso ao rio aos canoistas, sentei-me no chão e ele na ponta com os pés de novo na água, a dada altura pôs-se de pé, o Flip e o Willie escorregaram no lodo e caiu de rabo dentro de água, não contive o riso, ele atrapalhado não sabia se havia de rir ou chorar. Olhou para mim, um pouco indignado por me estar a rir dele mas depois largou a rir também.
Rimos a bom rir durante cinco minutos. Pedalou de cuecas até ao estacionamento, fresquinho e feliz!

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Já posso falar do Outono?

A Xaxia fez serviço público e eu aproveitei a informação. Como macaquito gosta sempre de saber "hoje é dia de quê?", peguntei-lhe pela manhã:
-Sabes que dia é hoje?
-Não mamã, é dia de quê?
-Hoje começa o Outono.
-Isso quer dizer que agora tenho de ir muito tempo para escola??!
-Sim, quer dizer que estás no início do ano escolar. Tens toda a razão.
Podia ter-lhe dito que é nesta altura do ano que as árvores ficam mais bonitas com todas aquelas cores, que os dias ficam mais pequenos e mais frios, que começamos a vestir roupas quentinhas e os cachecóis que ele tanto adora, podia ter-lhe dito que falta pouco para acendermos a lareira e assarmos castanhas, podia ter-lhe dito tantas outras coisas mas tal como ele, sinto que o ano começa agora e não em Janeiro, sinto também uma estranha dor de barriga...

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Probabilidade muito alta

Ao jantar e vindo do nada, esses nadas que por vezes tenho alguma dificuldade em perceber.
-Papá, tenho pena de ti. - diz macaquito com um ar muito triste.
-Pena de mim? Então porquê?
-Porque quando tu fores velhinho vais morrer.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Politiquices

Apesar de tentar levar o blog da mesma forma que levo a vida, por vezes tenho de trazer temáticas mais sérias, sim porque a vida de macaco não é só galhofa. Porque os ministros e os seus boys, ou bois o que vos aprouver chamar-lhes, tomam as decisões mas fica para os profissionais a difícil tarefa de as comunicar a quem de direito, fiquei a saber pela terapeuta ocupacional que macaquito vai passar a ter terapia apenas de 15 em 15 dias. Isto porque a outra TO foi embora, não sei se porque se fartou ou porque acabou o contrato e apesar do pedido de outro terapeuta ou estagiários, esse pedido foi recusado, portanto fica um hospital que serve uma enorme população com apenas uma terapeuta. Há demasiadas crianças a precisar e alguém tem de sair prejudicado, neste caso, macaquito é um dos "sorteados". Nas palavras da terapeuta, por quem tenho o maior respeito e admiração, macaquito fez uma grande evolução e vive num contexto familiar que lhe permite apenas dar as orientações necessárias para que ele trabalhe em casa e em contexto escolar, claro que ele precisa de mais e vai sempre precisar mas ela é só uma e mais não pode fazer. E eu também não, a menos que me dedique a assaltar bancos, coisa em que tenho pensado bastante, visto estar na moda e ninguém sair punido.
Que ministérios são estes, que governo é este em que trabalham apenas máquinas calculadoras que não olham a meios para fazer crescer os números?
Depois leio os números da educação especial, apenas meia hora por semana de apoio a crianças com necessidades especiais, as crianças são cada vez mais (43 mil o ano passado para 79 mil este ano), o número de professores não acompanha essa escalada. A falta de seriedade com que Nuno Crato encara esta temática é desmotivadora para quem luta pelo futuro destas crianças, crianças que são apenas problemas administrativos aos olhos deste energúmeno.
Continuarei a correr atrás do futuro dele, pelo menos enquanto as minhas pernas e a minha carteira permitirem, sei que nem todos têm a sorte do meu filho. Custou-me durante muito tempo compreender o porquê de me dizerem que macaquito tinha sorte de ter nascido no seio de uma família como a nossa, que tinha uma mãe que fazia o que poucas eram capazes de fazer, achava que eram palavras da boca, mais tarde percebi que não, que eram palavras do coração, palavras de quem conhece uma realidade que me passava completamente ao lado. Percebi que muitas mães não correm tanto como eu, porque lhes falta a força, o dinheiro, o conhecimento, a formação, sei lá, nestes casos, ninguém se substitui a elas. Estes miúdos também não vão correr, ora se já lhes cortaram as pernas.

Ordens são para cumprir

A terapeuta ocupacional tirou a sessão para uma reavaliação, reavaliação essa que exige a apreciação de vários parâmetros,  cognitivos e motores. Eu estava fora da sala, visto que ele trabalha melhor sem a minha presença quando tem de estar mais concentrado. A dada altura, a terapeuta pedia-lhe que imitasse situações do dia-a-dia para avaliar a praxia ou planeamento motor. Consiste na habilidade de imaginar e conseguir reproduzir situações sem ter objectos que o assistam na tarefa. No caso dele é complicado, é ainda bastante imaturo devido à dificuldade na integração sensorial. Assim, começou por pedir-lhe que lavasse os dentes, que se penteasse, calçasse os sapatos, fizesse uma chamada com o telemóvel, isto tudo reitero, sem qualquer objecto nas mãos. Fui ouvindo tudo o que se passava e conseguia perceber pelas reacções da terapeuta como se estava a sair.
-Agora penteia-te. Muito bem! Agora estás a lavar os dentes. Ok! Agora faz de conta que estás a cortar o pão com uma faca.
-Aaaaahhhhh não! Não e não! Isso não! A minha mãe não me deixa mexer em facas!




