quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Desejos

De férias com os avós há sempre passeios divertidos, desta vez, o Borboletário. Ao telefone perguntei a cada um deles o que achou.
-Vi borboletas e os ovos que pareciam pedras e lagartas, mãe. Sabes que as borboletas primeiro são lagartas? Também havia casulos branquinhos e vi casulos cheios de borboletas e outros abertos porque as borboletas já tinham saído. E vi casulos verdes, verdes como o Sporting... - macaquita falou entusiasmada, descrevendo maravilhada tudo o que viu.
-E tu macaquito, que fizeste hoje?
-Fui ver borboletas. Mas assustei-as porque estava farto e não me apetecia estar lá. 
Macaquita viveu todo o ciclo e chegou a borboleta, cheirou as flores, consumiu o néctar. Já ele, ficou ali pela fase larvar, dentro do casulo ansiando um final qualquer. Tem dias assim, são esses que me trazem angústia.
O meu desejo, não para o ano mas para a vida, é voarmos todos juntos com asas de borboleta. 







terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Os piropos de macaquito

Macaquito pediu-me que o fosse levar ao trabalho do pai, este tinha prometido que o levava mas como saiu cedo, estava frio e o miúdo ferrado, não teve coragem de o acordar. Claro que assim que acordou ficou desolado (termo que utiliza amiúde) e eu lá fui levá-lo. 
Quando chegou vai ter comigo ao quarto e diz-me num sussurro:
-Mamã, tenho uma coisa para te dizer. 
-E porque é que estás a falar baixinho? - perguntei no mesmo tom.
-É um segredo meu e do pai, ele disse para não te contar.
-Então não devias contar.
-Mas eu tenho de dizer. - insistiu torcendo as mão em desespero.
-Ok, então se tens mesmo de contar, eu não digo ao pai mas não te esqueças que é um segredo vosso. Decide lá como queres fazer.
-Sabes, eu vi popós grandes. - sussurrou de novo e ria-se nervoso. Fingi que não percebi mas a expressão é antiga lá por casa.
-Popós grandes? Pareces um bebé a falar, não te estou a perceber.
-Popós grandes são G A J A S. - ria muito enquanto soletrava. - O pai é que disse.
-O pai tem razão, há segredos que devem ficar entre vós os dois.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

4 gerações à mesa

Macaquito terminou de almoçar e perguntou se podia levantar-se da mesa, disse-lhe que sim e enquanto corria para a rua pediu-me que lhe arranjasse queijo. Observava-o da janela da cozinha enquanto brincava no baloiço, quando olho de novo reparo que estava junto das gaiolas a fazer qualquer coisa que as árvores me impediam de perceber. Passado pouco tempo, aparece esbaforido.
-As galinhas estão soltas, não sei o que aconteceu. - fala muito depressa. O bisavô começa a refilar.
-Já abriste a capoeira outra vez.
-Não fui eu, já estavam abertas. Ó mãe, já arranjaste o meu queijo? Tenho de ir à procura da terceira galinha. - pegou no queijo e saiu mais uma vez a correr. O avô paterno ainda vai a tempo de lhe dizer que foi ele quem abriu as galinhas.
-Deixa-as andar soltas. - gritou-lhe dentro de casa.
Continuo a espreitá-lo, parece doido a correr de um lado para o outro com um pau na mão. As conversas continuam à mesa até quase nos esquecermos dele. Até que irrompe de novo a correr.
-Já encontrei a terceira galinha. Está lá atrás do outro portão.
-Mas afinal quantas galinhas são? - pergunto, achando que eram mais.
-Quatro. - responde-me o meu sogro. Macaquito fica com um ar intrigado ao ouvir a resposta do avô.
-Tenho de ir à procura da quarta galinha. - diz e desaparece porta fora.
Rimo-nos todos, excepto o bisavô que, nos seus quase noventa anos, já não tem paciência para todas as tropelias dos miúdos, de vez em quando muda o fecho das capoeiras um pouco mais para cima mas macaquito continua a crescer e a abri-las uma a uma. Passado algum tempo, a porta abre com força.
-Missão cumprida! Encontrei a quarta galinha e estão todas fechadas na capoeira.
Suponho que não haja ovos nos próximos dias, de tão traumatizadas que as bichas estão, devem ter corrido a maratona à frente dele e do pau.

Não, não foi nada mau o Natal e as azevias também estavam boas!


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Feliz Natal

Quando olho para esta foto lembro-me de um dia particularmente feliz. Partilho-a aqui convosco e imbuída de espírito natalício, digo-vos que as melhores coisas da vida não são coisas...
São azevias!! 

