Macaquito terminou de almoçar e perguntou se podia levantar-se da mesa, disse-lhe que sim e enquanto corria para a rua pediu-me que lhe arranjasse queijo. Observava-o da janela da cozinha enquanto brincava no baloiço, quando olho de novo reparo que estava junto das gaiolas a fazer qualquer coisa que as árvores me impediam de perceber. Passado pouco tempo, aparece esbaforido.
-As galinhas estão soltas, não sei o que aconteceu. - fala muito depressa. O bisavô começa a refilar.
-Já abriste a capoeira outra vez.
-Não fui eu, já estavam abertas. Ó mãe, já arranjaste o meu queijo? Tenho de ir à procura da terceira galinha. - pegou no queijo e saiu mais uma vez a correr. O avô paterno ainda vai a tempo de lhe dizer que foi ele quem abriu as galinhas.
-Deixa-as andar soltas. - gritou-lhe dentro de casa.
Continuo a espreitá-lo, parece doido a correr de um lado para o outro com um pau na mão. As conversas continuam à mesa até quase nos esquecermos dele. Até que irrompe de novo a correr.
-Já encontrei a terceira galinha. Está lá atrás do outro portão.
-Mas afinal quantas galinhas são? - pergunto, achando que eram mais.
-Quatro. - responde-me o meu sogro. Macaquito fica com um ar intrigado ao ouvir a resposta do avô.
-Tenho de ir à procura da quarta galinha. - diz e desaparece porta fora.
Rimo-nos todos, excepto o bisavô que, nos seus quase noventa anos, já não tem paciência para todas as tropelias dos miúdos, de vez em quando muda o fecho das capoeiras um pouco mais para cima mas macaquito continua a crescer e a abri-las uma a uma. Passado algum tempo, a porta abre com força.
-Missão cumprida! Encontrei a quarta galinha e estão todas fechadas na capoeira.
Suponho que não haja ovos nos próximos dias, de tão traumatizadas que as bichas estão, devem ter corrido a maratona à frente dele e do pau.
Não, não foi nada mau o Natal e as azevias também estavam boas!