Pontos de vista

Chegámos à terapia e, para gáudio de macaquito, não havia sítio para estacionar. Assim tivemos de subir ao parque de cima que fica muito mais longe mas que dá para fazermos corridas até cá abaixo. Azar dos azares também não havia lugar e tive de dar a volta num local um bocado estreito, enquanto fazia a manobra reparo que umas senhoras saíam e aguardei para ver se arranjava lugar, elas ficaram um pouco à conversa.
-Estás à espera de quê?
-Estou a ver se aquelas senhoras têm carro e se arranjo lugar para o nosso.
-Apita, mãe!
-Não posso apitar, sabes bem que não posso.
-Claro que podes apitar, é uma situação de perigo.
-Perigo? Então explica lá onde está o perigo.
-Perigo para as senhoras, se não saírem dali depressa!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Manel, o eremita

Férias significam, para alguns, não ter horários, nomeadamente, não ter horários para acordar. Com dois macaquitos em casa, isso torna-se missão quase impossível. Macaquita ainda dá umas tréguas, já macaquito tem fome, tem sempre fome, não lhe consigo matar a lombriga que lhe consome os quilos de comida que enfarda por dia, por isso, no máximo por essas 8 horas da matina oiço a sua voz:
-Mamã, vais arranjar-me papinha? Estou cheeeeiiiiiiiooooo de fome!
Sempre do meu lado da cama, entra, finge que dorme durante 5 segundos, dá-me umas quantas patadas, uns beijinhos, mexe e remexe no meu cabelo e lá arranja coragem para angariar comida com a frase sempre precedida da palavra mãe.
Uma dessas manhãs de férias e já de barriga cheia, depois da rotina que impunha a si próprio de abrir todas as portadas e a porta para a rua, macaquito vai até  à piscina e volta agitado.
-Mamã,  está ali um caranguejo eremita.
-Onde?
-Ali, ao pé da piscina. Anda ver.
Entretanto, macaquita já acordara e lá fomos todos investigar o caranguejo.
-Podemos pô-lo na piscina? - pergunta ele.
-Claro que não. É de água salgada, se puseres na piscina acaba por morrer.
-Então o que fazemos? Podemos ficar com ele? - pergunta macaquita.
-Eu acho que é melhor guardá-lo ali no balde e depois deixá-lo na praia. Assim ele pode voltar para casa.
Como tínhamos decidido ir passear (e procurar a gelataria dos gelados sem lactose) a Vila Nova de Mil Fontes ficou decidido que o caranguejo "eremita", que não era Pylopagurus mas um qualquer caranguejo comum, se chamaria Manel e ficaria ao largo da ilha do Pessegueiro que nos ficava em caminho.
Lá fomos nós, parámos ali juntinho à praia, mãe e rebentos desceram as rochas que me valeram um furo num dedo do pé graças às vertigens de macaquito e ao escândalo que fez para descer sozinho de um metro de altura. Calcorreámos a areia de baldinho na mão, sob o olhar incrédulo de pai macaco que acha que eu sou mais tonta que os dois putos juntos, molhamos os pés na ondas e soltámos o Manel em direcção ao horizonte.
Fizemos o nosso passeio, tirámos fotografias junto ao rio que cruza ali mesmo com o mar, comemos gelado de manga sem lactose que "foi o melhor gelado que comi em toda a vida" e voltámos a Porto Côvo.
Quase a chegarmos, macaquito pergunta:
-Mamã, achas que o Manel já chegou a casa?
-Sim, claro. Já deve ter chegado.
-Esta noite já vai jantar com a sua família!
E ficaram felizes porque salvámos a vida ao Manel e o Manel era só um caranguejo...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Ceia??

Obrigatório nas férias é passar no "Café do Zangado" (é assim que macaquito lhe chama, até hoje não percebemos porquê) e comer uns belos caracóis. Confesso que vou sempre na expectativa de que me reconheçam depois da história da "Xebeja" mas é ali que os caracóis são de comer e chorar por mais. 
Aproveitámos um dia em que o vento não nos deixou gozar praia. Conversámos imenso, demos umas gargalhadas em família e a dada altura macaquito perguntou:
-Mamã, isto é jantar?
-Não, claro que não. Então se ainda é de tarde, é lanche.
-Então e quando bebemos o leite à noite, chama-se quê? Reabastecer??!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quem muito fala...