E como também acho que isto não são só blogs, que há pessoas que me abraçam desse lado de lá e me enchem o coração apenas com letras, letras essas que quando as junto são beijos e abraços:
Feliz Natal Loira, Uva, Linda, Ente, Mirone, Xaxia, Palmier, Me, NM, Filomena, T2, CN, POC e todos aqueles que em dias bons e maus me deixaram uma bananita ali nos comentários.
Adeus, desligo-me do mundo durante quatro dias que macaquitos precisam da mamã Natal e eu preciso de comer azevias!!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Perfeccionismo

Festa de Natal da academia, chegámos e passado poucos segundos perdi macaquito de vista, pergunto por ele na sala onde os preparavam para o musical que iam apresentar, não estava. Volto à rua, encontro pai macaco e o avô que me dizem que ele não podia ter passado por ali, tinha de estar lá dentro, volto e encontro uma das educadoras.
-Viu macaquito?
-Sim, está lá dentro a chorar.
-A chorar? Mas porquê? Estava tão bem-disposto.
-Diz que não sabe tocar violino.
Rimo-nos as duas. 
Ia fazer de romeno na peça e tinha de tocar violino mas era tudo por mímica, entrou em pânico porque não sabia tocar. 
Depois, em palco, fez tudo o que lhe competia com lágrimas a correr cara abaixo, no final da parte dele correu para o meu colo, onde se acalmou aos poucos. Quando tudo terminou, voltou ao palco, roubou o microfone e disse na voz mais calma e doce:
-Muito obrigado a todos por terem vindo assistir a este lindo espectáculo.
A lágrima agora era minha e as palmas foram todas para ele.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

...

A caminho de Lisboa, na autoestrada e após as portagens o trânsito estava um pouco mais lento, mesmo assim dava para conduzir na casa dos 100 km/h. Macaquito enumerava todos os carros pelas marcas e tentava ao mesmo tempo identificar o modelo. 
-Tenho de encontrar um Hyundai. - dizia-me entusiasmado
Continuou durante muito tempo, a dada altura o trânsito intensificou-se um pouco e começa aquele corre-corre de carros a mudar dumas faixas para as outras.
-Peugeot, Citroen, Audi, Toyota, outro Renault e uma Partner.... ainda não vi um Hyundai, tenho mesmo de encontrar um Hyundai.
-Tens de prestar atenção mas se eu vir algum, aviso.
-Olha mãe, já passámos por este, matrícula *33-25-QD é um Peugeot, como é que é possível ele estar aqui outra vez!!
Como é que é possível, pergunto eu, na azáfama de procurar um Hyundai, de ter enumerado as marcas e modelos de mais de 100 carros, ainda ter tempo e memória para decorar as matrículas??



*provavelmente a matrícula não será exactamente esta mas não tenho memória de macaquito, a minha está ao nível do peixe!!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pintinhas

Enquanto esperávamos o pai, num cafézito perto do escritório, passa uma rapariga com 2 cães de raça dálmata. Macaquita corre para eles para fazer umas festas e macaquito corre no sentido inverso para se esconder no meu colo.
-Mãaaaaeeee,  protege-me!
-Não tenhas medo, são mansinhos, tu já conheces a Arica.
Levanta-se e aproxima-se um pouco.
-Como se chama o outro?
-Pongo. - responde a dona dos cães - Queres fazer uma festinha?
-Não, não, nem pensar, está cheio de carraças.
Referia-se às pintas pretas que no cão eram mesmo muito pequeninas. Risada geral na esplanada, excepto da dona do cão que não percebeu e ficou com um ar bastante ofendido.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nada de misturas

Quando sai da escola macaquito vai para a academia (ATL/centro de estudos) e por lá tem uns quantos cantos onde gosta de se esconder do resto do mundo e onde brinca sozinho. Um dia destes a A., professora de apoio da unidade de autismo da escola primária, foi lá buscar um familiar. Não é habitual e por isso quando a viu lá, macaquito continuou enfiado debaixo da estante de livros que se assemelha a um carro.
Uma das professoras da academia ao vê-lo lá, chama-o e diz-lhe que está ali a A. que já tinha passado por ele duas vezes sem se aperceber da sua presença.
-Então macaquito, estás aí escondido e não me dizias nada? Não me vens dar um beijinho?
-Não, vai lá, podes ir embora, hoje dou-te o dia livre.
Respondeu-lhe sem pôr sequer o nariz de fora, não fosse ela lembrar-se de o pôr a trabalhar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Não tem nada a ver mas tenho de partilhar

Li isto hoje de manhã e ainda não consegui parar de rir:

".....depois de experimentar de-me um fio de beque p.f. Obrigada"