Macaquito fala, fala muito, que é como dizer, não se cala um minuto, fala sozinho enquanto brinca, fala ininterruptamente durante qualquer viagem de carro, fala durante as refeições, até a dormir fala. Os silêncios dele são apenas quando entra no mundo dele, se estiver distraído com alguma coisa  ou na presença de muitas crianças pois prefere isolar-se a ter grande interacção social mas esses momentos são sempre breves.
Enquanto brincava na piscina, debitava todos os seus pensamentos e perguntava tudo o que achava que tinha de ser perguntado.
-Mãe, vais ler esse livro todo? Faltam quantas páginas? 300??? Isso são muitas páginas! Vou dar um mergulho. A água está boa. Onde é que eu estava? Neste quadrado? Agora vou saltar deste.
Mergulha e assim que põe a cabeça fora de água, continua.
-Senhor, a sua filha não vai à piscina? Ela está com frio. Quantos anos tem? A minha mana tem cinco. Já sabe nadar. Eu também sei nadar mas tenho de usar o colete porque a minha mãe quer. 
-Macaquito, sossega, não sejas aborrecido.
-Mas mãe, eu tenho de dizer. Vais ler o livro todo? Porque é que gostas de ler? Agora vou mergulhar deste quadrado. Viste mãe, foi um mergulho espectacular. Vamos jogar um jogo?
-Sim, está bem. Que jogo queres jogar?
-Não sei, mamã, escolhe tu.
-Vamos jogar o jogo do silêncio, o primeiro a falar perde.- disse-lhe antecipando a reacção, o casal que se encontrava na piscina, olhou-me e sorriu. Colocou as duas mãos na boca, torcia-se e retorcia-se, apertava os lábios com força, sem nunca parar de rir, um riso nervoso. Ao fim de cerca de 30 segundos, tirou as mãos da boca.
-Desculpa mãe mas não consigo jogar esse jogo!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

De volta


Após alguns dias de descanso, praia e muita brincadeira longe de casa, das internetes e afins, estamos de volta. Temos histórias novas para contar...

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

As pedras

Sentada na toalha Macaquita encontra uma pedra preta, faz força e parte-a ao meio.
-Mamã, está pedra não tem água.
-Claro que não, as pedras não têm água.
-Ai não? Então como é que os senhores fazem Água das Pedras, daah.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Previdência

Macaquita regressou dos avós para poder ir passar o dia com a prima. No caminho para lá dava-lhe os conselhos do costume "come tudo, obedece à tia, porta-te com juízo, etc, etc" até que chegou a altura do aviso que muito me atormenta:
-Atenção, não sais do café sozinha, tens de dar sempre a mão a um adulto que aquela estrada é muito perigosa.
-Sim mãeeeee, já seiiiiiii.
-Macaquita, isto é importante. Eu tenho muito medo daquela estrada.
-A estrada não faz mal a ninguém, os carros é que fazem!
E assim se tem direito a mais um atestado de estupidez, começo a ficar preocupada com o discernimento desta criança.

E vão cinco

Ao telefone:
-Então, a macaquita já chegou? Ela está bem? - perguntou-me ele.
-Sim, já chegou, está aqui a ouvir a conversa.
-Mamã, já me caiu outro dente. A avó puxou-o depressa.
-E não doeu nada, pois não?
-Não, não doeu. Sabes, assim hoje vem a fada dos dentes.
Macaquita ao ouvir falar na fada choramingou que queria que a fada lhe desse um beijinho.
-Olha, se estiveres acordado quando a fada dos dentes aí for, diz-lhe que venha cá dar um beijinho à mana.
-Ó mamã, a fada dos dentes é tímida!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Nem sei porque pergunto...

Ao telefone:
-Então o que é que aconteceu ontem na festa?- pergunto eu.
-Estavam lá duas meninas a cantar e um homem a tocar guitarra, outro homem a tocar guitarra e outro a tocar bateria. E a menina disse-me adeus e ao macaquito também.
-Que giro! E dançaram muito?
-Não, fizemos desporto!
Fiquei sem perceber se estava a ser irónica ou honesta.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Os nossos corações

Fazia nove dias sem ti, sem te ver com os olhos porque quando te ouço sinto que te estou a ver. Não me abraçaste logo, correste que nem louco pela casa toda "não encontro, tenho uma prenda para ti mas não encontro", choraste a tua perda que era minha afinal. Como sempre, o remédio caseiro está nos avós "vai lá ver no teu quarto, foi lá que deixaste", correste de novo como se o mundo fosse acabar naquele segundo, na volta o sorriso consumia o teu rosto "olha mamã, tenho um coração para ti!". Devolvi o sorriso e aí abraçaste-me tanto, enchi-te de beijos + 1, este último era azul e enorme, não percebeste de quem era mas fiz questão de te dizer. Olhaste para mim como quem não percebe nada, aceitaste-o com o sorriso do costume. "Gostas do teu coração? Podes pendurá-lo no espelho do carro!" Sorri e não acedi ao pedido mas prometi guardá-lo junto a mim, o meu só o uso para bombear o sangue que me dá vida pois é teu desde o primeiro dia, assim como os vossos são meus desde sempre. Troca justa, parece-me.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sai uma imperial para a mesa 2

Macaquita gosta de caracóis e de ........  ...........  .......... cerveja, pronto,  já disse. Antes de me crucificarem eu vou explicar como descobri, não que abone muito a meu favor mas sempre dá para perceberem que sou um bocado anormal e tendo isso em conta, serve de atenuante.
Estava eu com os dois rebentos numa esplanada de Porto Côvo, vai que eles me pedem caracóis e eu, como gosto de lhe fazer todas as vontades (mentira, estava a apetecer-me mais que a eles), pedi um prato grande dos ditos bichos, umas águas e uma imperial para mim. Macaquita no auge dos seus 22 meses, olha para a cerveja e pede.
-Mamã, quéo xumo.
-Bebé, não é sumo, é cerveja. Está aqui água.
-Não! Quéo xebeja!
-Tu não gostas, bebe água agora que a mamã pede um sumo.
-Gota gota, quéo xebeja.
E eu, que nem chica-esperta, toca de dar cerveja a provar à criança, apenas porque tinha a certeza de que ela ia odiar o sabor amargo da cerveja, como todas a crianças, não é??! Não, não é! Então não é que aquela parvalhona gostou?!
-Macaquita gota, quéo maix!
-Não gostas nada, é blhéc, não presta!
-Gota muito, quéo xebeja!
E a partir deste momento foi o descalabro total, macaquita pôs-se em pé na cadeira e gritou para quem quisesse ouvir, no dia seguinte havia relatos disso na Ilha do Pessegueiro, consta que se ouviam os gritos por lá.
-QUÉO XEBEJAAAAA! EU GOTO DE XEBEJAAAAAAA!
Escusado será dizer que os sumos amarelos que pedi na tentativa de a enganar, não remediaram nada e passei o resto da tarde a olhar constrangida para as pessoas e a dizer com os olhos que não a conhecia, que aparecera ali e tive pena  de a mandar embora. E macaquito, alheio a tudo aquilo, morfava caracóis como se não houvesse amanhã.


O Albatroz

Macaquito foi com a avó ver a peça na foto, no final pediu à avó que o levasse ao pé do palco. Queria falar com os actores, a avó acedeu sabendo que ele está habituado a ir connosco para o palco no final das nossas actuações. 

Conversou com uma das actrizes a quem fez mil perguntas, pediu-lhe que chamasse o actor que fazia de marinheiro. O actor veio e apanhou o raspanete da vida dele, macaquito explicou-lhe o quão errado era maltratar os animais e queria perceber porque razão tinha ele morto o albatroz, no final, a pedido de macaquito, marinheiro e capitão tiveram de apertar as mãos e o marinheiro fez um pedido de desculpas sentido.

Apesar de não ser novidade para mim, macaquito ainda confunde a ficção com a realidade, nem sempre conseguindo discernir entre os dois conceitos e isso deixa-me um pouco apreensiva, no entanto, fico muito feliz por saber que tem um coração do tamanho do mundo e sabe distinguir perfeitamente entre o bem e o mal.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

São queques Senhor, são queques.

Numa altura em que os tablets ficaram significativamente mais baratos, houve muitos papás que acharam que era uma boa prenda para os seus rebentos, é pelo menos uma boa forma de os ter entretidos, não que eu concorde muito com ela mas essa é a minha opinião, o que discordo de todo é que os deixem levar para a escola ou creche. Macaquito devia ter uns cinco anos na altura da febre e um dia diz-me com a maior das naturalidades.
-Mamã, compras-me um tablet?
-Para que queres um tablet?
-Para jogar Angry Birds e jogos.
-Mas um tablet custa muito dinheiro e a mamã não pode.
-Ó mãe, é só ir ao supermercado e pôr no carrinho.
-Pois filho, mas também tem de se pagar que é o que a mamã faz quando passa as compras no tapete para a senhora pôr nos sacos. No final tem de se pagar o que se põe dentro do carrinho e a mãe não pode comprar tudo o que vocês pedem.
-Mas é só dares o cartão...
-Claro, o cartão é dinheiro, a mãe tem de pôr dinheiro no banco para que os senhores do banco ponham o dinheiro no cartão e depois poder usá-lo. É por isso que a mamã tem de trabalhar, para ganhar dinheiro para a comida, a roupa e as coisas que fazem mesmo muita falta.
-Então vou trabalhar para ganhar dinheiro.
-Boa! E o que vais fazer? Não te esqueças que tens de ir à escola.
-Então quando sair da escola, vou à noite para o café vender quecas!!
-Não me parece que essa seja uma boa opção mas quando fores maior conversamos sobre isso, está bem?

Um poucochinho para ele chega

Macaquito tem uma fixação com t-shirts com letras nas costas. Julgo que tem a ver com o facto de uma altura lhe ter comprado umas básicas da Benetton que tinham as letras desenhadas atrás, comprei todas as cores disponíveis e nesse ano era sempre as que queria vestir. Entretanto cresceu e nunca mais consegui arranjar nada parecido, ele que não liga nada a roupa, muito menos se tiver bonecada, sempre que entra comigo numa loja vai imediatamente ter com alguém para perguntar se tem "camisolas com coisas nas costas".
Este fim-de-semana deixámo-los nos avós e fomos "viver a aldeia" durante quatro dias, já lá vão uns anos desde o último festival e foi bom matar saudades destes desvarios. No último dia, fui comprar-lhes uma lembrança e reparei que faziam t-shirts na hora, pedi que me fizessem com os nomes deles nas costas e o símbolo do festival por baixo. Assim, género jogador de futebol, pirosas mesmo, tenho de admitir.
Ontem o pai foi levá-las e filmou tudo. Nunca mas nunca vi uma criança tão feliz com uma coisa sem jeito nenhum ( não digam a ninguém mas na parte que me mandou beijos pelo telefone, as lágrimas assomaram ali ao cantito do olho). E estava tão entusiasmado com a da irmã como com a dele. Ela, entretanto, já me pediu uma bicicleta nova...
Já macaquito, temo que vá andar a semana toda com a mesma t-shirt.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Multiculturalidade no SNS

Fim de semana alucinante, macaquitos foram atacados por um enxame de vespas no sábado, ao final do dia. Depois de um salvamento dramático (duas crianças penduradas pelos braços e atiradas para a piscina) protagonizado por uma mãe em pânico de ser mordida pois é alérgica, tal como macaquito, o resultado é uma picada em macaquita e várias picadas nas pernas no desgraçado do costume. Uma dose de anti-histamínicos, umas pomadas mas a coisa não resulta.
Domingo de manhã, hospital com ele pois já não conseguia andar. Segurando-o no colo, entro no gabinete e observo que o médico é oriental, atrás de mim vem uma enfermeira africana que lhe explica o que aconteceu:
-Tá a vêr Dótor, foi uma zabélha que mordeu no minino!
O médico olhava para ela com ar de quem não compreende nada e eu dizia que não, que tinham sido vespas.
-É á mêma cóisa!
- Não, não é. - insistia eu, educadamente. Ela acabou por desistir e foi embora, deixando-me a sós com o médico. Macaquito pediu-me que o deitasse e ia deitando uns disparates para o ar.
-Senhor Doutor, a sua marquesa é muito confortável. Ó mãe, o Doutor fala o quê? Não percebo o que está a dizer. - o médico sorria-lhe, enquanto eu tentava explicar o que lhe tinha acontecido.
Depois de me perguntar umas vinte vezes quanto pesava o miúdo, encaminhou-me para a sala de pediatria, onde me pediu que aguardasse por uma enfermeira. A enfermeira veio chamar-nos e lá fui com ele para outra sala para que lhe fossem administrados vários medicamentos, a dada altura a enfermeira pergunta-me quanto pesa macaquito. Digo-lhe que o médico já me tinha perguntado e ela percebe a minha desconfiança.
-É que a dose que o Doutor pôs aqui é para um miúdo de três anos, quanto lhe costuma dar de Benuron?
-7,5ml, costumo consultar a tabela.
-Pois, é o que lhe vou dar, o doutor deve ter-se confundido. - por momentos temi que o médico não tivesse sequer percebido o que tinha acontecido e que o estivesse a medicar mal mas a enfermeira descansou-me. Macaquito olha para os vários copitos que tem de beber e pergunta para que são cada um deles. Depois da explicação, não fica convencido porque o Benuron é amarelo.
-Na casa da mãe o Benuron é laranja, eu não posso beber o amarelo. - a enfermeira fica atrapalhada, tenta explicar-lhe que é a mesma coisa mas ele só chora.
-Macaquito, lembras-te de que cor eram as gotas que tomavas? Sim, brancas. E agora? São azuis, não é? Mas é o mesmo medicamento, aqui no hospital o Benuron é amarelo mas é igual ao laranja de casa.
O choro parou, bebeu todos os medicamentos e passado meia hora voltámos ao gabinete, mais um rol de prescrições e vamos lá embora.
-Sabe Doutor, a sua marquesa é muito confortável.
-E tu és muito simpático, macaquito!




sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Agricultor falido

Toca, o telemóvel, bem cedo:
-Mamã, mamã estou a ligar-te já porque vou para horta com o avô.
-Boa macaquito, vais ajudar o avô?
-Sim, vou. - dispersa-se e pergunta ao avô se o morango que estava verde já está vermelho.
-Fala comigo, a mamã está aqui deste lado. Posso pedir-te que me tragas umas coisitas da horta?
-Sim mamã, eu trago.
-Então arranja-me uma cestinha de frutas e legumes, para trazeres no fim de semana, está bem?
-Ok, mãe. Agora tenho de ir.
De tarde liguei para saber como estava e perguntei-lhe pela minha cesta:
-Então macaquito, já tens a cesta pronta?
-Olha mãe, na horta do avô não há cestas, as alfaces estão queimadas, as tangerinas ainda não estão laranjas porque ainda estão verdes e o avô não tem tomates!
Escusado será dizer que macaquito não percebeu a piada.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sem salvação...

Ao telefone:
-Olá macaquito, como foi o teu dia?
-Mamã, a avó não está. Teve de ir salvar um senhor que está morto.
-O quê? A avó foi onde?
-Foi ali acima salvar um senhor que está morto.
 Tentei não me rir mas ele percebeu.
-A sério mãe, o senhor morreu!
Em conversa com o avô, fico a saber que a minha mãe foi assistir um velório e que na realidade não havia muito a fazer pelo senhor Rijo.

O suspeito do costume

A caminho de casa ao final do dia, conversávamos animadamente sobre o dia de cada um deles. Macaquita contava-me que tinha estado a fazer desenhos nas camisolas de uns senhores e senhoras que por lá apareceram (putos da colónia de férias de uma conhecida empresa outrora portuguesa) e de repente atravessa-se à minha frente uma espécie de auto-caravana azul cueca, matrícula estrangeira, velha que doía. O cheiro a gasóleo queimado era insuportável, apesar dos vidros fechados.
-Uhhhh, cheira mal! - diz macaquita.
-Não fui eu! - responde macaquito aflito.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Tão bom

Macaquito tirou dois dias de férias das férias nos avós, voltou cheio de beijos e mimos para todos. Acho que cresci dois palmos, assim que me correu porta dentro. Abraçou-me, beijou a irmã (ele não é muito de beijos a ninguém, exceptuando a mim) mas fez-me logo saber que na quinta voltava para os avós e retornaria na sexta para passar o fim-de-semana connosco. Acho importante que faça os seus próprios planos e desde que não interfira com as questões médicas, deixo-o à vontade.
Vinha muito entusiasmado porque o pai trocou de carrinha na empresa, fez questão de me explicar tudo:
-Sabes mamã, o pai trouxe uma carrinha com três lugares à frente. Assim também podes ir.
-Ir onde?
-Ao café!
-Mas não cabemos todos...
-Tu levas a carrinha nova e eu vou contigo e o pai leva o teu carro com a mana.
-Eu também quero ir com a mamã. - refila macaquita.
-Pronto, vou eu, a macaquita e a mamã na carrinha e o papá vai no carro da mãe.
-Eu não acho muito bem, vamos todos num carro. - respondi-lhe.
-Não mãe, vamos na carrinha nova, por favor.
-Eu vou sozinho? - diz-lhe o pai em tom de gozo - Assim vou chorar.
-Respira fundo!
-Porquê? Nem me zanguei contigo... ainda.
-Para te acalmares e não chorares, tens de respirar fundo, pai! 
Não contive o riso.
-Não sei porque te estás a rir, estou a ajudar o papá. Não o quero ver a chorar.

Ahhhhh que saudades que eu tinha destas parvoíces.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Ponham protector.

Não vejo macaquito desde domingo, sentado no lado do condutor, abraçou-me e disse-me:
-Mamã, eu gosto muito de ti mas deixa-me ficar na avó.
E eu deixei, claro, apesar de já terem passado os dezoito dias que inicialmente me pediu. Macaquita zarpou na terça, finalmente percebeu que para não ir à escola teria de abandonar os braços da mãe e zarpou feliz. 
Ao telefone, diz-me que não posso fazer barulho que a mana dorme a sesta e ontem era um Pteranodonte, explicou-me tudo sobre a forma como se move o Pteranodonte como se eu o observasse pelo telefone, não percebi quase nada. 
Rumam à praia, macaquita observa que não posso usar as suas cuecas de bikini novas porque posso parti-las, suponho que me esteja a tentar dizer qualquer coisa. A única preocupação dele é o saco da praia que o avô perdeu, deve ser uma história antiga que não recordo, ele fará com que nos recordemos todos os anos.
Durmo mais mas como menos, preciso de um abraço de dinossauro.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Quando for grande

Sou um bocado apreensiva em relação ao futuro de macaquito, não sei o que nos reserva, suponho que daqui por uns anitos ele seja completamente funcional mas o mas existe. Não estou a ficar mais nova, apesar de macaquita achar que vou viver até aos mil anos porque "mil é mais que cem" e ela gostava de ter cem. Não quero também que macaquita viva a vida dela com um sentimento de obrigação de cuidar do irmão, tenho a certeza que estará sempre lá para ele mas não quero que o sinta como um encargo ou necessidade moral.
Preocupo-me com o futuro dele, não vivo pregada ao chão e ele já me deu provas que provavelmente serão receios infundados, aqui vai mais uma história a comprovar.
Um dia destes, dos poucos em que o tenho comigo deste que começaram as malditas férias de verão, vou buscá-los à academia, estaciono mesmo em frente, nesse dia conduzia o carro da minha mãe. Já estávamos a sair e volto atrás para dar um recado, dois minutos de conversa e começo a ouvir um alarme, espreito para a rua e vejo dois macaquitos dentro do carro. Corro com a chave para desligar o alarme, ralho com os dois e mando-os sentar nas cadeiras, cintos colocados e assim que ponho o carro a trabalhar, sinto-me como se estivesse num carrossel. Piscas ligados, escovas limpa vidros a trabalhar, tecto de abrir a abrir sozinho, palas de sol para baixo, uma tampa arrancada. Coloco tudo no lugar e arranco para casa, a ralhar claro!
-Mas mamã, eu só queria abrir a capota. - diz-me ele com muita naturalidade. Entretanto percebo que as escovas do vidro de trás também estão ligadas, tento pará-las durante todo o caminho até casa e tudo o que consigo é pôr as da frente a funcionar e ligar os "mijas" da frente e de trás, com os vidros cheios de pó já nem via nada. Páro o carro, lá descubro a muito custo como é que aquela porcaria funciona e de repente tenho um pensamento. "O carro estava trancado, como é que ele entrou?"
Comecei a rir sozinha, se ele consegue arrombar carros, o futuro dele está salvaguardado!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

1826 dias depois...

Imaginar que ia gostar de meninas, é impossível de imaginar. Que o cor de rosa me  ofusca, mais que brilhantes e purpurinas.
Pensar que teria de comprar bonecas e vestidos, é impossível de pensar. Nunca gostei de bonecas, confesso que continuo a preferir os carros e os livros.
E tu também mas gostas tanto de cor de rosa e de purpurinas e agora de azul "porque é a tua cor preferida, mamã." dizes-me ao ouvido.
Que nem vestido de seda que nunca vesti. És o vestido de seda que nunca vesti.
E para ti alargo os meus braços, multiplico os meus beijos, recebo-te com todos os defeitos porque em ti parecem perfeitos.
Cinco anos de ti, parece que foi ontem que te desejei rapaz e agora tenho o coração cheio de amor  por uma menina!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Já devia saber e agradeço a preocupação.

Macaquito fez a sua incursão semanal a território inimigo, que é como quem diz, a casa. Tento convencê-lo a ficar mais um dia que o costume para comemorar os anos da irmã, negociações frustradas.
-Gosto muito da mana mas não gosto de cantar os parabéns, tu sabes mamã. Olha, compro-lhe uma boneca das Winx, ela fica contente e assim volto para o meu avô que ele precisa de mim. Eu é que sou o ajudante!
-Sabes a mana quer um bolo do Frozen com cinco velas, cinco velas já é difícil para ela soprar sozinha, se calhar ficavas para seres o ajudante dela.- continuo na tentativa de o convencer.
-Não é preciso mamã, ela consegue. Macaquita, o bolo vais ser da Elsa ou da Hanna?-percebo aqui a sua intenção de desviar o assunto.
-Da Elsa, da Hanna e do Olaf mas eu é que vou comer a Elsa!
-Mas tu gostas tanto dela?! - não se comem os personagens favoritos, onde é que já se viu?!
-Mamã, o bolo da mana é sem glúten?
-Não mas vou fazer o bolo de cenoura que tu adoras, para poderes comer na festa.- tinha a certeza que o ia conquistar pela barriga.
-Não te preocupes, eu vou para casa do avô e não precisas de ter trabalho comigo, deves ter muitas coisas para fazer!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Ver mais longe

Os meus pais sempre moraram na mesma rua, a vizinhança é antiga, conheço a maioria deles desde muito pequena apesar de não me recordar dos seus nomes. Há uma senhora que mora na mesma pequenina casa desde sempre e desde sempre que me lembro de a ver à janela, sempre na mesma janela e sempre com o mesmo sorriso. Todas as pessoas que passam lhe dizem sempre bom dia e ela agradece sempre com as mesmas palavras. Não a vejo diferente daquilo que era há trinta anos atrás, tirando a alvura no cabelo que usa com o mesmo penteado e as rugas mais profundas, dela nada sei a não ser o nome, não lhe conheço marido ou filhos, apenas o seu rosto emoldurado naquela janela.
Macaquito  vai todos os dias de manhã com o avô buscar o pão e passa sempre naquela janela e sempre que lá passa conversa com a Dona Palmira. Não lhe diz apenas  bom dia, conversa com ela, faz-lhe perguntas e sabe com certeza mais sobre a Dona Palmira que qualquer outra pessoa que more naquela rua, mais que do que eu ou mais do que os avós que sempre ali moraram.
Numa altura em que ainda havia aulas e macaquito esteve algum tempo sem lá ir, passou-se uma história bonita. Macaquito passa de manhã com o avô e apressa-se a chegar à janela da Dona Palmira.
-Bom dia Dona Palmira, como está? Tem uns óculos novos!
-Olá macaquito, tenho estes óculos há mais de um mês, foste o único a reparar... - disse-lhe embevecida e ternurenta. 
Fiquei triste quando a minha mãe me contou esta história, estou sempre a pedir a macaquito que me olhe nos olhos quando falo com ele, que olhe para as pessoas quando fala com elas e depois percebo que ele vê muito mais longe do que o olhar, ao contrário de nós que olhamos para as pessoas e não as vemos, mesmo que elas estejam sempre à janela, sempre com o mesmo sorriso. É sorrir de tristeza, é de certeza.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Saio de mansinho...

Os filhos nascem todos com um dom ou poder, vou chamar-lhe antes poder que é uma palavra muito em voga cá por casa. Os filhos têm o poder de nos colocar em situações muito embaraçosas. Macaquito consegue bater a maioria aos pontos porque, tal como a maioria das crianças no espectro, não consegue filtrar o que diz, não distingue muito bem a  linguagem não literal como o humor, a provocação, a ironia, o sarcasmo, etc. Não entende também porque não pode ser sincero em determinadas situações. 
Eu tenho um problema com fatos de treino e peças do género. Não uso, não visto nos miúdos, excepto em dias de ginástica e apenas a parte de baixo. Conjuntinhos a fazer pandam, não são a minha praia, Calções de algodão, ahhhhhhhhhhhhhh abomino. Portanto, no dia em que alguém ofereceu um conjunto de algodão, calção e t-shirt a macaquito, ainda por cima com gosto e cores duvidosas, eu imediatamente passei aquilo para a gaveta dos pijamas. 
E macaquito adorava o horrível pijama amarelo com flores vermelhas.
Uma bela manhã, ao chegarmos à creche, entra um menino vestido com um fatinho igual ao dele, macaquito corre na direcção do pai da criança e pergunta:
-Porque é que o T. traz o meu pijama vestido?

terça-feira, 7 de julho de 2015

É karma, só pode ser.

Fui levar macaquita para passar o dia com uma prima da mesma idade, ia ansiosa, desde ontem que só falava na piscina e nas bonecas do Frozen que a prima tem e dão para vestir e despir. No caminho para lá, uma fila enorme de carros abrandava-nos a viagem numa estrada que é curva e contracurva, no início da fila, claro, um papa-reformas.
-Vá mamã, vai mais depressa, nunca mais chegamos!
-Macaquita não dá ou queres que passe por cima dos outros carros? Não vês que vai ali um papa-reformas muito devagarinho? Tens de ter paciência.
Resmungava sozinha sobre os malditos carros enquanto a fila ia encurtando à minha frente, quando fico na traseira do dito-cujo Macaquita apercebe-se do carro.
-Ó mãe, tu não vês que é um carro bebé, é por isso que vai devagarinho.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Se faz favor...

Acho que já falei aqui de rotinas, fazem parte da vida de macaquito e consequentemente da nossa. Por vezes é cansativo, dado que quando mudamos qualquer coisa já enraizada no dia-a-dia dele é quase uma crise nuclear. Outras vezes é bem divertido, a história que agora conto é apenas embaraçosa.

Fazemos uma vida quase normal, igual a tantas outras pessoas que têm filhos mas gostam de sair e beber um copo com os amigos. Muitas vezes, que é o mesmo que dizer quase sempre, temos de levar macaquitos connosco. Macaquito memoriza tudo ou quase tudo o que lhe interessa, portanto sabe exactamente quem bebe o quê. Fulano A bebe mini, fulano B média mas Superbock, já o C é média Sagres, etc, etc. (não sei porque é que isto lhe desperta a atenção!!)
Um dia qualquer, macaquito devia ter uns 4/5 anos, saí com eles de manhã e tive a infeliz ideia de ir beber café ao sítio onde costumamos ir à noite. Sentei-me na esplanada, 8:30 da manhã e peço-lhe que vá lá dentro pedir um café para mim, "Não te esqueças de pedir por favor". Macaquito chega à porta e grita bem alto para toda a gente ouvir:
-É UMA MINI PARA A MÃE! SAGRES, SE FAZ FAVOR!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Em jeito de agradecimento

Os conselhos da Mais Picante já estão a dar frutos, macaquita chora convulsivamente ao som de Bach, diz que prefere o Festival do Panda mas não, não posso consentir. Até já lhe disse que há meninos da idade dela a escrever a Identidade de Euler.
-Hein?! -responde-me um pouco descrente.
-É verdade, verdadinha. Não me digas que queres acabar como eu a escrever em blogs?
Como tal, ao fim de apenas dois dias, tenho aqui a prova de que as crianças se bem estimuladas conseguem tudo, querem ver? Querem? Querem? Claro que querem!!

Este jogo consiste em escrever as palavras representadas na imagem.
Garanto-vos que foi macaquita quem completou todas as palavras recusando liminarmente a ajuda do irmão. E ela só tem quatro anos (quase 5 mas isso não interessa nada, se não serve para as vacinas também não servirá para medir QIs, não é NM?).

Cada letra tem uma combinação única, apenas encaixam se estiverem correctamente colocadas.                                          
Tenho de lhe dar crédito por ter percebido isso sozinha, ou não?    



Com macaquito a luta será mais difícil mas ainda chegará o dia em que conseguirei posts patrocinados (como a Palmier, que enfia latas de tinta na cabeça com umas tretas de que vai acabar com o blog mas no fundo toda a gente sabe que ela está a receber balúrdios em tinta só por causa daquele post!) e que não me fará passar mais vergonhas como aquela que descreverei em breve. Provavelmente no próximo post...


Post escrito em parceria com a avó...... (e o avô, o pai e alguns tios, cá por casa somos todos pouco dotados, por isso, faz-se o que se pode!!)